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AUXÍLIO EMERGENCIAL: Beneficiários podem pagar compras na Coop sem sacar dinheiro

São Paulo (27/5/20) – Como forma de contribuir ainda mais com a comunidade onde está inserida, principalmente neste momento de pandemia e distanciamento social, a Coop - Cooperativa de Consumo está aceitando o cartão do Auxílio Emergencial como forma de pagamento das compras. O benefício pode ser usado nas 32 lojas de supermercados e 56 drogarias da rede.

De acordo com a coordenadora de Tesouraria, Valéria Marquiotti, essa modalidade de pagamento é fruto de uma parceria com a Cielo.

Para fazer uso do benefício, o cooperado ou cliente deve informar o meio de pagamento para o operador de caixa. Esta solução facilita muito para os beneficiários, evitando que enfrentem longas filas para sacar o recurso nos bancos e o risco de contaminação, explica Valéria Marquiotti. (Fonte: Coop)

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Aprenda a fazer AGO digital

Brasília (15/5/20) - As cooperativas estão passando por vários processos de adaptação que vieram com as exigências de isolamento social. Um deles é sobre a realização das suas Assembleias Gerais Ordinárias (AGO), que a partir deste ano poderão acontecer no formato semipresencial e em ambiente virtual. E esse é o tema do quarto e-book da série Inovando na Crise.

Em uma situação “normal”, as AGOs acontecem anualmente, até o final do mês de março para as cooperativas no geral, ou até o final de abril para as cooperativas de crédito. Este ano, devido à pandemia, as assembleias poderão ser realizadas até o final do mês de julho. Além disso, também foi regulamentada recentemente a possibilidade de promover esse tipo de reunião on-line, por meio de aplicativo próprio para isso.

Com o título Como realizar assembleias digitais, o nosso novo guia traz informações sobre legislação, o passo a passo para organizar as reuniões virtualmente e qual plataforma é mais indicada para sua realização.

Para baixar o e-book, clique aqui.


Nossa série – “Inovação na Crise”

A série com 10 mini-guias vai ajudar a sua cooperativa a inovar e impulsionar os negócios durante e após a crise. Clique aqui e acesse os e-books que já estão disponíveis!

"Inovação em tempos de crise"

Brasília, 24/4/2020 - "O mundo não vai ser mais o mesmo... e nem nós!". A declaração, em tom de esperança, norteou a conversa na tarde desta sexta-feira (24) numa live promovida pelo Sistema OCB. Tendo como gancho o tema INOVAÇÃO, o bate-papo reuniu representantes de duas cooperativas com cases de sucesso neste momento de crise:. Evaldo Moreira, da Coopmetro, cooperativa do ramo transporte, com sede em Minas Gerais - e representante nacional do ramo Transporte no Sistema OCB; e Jefferson Beck, da Central de Cooperativas Ailos, do ramo crédito, com sede em Santa Catarina.

Com moderação da coordenadora de processos do Sistema OCB, Samara Araujo, o bate-papo trouxe aos espectadores as experiências das duas cooperativas neste momento em que as empresas estão precisando se reinventar. A Coopmetro percebeu a importância do e-commerce e botou em prática um projeto piloto utilizando os cooperados para fazer pequenas entregas. A plataforma, que começou de forma local, hoje já está em cinco estados. "Tivemos que nos reiventar, estávamos todos parados. E, com intercooperação, estamos conseguindo criar novas relações de trabalho", afirmou Evaldo Moreira. Vale destacar: a Coopmetro é uma cooperativa de transporte, do setor de cargas, e se uniu a cooperativas de transporte de passageiros (taxistas) para, mais do que superar o momento, aproveitar essa oportunidade.

Pesquisas têm mostrado mudanças importantes de comportamento das pessoas, que estão passando mais horas na internet, consumindo mais nas plataformas de e-commerce e utilizando mais os serviços de delivery. Comportamento que tende a se manter pós pandemia. 

A central de cooperativas de crédito Ailos, que reúne 13 coops de SC, também viu a necessidade de atuar neste momento. Entendendo que a situação deles era "um pouco mais tranquila", com alguns processos funcionando normalmente, a Ailos começou a olhar para a comunidade. Avaliando o cenário das cidades onde atua, a Central percebeu que havia uma lacuna entre "cooperados fechados" e "comunidade precisando consumir". Com isso resolveram perguntar aos próprios cooperados: "Como podemos usar o cooperativismo como plataforma para apoiar e alavancar os negócios que estão por aí?". Das respostas, surgiram várias micro ações, colocadas em prática quase que de imediato. "Começamos a divulgar cooperados que estavam atendendo por meio de uma plataforma de marketplace. Um projeto que estávamos prevendo só para 2021, mas que foi acelerado pela crise", comentou Jefferson Beck.

Os dois cases reúnem características comum: se aproveitaram da essência da cooperativa para atender a uma necessidade do entorno e inovar; e a utilização de parcerias, de intercooperação, que são fundamentais para dar capilaridade e incrementar volume às negociações. E como mencionou o representante da Ailos: "inovação não tem necessariamente a ver com recursos tecnológicos. A tecnologia é uma ferramenta, mas o segredo está nas conexões, nas adaptações necessárias".

Desde o 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo, onde inovação e intercooperação se mostraram prioridades no pensamento das lideranças cooperativistas, o Sistema OCB tem trabalhado para desenvolver uma ferramenta de apoio às negociações das coops. Temos trabalhado nestes temas desde então. E, a crise, atuando como catalisadora de processos - fez sair do papel o "Coopera Brasil", um programa que viabilizar conexões entre cooperativas para fecharem negócios. Já está circulando um formulário para que as coops interessadas preencham e entrem para o Coopera Brasil. Detalhes sobre o projeto você confere AQUI!

Se você não acompanhou a live, pode assistir pelo canal do Sistema OCB no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=aM_2vKD0E_0

Coops de Saúde estão entre as melhores do país

Brasília (27/3/20) – Em meio à pandemia causada pelo coronavírus, nada melhor do que ter a certeza de que as cooperativas de saúde estão preparadas para atender aos seus beneficiários. E não é de hoje. A Agência Nacional de Saúde Suplementar acaba de divulgar o resultado do Índice de Desempenho das operadoras, que faz parte do Programa de Qualificação das Operadoras 2019 (ano-base 2018). A iniciativa tem o objetivo de estimular a qualidade dos planos de saúde no país. Das dez operadoras com melhor desempenho, oito são do Sistema Unimed. Confira:

 

- Unimed de Santa Barbara D'Oeste e Americana

- Unimed Encosta da Serra/RS

- Unimed de Piracicaba

- Unimed Vitória

- Unimed Seguros Saúde

- Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo

- Unimed Pato Branco

- Unimed Belo Horizonte

 

Vale dizer, também que, considerando a modalidade das operadoras, o cooperativismo médico se destacou com a segunda maior média entre todas as modalidades, atrás apenas das seguradoras especializadas em saúde. 

 

SOBRE O ÍNDICE

O Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) permite a comparação entre operadoras, estimulando a disseminação de informações de forma transparente, a redução da assimetria de informação e a ampliação da concorrência no setor.

Na plataforma eletrônica de divulgação, os resultados são apresentados por operadora, incluindo as opções de seleção por segmento (médico-hospitalar ou odontológica), faixa de avaliação e possibilidade de comparar na mesma tela os resultados das empresas. Além disso, estão disponíveis no portal da ANS diversos relatórios consolidados, incluindo o histórico dos resultados do IDSS por operadora desde o ano-base 2008. Acesse aqui os resultados.

O IDSS geral do ano-base 2018 foi de 0,7691, sendo 1,0 a nota máxima de desempenho, e zero a nota mínima, de acordo com os resultados do Programa. O resultado é apurado através do cálculo da média ponderada dos índices de desempenho de todas as operadoras. Das 1.001 operadoras avaliadas em 2018, 869 atenderam aos requisitos para a divulgação dos resultados.

É importante ressaltar que, desde o ano-base 2017, o Programa utiliza, como fonte de dados da maior parte dos indicadores o TISS – Troca de Informações na Saúde Suplementar, um padrão de trocas eletrônicas de dados de atenção à saúde. De acordo com o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar, “a utilização do Padrão TISS ampliou o escopo do Programa e introduziu novos indicadores, o que permitiu a melhor avaliação do desempenho das operadoras, em particular, em seus aspectos assistenciais”.

Além disso, para o ano-base 2018, a ANS introduziu também indicadores que avaliaram aspectos estratégicos da regulação, como a avaliação do reajuste aplicado aos planos coletivos e a comercialização de planos individuais. Os resultados apontaram que 40% das operadoras apresentaram reajustes de planos coletivos sem grandes disparidades e próximos à média do setor; e que 27,57% do total de operadoras (médico-hospitalares e odontológicas) apresentaram crescimento da carteira em planos individuais. Entre as operadoras do segmento odontológico, 41% foram bonificadas. Entretanto, entre as médico-hospitalares, apenas 23% foram pontuadas, demonstrando que esse ainda é um desafio para este segmento.

Para o ano-base de 2018, o Programa continua com quatro dimensões e é composto por um total de 32 indicadores, dos quais 19 utilizam dados extraídos do Padrão TISS, que melhor discriminam o desempenho das operadoras em seus aspectos assistenciais.

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Flexibilidade e boa governança determinam o sucesso dos bancos

Gerente do primeiro escritório do Sicredi, Josef Neumann Sênior, em 1903.


Brasília (28/2/20) – Inúmeros planos econômicos e trocas de moeda, hiperinflação, entrada de competidores estrangeiros, drásticas mudanças tecnológicas, sem falar no advento das fintechs. Desde que o primeiro banco, o Banco do Brasil, surgiu em 1808, o país viu muitas instituições públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, entrarem e saírem de cena.

Muitas sucumbiram à má gestão e às dificuldades financeiras, outras foram adquiridas por bancos maiores. Mas há aquelas que se reinventaram e permanecem, depois de mais de cem anos, entre as mais importantes do país.

“A capacidade de se adaptar e ser flexível é fundamental para a longevidade dos bancos, porque o Brasil não é simples. Costumo brincar que é o único país em que longo prazo quer dizer 24 horas”, diz Claudio Gallina, head de instituições financeiras América Latina da Fitch Ratings. Entre os fatores determinantes para se manter no páreo, segundo ele, estão fortes investimentos em tecnologia, agilidade e melhores práticas de governança corporativa e compliance.

Com 159 anos de história e cerca de 100 milhões de clientes, a Caixa Econômica Federal fechou 2019 com lucro líquido recorrente de R$ 14,7 bilhões, 20,6% superior ao ano anterior. O lucro contábil, por sua vez, alcançou R$ 21,1 bilhões, 103% maior que 2018. Segundo o presidente da CEF, Pedro Guimarães, parte do resultado do lucro contábil é não recorrente e vem da venda de parte da participação da instituição em empresas como Petrobras e Banco Panamericano, além da venda de títulos públicos. Ele acrescenta que o resultado positivo também considera a retomada do foco e liderança no crédito imobiliário e redução de custos. “Teremos mais dois ou três anos de lucros não recorrentes pela venda de participações que não são o negócio principal da Caixa.”

Ele confirma a intenção de abrir o capital Caixa Asset, Caixa Cartões, Caixa Loteria e Caixa Seguridade. “Os IPOs são uma questão clara de estratégia, mas não têm data definida porque dependem de várias aprovações”, afirma o presidente da CEF.

Coordenador do curso de economia da FGV EESP, Joelson Sampaio diz que não vê como desinvestimento a forte venda de ativos de bancos públicos como a CEF. “Acredito que pode ajudar a dar mais eficiência para se concentrarem em suas atividades principais”, afirma ele.

Para Gallina, da Fitch Ratings, nos governos passados tanto a CEF quanto BB tinham mandato para aumentar o volume de crédito concedido e com isso forçar outros bancos a emprestar a juros mais baixos. “O aumento da participação dos bancos públicos no crédito foi relativamente rápido, mas a inadimplência aumentou”, diz.

Segundo Gallina, com as crises políticas e econômicas que vieram, começou a se questionar se a capitalização desses bancos seria suficiente para que eles sobrevivessem. “Por isso foi importante reduzir custos e os ativos ponderados pelo risco. Com isso, os indicadores de capital melhoraram. Com o novo mandato desses bancos, a ordem é focar nas operações mais importantes para os bancos.”

No caso de cooperativas de crédito centenárias como o Sicredi, muitas adaptações também foram necessárias para garantir a longevidade. Presente em 1.361 municípios de 22 estados, o Sicredi conta com 4 milhões de associados e iniciou sua história no final do século 19 com o padre suíço Theodor Amstad, que incentivou os agricultores do Sul do Brasil a adotar o modelo de cooperativismo de crédito, já difundido na Europa. “Na última década nossos ativos têm crescido na ordem de 20% ao ano. Temos feito investimentos massivos em tecnologia e temos abertura para atrair e conviver com startups e fintechs”, diz Manfred Dasenbrock, presidente da SicrediPar, da Central Sicredi PR/SP/RJ e membro do Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito. “Neste ano prevemos abertura de novas agencias em São Paulo, incluindo a capital, e em Minas Gerais”, afirma Dasenbrock.

 

 

Fonte: Valor Econômico

Por Adriana Carvalho

28/2/2020

Criatividade é ferramenta para solução de problemas

Foto: Assessoria Sistema Ocepar/Visionart

Curitiba (4/3/20) - No mundo de hoje, ser criativo tornou-se fundamental. Mas a simples ideia de que ‘o pensar de forma diferente’, ‘fora da caixa’, está entre as competências mais exigidas no ambiente corporativo, tem causado ansiedade em muita gente.  Se você se inclui nesse grupo, saiba que há solução para isso. Quem garante é o ator, diretor e dramaturgo Marcio Ballas.

Ao conversar com a assessoria de Comunicação do Sistema Ocepar, logo de cara Marcio Ballas mandou um recado: “Todo mundo é criativo. A gente já nasce assim. Isso já vem de fábrica!”

Se estamos falando de algo que é inato do ser humano, por que ao longo da vida deixamos essa habilidade de lado? “Crescemos e adotamos um padrão social que dita formas de comportamento. Deixamos o nosso lado criativo adormecido. Ficamos sérios o tempo todo. Então, a primeira coisa é mudar nosso mapa mental, dizendo ‘sim” eu sou criativo. E depois é exercitar”, disse.

Pioneiro e maior referência da arte do improviso no Brasil, Márcio Ballas viveu em Paris onde estudou na École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq. Apresentou-se com os “Palhaços Sem Fronteiras” franceses na África e em campos de refugiados durante a guerra do Kosovo. Foi campeão mundial de improviso no Festival Internacional de Bogotá. No Brasil, trabalhou como palhaço em hospitais na equipe dos “Doutores da Alegria”. Foi apresentador do “É Tudo Improviso”, na TV Band, “Cante se Puder” e “Esse Artista Sou Eu”, no SBT. Diretor artístico da Casa do Humor, está em cartaz com a “Noite de Improviso”, no Comedians Club, em São Paulo.

Tanta experiência lhe rendeu convites para ministrar palestras no meio corporativo. Desde então, tem percorrido o país ensinando ferramentas para desenvolver a criatividade e difundindo o conceito capaSIMtação, criado por ele. 

 

Como iniciou sua carreira de palhaço profissional?

Meu pai faleceu quando eu tinha 17 anos e assumi a pequena papelaria da família. Dez anos depois, aos 27 anos, resolvi mudar de carreira, deixar o comércio. Decidi ser palhaço profissional.

Fui para Paris para estudar na École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq. Morei três anos na França.  Lá, conheci os Palhaços sem Fronteiras franceses, uma associação que faz espetáculos em lugares de conflitos e guerras. Participei de duas missões com eles, uma em Madagascar (África) e outra em campos de refugiados, na guerra do Kosovo. Foi uma experiência humanamente muito impactante e artisticamente também. Éramos recebidos de uma forma muito emocionante e para conseguir realizar o espetáculo, tínhamos que improvisar bastante. 

De volta ao Brasil, passei em uma seleção para os “Doutores da Alegria”, que é um trabalho remunerado. Concorri com 400 pessoas. Fiquei feliz porque foi minha primeira experiência como palhaço profissional no meu país.

 

E como foi parar na TV?

Não esperava por esse convite. Fiquei bem feliz e apreensivo, porque era uma experiência totalmente nova, inclusive para o público. Tudo foi pioneiro, diferente, muito novo. Apresentei o programa “É Tudo Improviso” na Rede Bandeirantes, hoje em reapresentação no canal TBS. Depois fui para o SBT como apresentador do programa “Cante Se Puder”, no SBT, com Patrícia Abravanel. Participei do programa “Os Incríveis” no canal National Geographics, e apresentei os programas “Esse Artista Sou Eu” no SBT, e “America’s Funniest Vídeos Brasil” no canal TBS.

Participar de programas de TV foi uma maneira de fazer com que a arte do improviso fosse difundida no Brasil.

 

O que empresas e profissionais podem aprender com a profissão de palhaço?

O palhaço vive o presente, o aqui agora, trabalha com o que tem em mãos no momento, tendo como princípio relacionar-se, jogar com o outro a partir de situações que vão acontecendo ao longo da cena. O paralelo disso com o mundo corporativo é que um time cocriador também tem que usar o que tem em mãos, com o que lhe é dado, e sempre com a postura de trabalhar junto, entendendo que o outro é diferente de mim e que isso é bom para o processo criativo.  Diversidade num mesmo time, faz com que a capacidade criativa seja maior. São mais ideias, insights e mais impulsos diferentes. A capacidade de gerar ideias vai ser maior.

 

Criatividade é uma das palavras do momento. Mas por que as pessoas e as empresas precisam ser criativas?

Escuto sempre isso.  Criatividade nada mais é do que uma ferramenta para solução de problemas. E quem tem problemas? Todos nós, seja na vida pessoal ou profissional. Uma mãe, por exemplo, que precisa dar brócolis para o filho. E me diga: qual criança pequena gosta de brócolis? E não adianta a mãe explicar racionalmente para a criança que brócolis tem vitaminas e tantas outras coisas. Ela tem que achar uma solução criativa. E aí começa o jogo: ‘Lá vem o aviãozinho!” E a criança não abre a boca. Muda para: “Ah, eu sou o Hulk brócolis, abre a caverna (neste caso a boca)”. E nada acontece. Aí muda novamente: “A Pepa brócolis chegou, ei... George, abre a boca!” E assim segue tentando até a criança aceitar experimentar.

Essa mãe recorre a uma solução criativa para resolver um problema. A mesma coisa vale para o trabalho da gente. Quantos problemas vocês se deparam diariamente em suas cooperativas, no trabalho, no relacionamento com seus públicos?

Alguém pode até falar: “Ballas, para a maior parte dos problemas a gente já tem a solução. É só continuar fazendo o que sempre foi feito.” É verdade, ou melhor, é quase verdade. Quantos problemas a gente achou a solução lá atrás, mas, com essa coisa do mundo mudar muito rápido, precisamos achar outro caminho? Muitas receitas não se aplicam mais. Funcionou até agora, mas o mundo está em transformação, então precisamos achar novas soluções para resolver velhos problemas. É aí que entra a nossa capacidade criativa. É aí que entra a necessidade de usar o outro lado do nosso cérebro.

 

Criatividade é um dom?

De jeito nenhum. Há alguns equívocos quando se fala em criatividade. O primeiro é que a maioria das pessoas dão para si notas menores do que realmente merecem. Se numa escala de 0 a 10, você diz que é 5 em criatividade, pode acrescentar de 1 a 3 pontos para cima, sem medo de errar. O segundo equívoco é justamente pensar que criatividade é um dom, ou seja, só algumas pessoas têm e, por conta disso, está restrita à uma área de atuação, como arte, marketing e publicidade. Frequentemente escuto: vocês são artistas, têm o dom, são criativos. Esquece isso!

 O ser humano nasce espontâneo e criativo. Não tem outro jeito. Isso já vem de fábrica. É só lembrar de você pequeno. Quanta espontaneidade e imaginação você tinha! Dê um passador de slides para uma criança de 4 anos e logo ela estará brincando. Nas mãos de uma criança, um passador de slides pode virar qualquer coisa, de um avião, que vai invadir o terreno do inimigo, a um unicórnio bonitinho, fofinho. Por que uma pessoa que era 10 em criatividade, diminui essa nota quando cresce? O que acontece é que à medida que crescemos, adotamos padrões sociais que ditam como devemos nos comportar. O nosso lado criativo vai ficando adormecido. Ficamos sérios o tempo todo.

 

O que uma pessoa que não se acha criativa pode fazer a respeito?

A criatividade é treinável. Quando a pessoa exercita o cérebro, conexões cerebrais se formam e a criatividade se desenvolve. E como fazemos isso? De várias maneiras: conversando com pessoas diferentes, estudando e lendo sobre coisas que não fazem parte da nossa atividade profissional, mudando o roteiro que fazemos todos os dias da casa para o trabalho, entre outras tantas coisas que exercitam o cérebro.

Outra dica importante é desenvolver o olhar do “sim”, elemento que não pode faltar em nenhum processo criativo, em nenhuma cabeça criativa, em nenhum time criativo. Nesses 10 anos trabalhando com criatividade, desenvolvi um conceito chamado “capaSIMtação”, em que falo da aceitação de diferenças e da eliminação do “não” no trabalho criativo, ignorando aquela vozinha que fica falando o tempo inteiro na nossa cabeça de que isso ou aquilo não vai dar certo. Temos de mudar nosso olhar para a situação, o contexto em que estamos inseridos. Aceitar é uma atitude inteligente. Não perca tempo reclamando do que é dado a você. Use essa energia para criar. Vamos exercitar a criatividade, dizendo ‘sim’ e tirando o ‘não’ da nossa cabeça. Aceitar nada mais é do que trabalhar com o que a gente tem. Se tem um limão, faça uma torta de limão, um suflê de limão e até uma limonada.

 

Na busca por resultados, até que ponto os erros são permitidos nas empresas?

O erro faz parte do processo criativo. Quando falo em erro, não me refiro a fazer algo fora da lei e das regras, mas entender que quanto mais a gente tenta e ousa, mais sujeitos estamos de que as coisas saiam errado. Afinal, estamos experimentando e à medida que isso vai acontecendo, colhemos feedbacks e aprendemos com o que foi feito. Aí tentamos novamente e novamente, até que a inovação acontece. Boa parte das inovações surgiram de coisas que deram errado. Experimentem, errem pra valer e aprendam com os erros.

 

Hoje fala-se muito em planejamento. Onde o improviso entra no dia a dia das empresas?

Sempre que faço palestras sobre improviso e criatividade, a primeira coisa que falo é que improvisar não é fazer qualquer coisa e de qualquer jeito, fazer gambiarra. Para improvisar, a gente precisa saber muito do assunto que estamos tratando. Para conseguir subir num palco, eu tive que estudar muitos anos. Alguém que toca Jazz precisa conhecer muito bem de música para ousar, improvisar algo diferente. O mesmo vale para você, em seu dia a dia, na sua cooperativa. Você só improvisa em cima de assuntos que você conhece. Improvisar, portanto, nada mais é do que reagrupar conhecimentos e alguns elementos que a gente já tem. Trata-se de combinar coisas que já existem de uma maneira diferente.

A segunda coisa é que o improviso é uma ferramenta da criatividade. Fazendo um paralelo com o mundo corporativo, a mensagem é que improvisar é criar com o que a gente tem, jogar com o que temos em mãos na hora, na medida em que as coisas vão acontecendo.

Improvisar nada mais é do que colocar em prática a nossa capacidade de se adaptar. Temos que estar abertos para isso, porque as coisas estão mudando muito rapidamente. O mundo muda, a concorrência muda, a tecnologia muda. E nós temos que aceitar isso, dizer ‘sim’ para a mudança, e buscar novas alternativas.

 

Em suas palestras, você fala muito em cocriação. O que é isso e qual a importância para as empresas?

Cada um de nós tem uma história, uma visão, um conhecimento. E cocriação nada mais é do que juntar tudo o que sabemos e criar juntos. A cocriação aumenta exponencialmente a capacidade produtiva. Somos mais criativos juntos. Não à toa, as cooperativas funcionam bem e estão cada vez melhores, porque estão juntas.

Mas é preciso entender que num trabalho de equipe de verdade, o grupo tem que saber que todos estão no mesmo barco, possuem responsabilidades compartilhadas, cada um é protagonista e a criação é coletiva. Então, lembre-se: quando se juntar com o seu time, com a sua galera, a aceitação tem que estar por trás de tudo. 

 

Qual a relação entre a cooperação, essência do modelo cooperativista, e o seu trabalho?

Uma das bases do improviso é o trabalho cooperativo, no sentido de que cada um faz um pouco e disso tudo surge algo que é fruto do coletivo. A gente nunca fala “a minha cena foi boa” ou “a minha cena foi ruim”. Sempre é “a nossa cena”, pois foi a criação coletiva que fez tudo acontecer.

 

Qual sua mensagem para o público cooperativista?

A principal é o entendimento de que criatividade é uma ferramenta importante para a solução de problemas. Todo mundo tem problemas, em qualquer setor, em qualquer lugar. Então, busquem soluções criativas. Outra mensagem é levar um pouco desse olhar do “sim” para o dia a dia. Pensem em como podem trabalhar a aceitação de ideias em suas cooperativas, em sua vida profissional e pessoal. E lembrem-se: todo mundo é criativo. O primeiro passo para mudar nosso mindset é acreditar. Então, se a partir de agora alguém perguntar, respondam com segurança: Sim, eu sou criativo!

Uma equação que funciona

Brasília (17/2/20) – Como estão as suas finanças pessoais? Você consegue pagar as despesas fixas mensais? Sobra uma folga para gastar com lazer? Está poupando para quando deixar de trabalhar? A maioria dos brasileiros tem dificuldade para organizar bem o orçamento. De acordo com o Banco Central do Brasil, a taxa de endividamento das famílias voltou a crescer e alcançou 44,04%, em relação à renda acumulada em 12 meses em maio. É o maior nível desde abril de 2016. O dado, divulgado pela autarquia no início de agosto, é o mais recente disponível.

O cooperativismo é um modelo de negócio que estimula o empreendedorismo e a independência, mas essa equação só funciona bem se as finanças domésticas estiverem saudáveis. Pensando nisso, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e o Banco Central uniram-se para ajudar as pessoas a planejar o orçamento pessoal e familiar com o curso Gestão de Finanças Pessoais (GFP), disponível Gratuitamente desde 2016.

O curso traz estratégias para encaixar no orçamento desde as despesas básicas, como alimentação e moradia, até uma reserva para realizar os sonhos e uma poupança para se aposentar com dignidade. São cinco módulos sobre finanças:

1 – Consumo;

2 – Crédito e endividamento;

3 – Nossa relação com o dinheiro;

4 – Investimentos, seguros e aposentadoria;

5 – Orçamento pessoal e familiar.

 

Além disso, há um módulo sobre cooperativismo. “O conteúdo traz orientações sobre como definir opções de investimentos, como se preparar para a aposentadoria, como conversar com sua família sobre o melhor momento para comprar e o sobre o que comprar”, explica Geâne Ferreira, gerente de Desenvolvimento Social de Cooperativas do Sescoop. O aprendizado ocorre por meio da formação de facilitadores, ou seja, o Banco Central e as cooperativas formam pessoas que se tornam facilitadores e palestrantes encarregados de repassar esses conhecimentos adiante. Assim, a rede se torna cada vez maior e toda a comunidade é alcançada.

Geâne Ferreira destaca que a intenção ao criar a capacitação foi unir a expertise do Banco Central ao alcance das cooperativas espalhadas pelo país. “Eles [Banco Central] têm o know-how de trabalho com gestão de recursos e nós, a capilaridade. As cooperativas de crédito são, hoje, as nossas principais parceiras na execução do projeto, mas há cooperativas de outros ramos oferecendo o GFP”, informa.

Segundo a gerente, o curso e o conteúdo começaram a ser estruturados em 2013 e a formação de facilitadores teve início em 2016. Até o momento, foram finalizadas 23 turmas, totalizando 450 facilitadores. Esses “professores” já alcançaram 52.638 pessoas na ponta, com edições do curso, palestras e oficinas -- o GFP é flexível e o conteúdo pode ser adaptado para ser mais compacto.

Um total de 20 estados e o Distrito Federal tiveram ações realizadas pelos facilitadores. De acordo com Geâne Ferreira, a ideia de criação do curso nasceu da percepção de que a saúde financeira — tanto na esfera pessoal quanto na profissional — é uma só. “Para que a cooperativa vá bem, os cooperados precisam ter suas finanças pessoais em dia. Dessa forma, nós temos também cooperativas sustentáveis. Você tende a ter uma boa gestão de negócios.”

A gerente relata que os resultados em termos de comportamento após o curso são visíveis. “A gente tem relatos de pessoas que, depois que participam dos cursos, das oficinas ou palestras de educação financeira, dizem que têm outra visão. Passam a discutir as finanças com a família, definir prioridades, fazer poupança”, afirma.

 

GFP EM NÚMEROS

- 23 turmas;

- 450 facilitadores formados;

- 52.638 pessoas alcançadas com oficinas, cursos e palestras;

- 20 estados e o Distrito Federal já tiveram ações de facilitadores.

 

EF NAS ESCOLAS

Na Chapada Gaúcha, município de Minas Gerais com 10,7 mil habitantes, as escolas têm sido um dos principais canais de disseminação do conteúdo dos cursos de educação financeira. O pedagogo e facilitador Romildo José da Silva, do Sicoob Credichapada, formou-se na primeira turma do programa da cidade, em outubro de 2016.

“Foram 25 facilitadores de Chapada e Pintópolis, uma cidade próxima. Em outubro de 2017, formou-se a segunda turma. Hoje, temos 40 facilitadores capacitados e certificados pelo Sescoop e pelo Banco Central”, informa.

Como as escolas locais já tinham programas de educação cooperativista e empreendedorismo, elas foram o caminho natural para o curso de Gestão de Finanças Pessoais. “Como já tínhamos um programa com as escolas públicas, buscamos oferecer o curso aos professores. Uma questão que sempre discutimos é que, se o trabalho de educação financeira for feito com quem está em sala de aula, tem uma possibilidade muito maior de chegar à comunidade. O professor passa para o menino, e o menino chega em casa falando de educação financeira”, comenta.

Segundo Romildo, o curso começa com informações sobre o cooperativismo e, na sequência, são dados os cinco módulos de educação financeira. “Começamos com esse módulo para que as pessoas entendam o que é o cooperativismo e por que a cooperativa faz esse trabalho [de educação financeira]”, explica. Em geral, o curso para professores é realizado aos sábados.

Além do Sicoob Credichapada, a cidade tem a Cooperativa Agropecuária Pioneira (Cooapi), de produtores de semente de capim e soja, e a Cooperativa Sertão Veredas, de extrativismo de buriti, pequi e baru.

“Hoje, a gente continua capacitando professores, mas capacitamos também turmas de cooperados. Chega a acontecer de algumas pessoas formarem turmas e nos procurarem [querendo fazer o curso]. Atendemos, inclusive, pessoas que não têm relação com cooperativas. Há aquelas que, depois de fazer o curso, buscam esse vínculo. É muito comum ela vir e abrir uma conta, fazer uma aplicação financeira”, relata Romildo da Silva.

O curso de Gestão de Finanças Pessoais não é a única opção para quem quer aprender a poupar e investir na região de Chapada Gaúcha. Romildo da Silva destaca que as palestras também fazem sucesso. “Temos feito [a disseminação do conteúdo] também na modalidade palestra. Ela dura cerca de uma hora e atende bem a quem tem menos tempo. Houve um grupo no ano passado que, após fazermos a palestra, solicitou o curso completo.”

 

EAD E PEÇA DE TEATRO

O Sistema Ailos, uma rede de 13 cooperativas de crédito nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, disponibiliza o curso Gestão de Finanças Pessoais a todos os seus cooperados e, ainda, a uma rede ampliada de familiares e funcionários. A Ailos também inovou ao disponibilizar o curso em uma plataforma de Educação a Distância (EaD) — acesse por meio do QR Code nesta página.

“Gravamos este ano em EaD e disponibilizamos na nossa plataforma de ensino. É uma versão gratuita”, explica Diogo Anderson Angioletti, analista de Relacionamento com Cooperados da Central Ailos, que fica em Blumenau, Santa Catarina.

Apesar de considerar o curso presencial mais completo, Diogo afirma que a EaD é uma boa alternativa para quem tem restrições de tempo e dificuldade de deslocamento. “O curso a distância é uma entrega de conhecimento, enquanto o presencial é mais maker, mais participativo”, comenta.

De 2017 a 2019, 5.980 cooperados e 1.438 pessoas que não tinham ligação com cooperativas participaram do curso presencial. Na plataforma EaD, 158 pessoas já fizeram o curso. De acordo com Diogo Angioleti, o Sistema Ailos também fecha parcerias para levar o GFP a entidades de classe, escolas e associações.

Angioleti relata uma experiência interessante durante a realização dos cursos: a discussão de educação financeira com grupos de casais. “Começamos a chamar nossos colaboradores com o cônjuge [para falar sobre educação financeira]. Os casais tinham a oportunidade de falar sobre sonhos e até de se descobrir. Teve um casal em que um gostava de praia e o outro, de campo, e eles ficaram discutindo o que fazer [com o dinheiro poupado]”, conta.

O sucesso do curso de gestão de finanças pessoais foi tanto que se transformou até em peça de teatro em Blumenau. “O Escultur, um grupo de teatro de cooperados nossos, produziu uma peça de forma autônoma usando o conteúdo do curso”, destaca.

Na avaliação do analista da Ailos, o curso é importante por tratar da cultura de poupar, um tema em que o brasileiro ainda está engatinhando. “Nós tivemos um momento de crescimento no passado e logo depois tivemos crise, dificuldade. As pessoas não aproveitaram esse momento de crescimento para poupar, só pensaram em consumir. A gente tem que educar para pensar no longo prazo. O brasileiro é muito imediatista. Pensa em termos de 15, 30 dias, quando deveria pensar no prazo de um ano, dois anos”, comenta.

 

Fonte: Revista Saber Cooperar 

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Brasil: um parque de diversões para inovadores

Brasília (5/2/20) – Ficar na zona de conforto pode até ser tentador, mas não é a melhor saída para quem quer sobreviver a um futuro incerto e desafiador. Em um mundo acelerado e repleto de mudanças, estudar tendências e ter pensamento crítico, inteligência emocional e flexibilidade cognitiva são as exigências do profissional que quer estar à frente do seu tempo. Esse caminho também deve estar no radar das empresas e, especialmente, das nossas cooperativas.

“Não dá para pensar em inovação sozinho”, afirma Ricardo Yogui, especialista em inovação e professor da PUC-Rio. Segundo ele, a troca de experiências em comunidades de inovação é o que garante a contínua evolução de profissionais e de empresas.

“O caminho é trocar a competição pela colaboração e experimentar. A ideia deu errado? Não tem problema! Vira uma lição aprendida. O importante é não parar de experimentar”, defende.

Para Yogui, o mercado de trabalho precisará de gente apaixonada por pessoas, assim como acontece no cooperativismo. Ele aposta que o ecossistema de inovação nacional tem tudo para crescer nos próximos anos, especialmente porque ainda há muito a ser feito no país. “O Brasil é um parque de diversões para quem deseja inovar”, garante.

Cofundadora da Conferência Rethink Business, a futurista Marina Miranda acredita que as cooperativas saem na frente de muitas empresas e antecipam tendências no mundo corporativo. “O importante é participar de ecossistemas de inovação, onde aprendemos a colaborar. E as cooperativas já são colaborativas”, avalia. Ela defende que colaboradores e funcionários se apropriem do propósito das empresas em que trabalham e sejam incentivados a participar de diferentes níveis de decisão. “Funcionários precisam de um canal para extravasar suas ideias”, diz a especialista, destacando que esses fóruns podem levar a soluções inovadoras e disruptivas.

Os dois especialistas fizeram palestras no auditório do cooperativismo durante o HSM 2019, o maior evento de gestão empresarial da América Latina, realizado em São Paulo entre os dias 4 e 6 de novembro. Eles também conversaram com a reportagem da Saber Cooperar sobre suas visões de futuro, a importância da inovação dentro das corporações e o potencial disruptivo das cooperativas brasileiras. Confira:

 

Existem visões otimistas e pessimistas do futuro. Por um lado, as novas tecnologias facilitam muito as nossas vidas; por outro, teme-se que elas possam acabar substituindo o homem em algumas tarefas. Qual é a sua visão de futuro?

Ricardo Yogui: A automação vai chegar nos escritórios e gerar um impacto de 75 milhões de desempregados, mas o mundo está preocupado com isso. A indústria 4.0 é o que está provocando toda essa revolução nas empresas; no entanto, existe um movimento chamado sociedade 5.0, para minimizar os possíveis impactos negativos dessas tecnologias. A sociedade 5.0 é um movimento que começou no Japão, pensando nos efeitos colaterais da indústria 4.0 dentro da sociedade. A sociedade 5.0 visa sensibilizar a indústria, levando-a a refletir: como eu posso aproveitar essas pessoas que serão excluídas do mercado de trabalho após a automatização de processos? Essas pessoas podem se recapacitar, se reciclar e ser reinseridas dentro do contexto da sociedade. É um tema sobre o qual eu falo muito: como que a gente pode — sociedade, indústria, governo, academia — trabalhar para que isso não fique só focado no propósito de aumentar lucros e diminuir custos dentro das organizações, mas em contextualizar, para a gente ter uma sociedade melhor.

 

Marina Miranda: Minha visão não é nem pessimista nem otimista. Os desafios da humanidade vão mudando. Mas parece sempre que aquele desafio é o maior já enfrentado. E não é verdade. Houve desafios maiores. Nós tivemos guerras muito destruidoras. O que eu vejo é que a tecnologia pode tirar muitos empregos, mas existem caminhos para ajudar as pessoas a entenderem como podem manter-se relevantes para o mercado. A internet disponibiliza, por exemplo, cursos gratuitos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e de Harvard, onde você pode se especializar.

Antes não tinha isso; ou a pessoa tinha 10 mil dólares para fazer um curso do MIT, ou não tinha. Agora, não. Você tem cursos gratuitos. Então, você tem problemas? Tem. Mas as soluções também estão aqui. As pessoas estão apenas olhando para o problema e não estão atentas às coisas boas. Está mudando de emprego? Eu sento na cadeira e vou lá estudar mais, aprender mais, participar de ecossistemas de inovação. Não é só a empresa que precisa se conectar com ecossistemas de inovação; as pessoas também precisam. O mundo tem problemas sérios; contudo, também tem soluções incríveis.

 

Como o cooperativismo pode contribuir com a construção de um futuro melhor para todos?

Ricardo Yogui: É muita mudança ao mesmo tempo. É impossível fazer as coisas sozinho. Eu preciso começar a pensar como posso atuar de forma mais colaborativa. Como posso trocar experiências, conhecer pessoas novas que tenham visões complementares. Se todo mundo pensar diferente, eu consigo ter uma visão bem ampla do problema. Esse é o grande desafio: a gente trabalhar e colaborar não só com quem pensa igual, mas com quem pensa diferente. É essa diferença que trará uma visão de um lugar que eu não estou enxergando e me dará uma observação mais ampla da situação.

 

Marina Miranda: O cooperativismo faz parte dessa nova economia colaborativa, do compartilhamento de informações, da hierarquia mais fluida. As cooperativas anteciparam, em séculos, todas as megatendências do futuro.

 

Por que inovar é tão importante no mundo dos negócios?

Ricardo Yogui: As empresas e cooperativas que não estão inovando fatalmente serão os “dinossauros corporativos”. As empresas que estão fazendo mais do mesmo fatalmente irão acabar.

 

Marina Miranda: Hoje você tem uma mudança muito mais radical e muito mais intensa de tecnologias. Você pode ser o pipoqueiro, mas, se não tiver uma tecnologia — que seja usar o WhatsApp para avisar à turminha que a pipoca está pronta —, você some. Parece que só quem vai usar a inovação é quem está na Nasa, mas não; inovação tem diversas formas e está muito atrelada com algo que não é feito na sua área ou na sua região. Então, quando eu vou para o Acre, tem um monte de inovações que podem ser feitas lá. Não tem como, hoje, em um mundo tão disruptivo e de mudanças tão rápidas, não pensar em inovação.

 

Como despertar o potencial disruptivo das cooperativas?

Ricardo Yogui: Vou usar o exemplo da Netflix, que foi experimentando coisas novas. Ela não era uma startup, era uma pequena videolocadora que começou a experimentar novos formatos. O processo é: como eu posso explorar as tecnologias? Como eu posso ser o “Uber” do cooperativismo? Como eu posso ser o “Airbnb”? Como trazer esses modelos para dentro do meu segmento de mercado e começar a experimentar coisas novas? O caminho é não ter medo da experimentação. Vai errar? O erro é uma fonte rica de aprendizado. Aprendi, vou para o próximo passo e continuo o processo.

 

Marina Miranda: A disrupção é um processo, não é uma coisa pontual. “Ah, eu contratei uma consultoria e vou ser disruptivo agora, e não temos mais problemas”. Não é isso. A mudança é dia a dia, rapidamente. O que antes era um concorrente vira um parceiro. O que era um parceiro vira um concorrente. Os mercados se constroem, se destroem. E tem de estar acordado para tudo isso. Como fazer? Conectando-se, ficando atento, lendo relatórios. É preciso refinar o olhar.

 

O futuro realmente se constrói com colaboração?

Ricardo Yogui: Essencialmente. Não existe como pensar “eu faço tudo sozinho, eu consigo desenvolver de forma hermética, dentro da minha instituição”. Hoje eu preciso abrir as janelas da organização, respirar ares novos, com novos pensamentos, novas tecnologias e criar essa interface de troca, de compartilhamento com o ecossistema. E aí são indústria, governo, academia atuando de forma conjunta, colaborativa.

 

Marina Miranda: 100%. Porque hoje é muito complexo. Para estar vivo aqui, hoje, do que você precisou? Você tem comida, seu computador, celular, você tem o seu emprego. Cada vez mais, há maior complexidade para você estar viva e estar aqui, presente.

Quando você tem um problema, o que precisa fazer? A complexidade é gigante. Se você não consegue se conectar com quem sabe, como vai ser a sua vida? E é isso que a gente vem fazendo nesses anos todos. É um processo disruptivo. Para o homem chegar na Lua, alguém teve de dar o primeiro passo. É isso que a gente vem falando: “dê o primeiro passo”.

 

Como você enxerga o futuro das cooperativas brasileiras?

Ricardo Yogui: Daqui para a frente, é explorar mais as tecnologias, explorar ambientes focados em comunidade. A essência do DNA das cooperativas, de colaboração, é o que o mundo está esperando. Outro ponto importante é o “figital” — união entre o melhor do mundo digital e o melhor do mundo analógico. O segredo das empresas é enxergar que o mundo não é puramente analógico ou puramente digital. E, sim, o melhor dos dois mundos.

 

Marina Miranda: Cooperativa e economia colaborativa têm diversas questões em comum. Eu acredito que o futuro das cooperativas é cada vez mais caminhar por esses modelos da economia colaborativa. O design thinking é uma metodologia, e tem outras. Mas o que elas têm em comum? Colaboração. É um método de estar trabalhando e escutar o outro, é uma escuta ativa. Escuta ativa não é tecnologia. É como eu olho para o outro. As cooperativas têm todo esse poder de escutar o seu cliente – o que, às vezes, uma grande empresa não consegue.

 

O que precisamos fazer, hoje, para chegar nesse futuro?

Ricardo Yogui: De forma estruturante: 1. Pensar um planejamento estratégico de inovação; 2. Pensar na governança da inovação, porque é preciso blindar a inovação dentro da organização, pensar no desenvolvimento de um board (quadro) de inovação, criar comitês de inovação; e 3. Experimentar coisas novas. Com isso, eu vou aprendendo e vou crescendo. Esse é o caminho.

 

Marina Miranda: Precisamos entender que é um processo. Não adianta querer fazer nada pontual. Eu contrato uma empresa que vai dar um treinamento para a minha equipe. Acabou esse treinamento, eu tenho de cobrar que esse conhecimento seja replicado. É preciso investir em um mindset colaborativo, para que as pessoas queiram compartilhar conhecimentos e trabalhar juntas. Tenho que estabelecer um ambiente de confiança, ter metas colaborativas dentro da minha empresa, metas de inovação. Mas precisam ser metas reais, com prazo definido e um propósito bem claro.

 

(Fonte: Revista Saber Cooperar)

Planejamento com legitimidade

Brasília (15/1/20) – “Um ponto fundamental na construção do planejamento estratégico de uma cooperativa, é o engajamento dos cooperados, que devem opinar, avaliar e legitimar as decisões dos gestores”, afirma o consultor e sócio da Symnetics, Seung Hyun Lee. Segundo ele, as características do cooperativismo tornam o planejamento uma tarefa desafiante, pois os cooperados são, ao mesmo tempo, donos, fornecedores e, muitas vezes, clientes da cooperativa.

“As decisões são mais complicadas. A única forma de garantir que estão sendo feitas as melhores escolhas, dentro de ambientes complexos, é por meio da racionalidade, da lógica”, enfatiza. O consultor atua no desenvolvimento de planejamento e gestão estratégica, inovação e transformações de organizações empresariais e financeiras e, nos últimos anos, tem trabalhado junto a cooperativas dos ramos crédito, saúde e agropecuária.

Ele foi o entrevistado da edição de dezembro da revista Paraná Cooperativo. No material ele destaca que “a cultura das cooperativas e suas características distintas, aliadas a um processo de gestão e governança, podem alavancar o crescimento do setor.” Confira!

 

As características do cooperativismo tornam o planejamento uma ação mais complexa?

De fato, o cooperativismo é um ambiente complexo para o planejamento, pois os cooperados são, ao mesmo tempo, donos, fornecedores e, muitas vezes, clientes da própria cooperativa. Numa empresa mercantil, onde há apenas um objetivo, que é o lucro, ainda assim existem interesses conflitantes. Imagine numa cooperativa. A estratégia pode ser resumida, conceitualmente, num plano no qual 20% de esforço vai gerar 80% de resultados. Mas, para isso, é preciso fazer escolhas e, num ambiente cooperativo, essa decisão é mais complicada. Porém, se as escolhas não forem feitas, não há estratégia.

A cooperativa vai querer ser tudo para todos e, no final das contas, vai ser nada para ninguém. A única forma de garantir que estão sendo feitas as melhores escolhas, dentro de ambientes complexos, é por meio da racionalidade, da lógica. O que a gente pode discutir é o que tem lógica e o que não tem. Para desenvolver uma lógica, precisamos de dados, que vão nos direcionar para o caminho adequado. Dessa maneira, é possível chegar a uma convergência entre as pessoas. Um ponto fundamental na construção do planejamento estratégico de uma cooperativa, é o engajamento dos cooperados, que devem opinar, avaliar e legitimar as decisões dos gestores.

 

De quanto tempo deve ser o horizonte do planejamento?

O planejamento da Castrolanda, por exemplo, tem um horizonte de cinco anos. É um prazo bom. Se for menos tempo, percebemos apenas o momento e não conseguimos nos preparar para o futuro. Se for muito a longo prazo, a previsibilidade se dilui, pois tudo muda rapidamente. O agribusiness sempre foi um negócio perene, no entanto, esta realidade está em transformação, e tudo está se modificando de forma acelerada. Nos últimos anos, a economia patinou, e o único setor que avançou foi o agronegócio.

Há muito potencial ainda no Brasil, porque todos precisam de alimentos, o que confere consistência a esse mercado, condição que atrai investimentos. Quase todos os elos da cadeia da agropecuária já estão consolidados, mas existem alguns setores fragmentados, a exemplo do segmento de distribuição de insumos. É provável que movimentos de consolidação ocorram no curto prazo. O planejamento precisa considerar todos os aspectos que podem impactar os negócios.

 

Como considerar aspectos de inovação no plano de ações de uma cooperativa? A inovação é tida como uma busca incerta e volátil por resultados, algo distinto da racionalidade exigida pelo planejamento?

Realmente, a inovação disruptiva vai de encontro à lógica do planejamento. A cultura da inovação tende a gerar dispersão, e não racionalidade. Mas é preciso separar o contexto. Existe uma diferença muito grande entre uma instituição já estabelecida e uma startup. Uma startup não tem nada a perder, vai atirar para todos os lados, aquilo que acertar vai pegar e abraçar, esse é o objetivo e está valendo. Porém, a cada 50 startups criadas, quantas sobrevivem? Menos de 10%.

Uma instituição já estabelecida, uma cooperativa consolidada, não pode se dar ao luxo de atirar para todos os lados e perder dinheiro nos negócios. Tem que ter muito cuidado e saber o que pode afetá-la e quando. Por exemplo, falam da carne vegetal, que pode ter um impacto em toda a cadeia produtiva da pecuária de corte. Mas quando é que esse produto vai virar um padrão? Com certeza não será no curto prazo, ainda há muito a ser feito. Mas a cooperativa deve se preocupar com isso? Deve, mas há outras coisas mais urgentes que isso.

O processo de consolidação das revendas, por exemplo, que trará impactos muito mais imediatos. Tem que captar todos esses sinais e pensar no que realmente é impactante num horizonte de cinco anos. O restante é ruído. Em relação à inovação, em algumas coisas é interessante apostar algumas fichas. Principalmente em tecnologia, as cooperativas devem avaliar a necessidade de acompanhar, estar presente e entender esse universo em transformação, participando de projetos-pilotos.

 

Como manter um empreendimento competitivo em cenários de volatilidade?

Em primeiro lugar, não ficar só produzindo commodities. Numa cadeia em que todos estão se consolidando, quem não se consolida vai virar o elo mais fraco. Na área de insumos agrícolas, por exemplo, três players detêm 60% do mercado; na indústria de alimentos, 10 marcas respondem por 50% do mercado. O mesmo ocorre no setor de supermercados, cada vez mais consolidados. Se todos se consolidam e sua empresa fica parada, a situação torna-se complicada, porque a briga é com gigantes.

Antigamente, de cada 100 reais obtidos pela venda de alimentos, R$ 8,40 iam para o produtor agrícola. Hoje, esse valor é R$ 6,50. As margens estão cada vez menores. Por isso, é preciso fazer algo diferente, ou consolida, ou agrega valor. É um movimento inevitável. Talvez algumas cooperativas se juntem, pois empreendimentos pequenos terão dificuldades para se manter competitivos. Produtores individuais terão que avançar na industrialização, se quiserem sobreviver. Ao mesmo tempo, estão acontecendo mudanças de hábitos de consumo.

Os consumidores mais jovens são cada vez menos fiéis a marcas. Nos últimos 30 anos, as grandes marcas ganharam muito marketshare. Porém, elas estão agora perdendo força. Há um consumo mais racional, uma atenção ao custo/benefício, o que explica o posicionamento crescente das marcas de supermercados, que oferecem produtos com qualidade semelhante aos produtos líderes, mas com preços em média 20% mais baratos. Além disso, há o controle de distribuição, nas mãos das marcas líderes e dos supermercados.

Para superar essas barreiras nas gôndolas, é preciso oferecer uma proposta de valor consistente, ou então atuar em nichos de mercado. São vários movimentos que já estão acontecendo. Tem que acompanhar o mercado, para ver que caminhos trilhar. Seguindo no caminho errado, não adianta ter uma operação maravilhosa, um produto excepcional, pois o prejuízo é certo.

 

Quer ler mais? Acesse por aqui.

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Brasil busca exemplos de inovação na Alemanha

 

Brasília (11/11/19) – Com frequência, falamos sobre a velocidade com que os avanços tecnológicos chegam em nossos lares e o impacto que provocam em nosso modo de vida. Na agricultura, não é diferente. Num cenário onde o Brasil desponta como um dos principais produtores de alimentos, é importante que as cooperativas se fortaleçam em inovação. E a intercooperação é um caminho para isso.

Para facilitar esse processo, o Sistema OCB participa, de 10 a 16 de novembro, de uma missão técnica na Alemanha, com o objetivo de conhecer as estratégias implementadas por cooperativas agropecuárias alemãs e, quem sabe, transferir essas ideias para o Brasil.

Ao longo da semana, os participantes vão fazer visitas técnicas a algumas cooperativas, além de reuniões com representantes da plataforma de comércio eletrônico Raiffeisen Networld e, também, com especialistas do Sistema de ERP compartilhado. Na sexta (15), a Missão Técnica vai conhecer a feira Agritechnica. Realizada a cada dois anos, ela é uma das maiores exposições de máquinas agrícolas do mundo. O evento também é palco para a apresentação de produtos de fertilização e proteção das lavouras.

 

PARTICIPANTES

O grupo brasileiro é composto pelo diretor do Departamento de Cooperativismo e Acesso a Mercados da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Márcio de Andrade Madalena, pelo superintendente do Sistema OCB, Renato Nobile, e pela gerente de Relações Institucionais, Fabíola Nader. Além deles, a equipe verde-amarela também conta com representantes de unidades estaduais, cooperativas e federações do ramo agropecuário.

 

INOVAÇÃO

No Brasil, a transformação para o digital ainda é um desafio. Por isso, entre os pontos a serem observados nas visitas estão o tipo de liderança e gestão empregadas pelas cooperativas e qual a realidade tecnológica delas. A partir disso, o Sistema OCB deve fortalecer a parceria com a Confederação das Cooperativas Alemãs (DGRV) e somar conhecimento para incentivar e apoiar a implementação de projetos semelhantes em cooperativas brasileiras.

Cooperativas debatem agricultura digital

Brasília (8/11/19) - Quais as demandas e oportunidades da Agricultura 4.0 para as cooperativas? A resposta é o tema de um dos painéis do Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária, a ser realizado entre os dias 3 a 5 de dezembro, em São Carlos (SP). O evento é promovido pela Embrapa Instrumentação e conta com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

O fórum se propõe a discutir a interface entre a ciência, inovação e mercado em temas que estão na fronteira do conhecimento, como agricultura de precisão, nanotecnologia, automação, bioeconomia e agricultura digital, com palestrantes convidados do Brasil e do exterior, como o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.

Durante três dias, os participantes terão acesso a uma programação que envolve palestras, mesas-redondas e ao “Business Day”, durante o qual serão realizadas demonstrações de tecnologias inéditas, com representantes dos setores público e privado, investidores (venture capitals) e profissionais de comunicação.

É justamente nesse dia dedicado ao mercado que o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, vai coordenar a mesa-redonda. Já estão confirmados como debatedores o presidente da Cooperativa de Produtores Rurais (Coopercitrus), Fernando Degobbi, e do superintendente FRÍSIA Cooperativa Agroindustrial, Emerson Moura.

 

COMPETITIVIDADE

“O contexto da agricultura 4.0 está se consolidando no exterior, e o Brasil para manter sua competitividade e sustentabilidade como um dos grandes players do agro mundial tem que avançar rapidamente”, explica Ladislau Martin Neto, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa entre 2012 e 2017 e coordenador do evento.

“Nesse sentindo, o Siagro 2019 pretende promover um ambiente de sinergia entre a comunidade científica, produtores rurais, empresários, novos empreendedores (startups), investidores e lideranças do agro, daí a importância da participação das cooperativas com papel de protagonismo na programação”, acrescenta Martin Neto. Os interessados podem acessar a página do evento na internet http://www.cnpdia.embrapa.br/siagro/ para mais detalhes. (Fonte: Embrapa Instrumentação)

Sescoop/BA: 20 anos de dedicação ao cooperativismo

Salvador (5/11/19) – O cooperativismo baiano está em festa! É que o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado na Bahia (Sescoop/BA) completou 20 anos de atuação em prol do desenvolvimento das cooperativas baianas na sexta-feira (1º/11).

Integrante do conhecido Sistema S, o Sescoop foi criado pela Medida Provisória nº 1.715/1998 e regulamentado pelo Decreto nº 3.017/1999, objetivando propor uma nova visão de aprendizagem e capacitação, focada exclusivamente nas cooperativas, organizações constituídas por pessoas, onde todos são donos do próprio negócio e desempenham atividades que trazem benefícios econômicos e sociais para todos os seus integrantes e a comunidade. 

No estado da Bahia, o Sescoop completa duas décadas desenvolvendo pessoas e cooperativas, por meio da oferta de soluções para melhorar a governança, a gestão e o desempenho das cooperativas; do acompanhamento para garantir a identidade dos empreendimentos com o movimento cooperativista; além do estímulo a ações de promoção social voltadas para a população, fortalecendo o cooperativismo baiano e gerando resultados econômicos e sociais. Só em 2018, mais de 10 mil pessoas foram capacitadas e outras 43 mil foram beneficiadas com ações de responsabilidade socioambiental e de promoção social.

“Todo esse trabalho é motivo de orgulho, por isso, compartilhamos com todas as cooperativas baianas, seus colaborados, cooperados e dirigentes esta celebração, pois o Sescoop tem proporcionado oportunidades de aprendizado, na formação de gestores, dirigentes e profissionalização de funcionários, além de estimular a realização de atividades socioambientais e a prática da cooperação entre cooperados, familiares e comunidade”, destacou o presidente do Conselho de Administração do Sescoop/BA, Cergio Tecchio.

Festejando o presente, mas sempre de olho no futuro, o Sescoop não para de inovar, visando ampliar a competitividade das cooperativas dentro e fora do estado, buscando sempre cumprir a sua missão: promover a cultura cooperativista e o aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento das cooperativas baianas. (Fonte: Sescoop/BA)

HSM: Colaboração e confiança marcam primeiro dia



Brasília (5/11/19) – O primeiro dia da HSM Expo, o maior evento de gestão da América Latina, foi o pontapé inicial de três dias que prometem ser recheados de conteúdos ricos sobre gestão e sobre os temas que permeiam a prática (transformação, coletividade, sustentabilidade, criatividade e inovação, entre outros). No Espaço Coofuturo, montado pelo Sistema OCB para apresentar o cooperativismo ao público, não foi diferente. Os visitantes que já passaram pelo espaço tiveram uma amostra dos muitos convidados e falas que mostram como o cooperativismo pode contribuir com a transformação socioeconômica do país.

Com a palestra “Coofuturo: a colaboração é uma das formas de inovar ou a única?”o professor Ricardo Yogui iniciou a programação do dia no auditório, ressaltando a grande agilidade com que as mudanças ocorrem nas empresas. Uma das provas de que essa velocidade é cada vez maior está na análise da lista das 500 maiores empresas do mundo, lançada pela revista Fortune 500: mais de 80% das empresas que figuravam na lista em 1950 não se encontram nela atualmente. E mais! Segundo dados apresentados pelo palestrante, a cada ano, as tecnologias que surgem estão ganhando novos adeptos muito mais rápido do que se ganhava anteriormente: enquanto o telefone demorou cerca de 75 anos para começar a ser usado, um jogo eletrônico lançado mais recentemente demorou 35 dias – e esse ‘prazo’ continua sendo menor a cada lançamento.

E qual é o impacto que as tecnologias que estão por vir vão causar na empregabilidade? Segundo pesquisa apresentada pelo professor, as tecnologias vão tirar 75 milhões de empregos até 2021, mas vai gerar outros 135 milhões que ainda nem existem! Para auxiliar as empresas a oxigenarem e pensarem no futuro com colaboração e inovação, Ricardo criou o Framework Inovação - um ‘passo a passo’ que envolve a criação de um banco de ideias a serem analisadas e os possíveis caminhos para elas.

 

CONFIANÇA

A segunda palestra do dia foi a do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, que iniciou sua fala ressaltando a alegria de saber que cerca de um terço do público da HSM Expo este ano é composto por pessoas relacionadas ao cooperativismo. Em seguida, introduzindo o tema de sua palestra, “Confiança”, Márcio comentou sobre a importância deste sentimento no modelo cooperativista, afirmando que “o que sustenta o modelo de negócio do cooperativismo, o que faz com que ele se mantenha em pé, é a confiança”. E essa importância não se dá apenas no cooperativismo. De maneira geral, segundo a pesquisa Our world in data, apresentada por Márcio, quanto maior o índice de confiança, maior a renda per capita do país, por exemplo.

 

FAKE NEWS

Ao longo de sua fala, o presidente abordou o boom das fake news, a quebra total da confiança na informação. Ainda sobre crise de confiança, a apresentação ressaltou questões como a diminuição de investimentos, de empregos, de renda e de consumo que podem ser acarretadas. Como fazer para promover a confiança nos negócios? Márcio afirma que é necessário liderar a mudança, empoderar os empregados, começar o movimento localmente e ter os CEO’S envolvidos e liderando o movimento.

 

PONTO DE VIRADA

Fechando o primeiro dia, a palestra de Jan Diniz, CEO da 08 Inovação Consciente, abordou o processo de desconstrução em busca da renovação. Jan mostrou ao público que não há espaço para o medo na hora de assumir o protagonismo e que é necessário estar conectado com as tendências e pronto para o chamado ponto de virada. Na hora de construir, é necessário lembrar que, a qualquer momento, será necessário desconstruir, já que nada é permanente e as coisas se transformam a todo o instante.

 

PROGRAMAÇÃO

Nesta terça-feira a programação do auditório continua a todo vapor! Veja abaixo as palestras do dia:

 

TERÇA-FEIRA - 5/11

Horário

Título da palestra

Palestrante

11h40 - 12h40

Inovação: como despertar o potencial disruptivo das cooperativas?

Marina Miranda

14h20 - 15h20

Transformação, colaboração e impacto: como as marcas podem mudar o mundo?

Martha Gabriel

14h20 - 15h20

Transformação, colaboração e impacto: como as marcas podem mudar o mundo?

Daniela Lemke

15h40 - 16h40

Reaprender: o que as conexões podem fazer por você?

Romeo Busarello

 

FOTOS: Clique aqui para conferir.

Cooperativas movimentarão Salvador

Brasília (22/10/19) – Neste ano as cooperativas de crédito filiadas ao Sicoob em Salvador, com o apoio do Instituto Sicoob, aderiram novamente ao movimento nacional de iniciativas voluntárias realizadas pelas cooperativas de todo o país, chamado de Dia de Cooperar – Dia C, e levarão ao Parque da Cidade, em Salvador, uma série de atividades gratuitas ao público, das 10h às 17h, no próximo sábado, dia 26. Os voluntários estarão em uma grande tenda montada no parque para proporcionar às pessoas atividades de orientação ligadas à saúde financeira, saúde física e bem-estar.

Na programação estão previstos os serviços de orientação financeira com profissionais especializados, consulta Serasa e orientação jurídica. Além de poder se informar sobre assuntos que impactam na vida financeira, o público poderá aferir a pressão, níveis glicêmicos e realizar avaliação com fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros profissionais de saúde. Durante todo o dia, professores de dança estarão no local para estimular o público presente a se movimentar. (Com informações do Sistema OCEB)

 

SERVIÇO:

DIA C – Dia de Cooperar 2019

Local: Parque da Cidade - Av. Antônio Carlos Magalhães, s/n

Data: dia 26/10, das 10 às 17h

Gratuito

Divulgada a programação oficial do 5º EBPC



Brasília (3/10/19) – O Sistema OCB acaba de divulgar a programação do 5º Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC). O evento mostra como a teoria pode e deve estar alinhada à prática das cooperativas, objetivando o desenvolvimento sustentável do setor. A grade contendo os horários, locais, atividades e responsáveis já pode ser conferida no aplicativo evento e, também, no site do EBPC. Ao todo, 105 trabalhos serão apresentados.

A programação do encontro ocorrerá entre os dias 9 e 11 de outubro, no campus do Instituto Federal de Brasília, localizado no Gama, a cerca de 35 km do centro de Brasília. A abertura está marcada para as 14h do dia 9 e contará com a participação da Diretoria Executiva do Sistema OCB. Nos outros dois dias, as palestras começam às 8h30.

 

ATENÇÃO

No dia 10, a partir das 17h, ocorrerão uma oficina e dois seminários, simultaneamente. Por isso, os interessados em participar de uma dessas sessões devem garantir sua vaga, acessando a plataforma.

A organização pede, ainda, que todos os pesquisadores devem apresentar o resultado de seus trabalhos seguindo o padrão do evento, disponível aqui.

 

CAMPANHA

Como forma de agradecer ao IFB pela liberação de suas dependências, a organização do evento está realizando uma campanha de arrecadação de livros para a biblioteca da instituição de ensino. A ideia é que cada participante leve pelo menos um livro técnico ou científico. A adesão à campanha é voluntária.

 

SOBRE O EBPC

O encontro estimula o desenvolvimento de estudos que buscam maior eficácia e eficiência nos processos das cooperativas, e o alcance de um novo patamar de competência, por meio da percepção, avaliação e compartilhamento de conhecimentos e experiências.

Na quinta edição, o EBPC deste ano tem Negócios sustentáveis em cenários de transformação como tema. Assim como nas edições anteriores, o evento deste ano possui eixos que nortearão o debate e a construção do conhecimento sobre a temática do evento. São eles:

  1. Identidade e Cenário Jurídico;
  2. Educação e Aprendizagem;
  3. Governança, Gestão e Inovação;
  4. Capital, Finanças e Desempenho;
  5. Impactos Econômicos, Sociais e Ambientais.

 

PÚBLICO

O 5º EBPC é aberto a todos os interessados em compreender e fortalecer as cooperativas enquanto organizações econômicas e sociais que promovem o desenvolvimento inclusivo. Dentro deste público, destacam-se os pesquisadores, gestores de cooperativas, dirigentes, profissionais do sistema de aprendizagem e representação e elaboradores de políticas públicas.

 

DOWNLOADS

Para acompanhar a programação e as notícias do EBPC é simples: basta fazer o download do aplicativo do evento, disponível em um dos links abaixo:


E para conferir o resumo dos trabalhos apresentados, basta que o interessado acesse o Livro de Resumos.

 

PROGRAME-SE

5º EBPC

Data: 9 a 11 de outubro

Local: Instituto Federal de Brasília – IFB (Campus Gama)

Endereço: Rodovia DF 480 Lote 1 - Pte. Alta Norte (Gama), Brasília - DF, 72429-005

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Conheça o cooperativismo de plataforma

Brasília (20/8/19) – Os negócios de plataforma – aquele que utilizamos um aplicativo para solicitar um serviço – é uma tendência no mundo. E, em diversas parte do mundo, o cooperativismo continua mostrando sua capacidade de surfar as novas ondas do mercado. E com as plataformas não é diferente. Por isso, o Sistema OCB, que apoia a ideia, fez questão de inserir esse tema na 14ª edição de seu Congresso Brasileiro do Cooperativismo, realizado em Brasília, em maio deste ano. O assunto também é um dos destaques na nova edição da revista Saber Cooperar. Confira:

 

Plataforma para o desenvolvimento

 

Existe um movimento mundial de conscientização do enorme potencial que o cooperativismo tem para alavancar a economia digital e colaborativa. Há quem defenda que diversos unicórnios do mercado de startups (jovens empresas de base tecnológica avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) deveriam ser cooperativistas.

O motorista desliza as mãos pelo volante. A atenção dos olhos que miram as ruas de Brasília é voltada para a tela do celular, posicionado na saída de ar. A notificação avisa: alguém solicita os serviços do rapaz, e o carro de lataria vermelha e reluzente transforma-se em instrumento de trabalho. Ezequiel Avelino, 24 anos, estudante de Gestão Pública, é motorista de aplicativo de transporte de passageiros.

Em janeiro deste ano, migrou da estatística do desemprego que, no primeiro mês de 2019, abarcava 12,7 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, para ser um dos mais de 37 milhões de trabalhadores informais do país. Como milhares de cidadãos, a ocupação foi a forma encontrada por Ezequiel para se sustentar, custear a mensalidade da faculdade e pagar a parcela do automóvel.

O último trabalho de carteira assinada foi em uma floricultura, em 2017. Após um ano fazendo bicos no mercado de eventos, ele decidiu apostar no aplicativo. Desde então, acorda cedo, limpa o automóvel – em casa, para economizar com gastos em lava a jato –, abastece até a boca do tanque de combustível e parte para o expediente. Antes de completar a primeira semana, dirigindo de seis a oito horas por dia, tinha transportado cerca de 200 passageiros e os rendimentos ficaram em torno de R$ 1 mil – valor bem próximo do que ele demorava um mês para embolsar em um ofício formal.

“Dirigindo para os aplicativos, posso alternar os meus horários. Se eu não conseguir trabalhar de manhã, vou à noite. Se eu não lucrar bem na semana, posso ir no sábado e no domingo”, explica.

Só existe um problema: Ezequiel está dividindo o resultado de seu trabalho com os donos dos aplicativos que utiliza, perpetuando um modelo de trabalho que explora a mão de obra do trabalhador em busca do maior lucro possível, sem lhe dar nenhuma garantia ou segurança jurídica.

Ao perceber essa realidade, pesquisadores dos Estados Unidos e da Europa começaram a se perguntar: não seria mais justo que os motoristas fossem os verdadeiros donos do negócio, já que possuem o carro e fornecem a mão de obra? E se os princípios cooperativistas, consolidados na busca por relações mais dignas, justas e solidárias, fossem aliados à veia democrática da internet, nascida da noção pública de propriedade coletiva? E se, no contexto de economia compartilhada, pudéssemos desenvolver alternativas de negócios conduzidas por ideais comunitários? E foi para responder a essas perguntas que surgiu um novo conceito: o cooperativismo de plataforma – proposta de empreendimento que combina os princípios e os valores do cooperativismo com o imenso potencial disruptivo das novas tecnologias da informação.

 

O COMEÇO DE TUDO

O conceito “cooperativismo de plataforma” foi utilizado pela primeira vez por Trebor Scholz, professor de cultura e mídia associado à The New School autor do livro Cooperativismo de Plataforma. Ele esteve no Brasil em maio especialmente para o 14º CBC. Em palestra que lotou um dos auditórios do evento, ele afirmou: o cooperativismo é o modelo de negócios capaz de tornar mais justas as novas relações de trabalho impostas pelo “ubercapitalismo” – nova onda capitalista caracterizada pela supressão do Estado como mediador entre o capital e o trabalho, um modelo que transforma todos em trabalhadores individuais, apartados entre si, cada qual lutando por sua sobrevivência.

Scholz alerta que por trás de todo o conceito “descolado” e engajado da economia compartilhada – que vende aos cidadãos a ideia de que é possível ganhar mais, tendo liberdade de escolher quando e por quanto tempo se quer trabalhar, com a vantagem de não estar subordinado a um chefe direto – estão a crise econômica, o desemprego e a necessidade de complementação de renda. Uma realidade bem conhecida dos brasileiros nos últimos anos.

Ainda segundo o autor, essa nova forma de trabalho ofertada por alguns aplicativos de serviço pode ser, na verdade, uma armadilha para a precarização dos direitos do trabalho. “Eu estudo as mudanças trazidas pela internet no mercado de trabalho desde 2008 e fui percebendo que as relações estabelecidas entre algumas plataformas de serviço e as pessoas são uma nova forma de exploração da mão de obra do trabalhador ainda mais perversa que a anterior, pois tira todos os direitos e benefícios, maximizando ao extremo o enriquecimento dos donos dessas plataformas”, critica.

De fato, de acordo com o IBGE, o rendimento de um trabalhador informal é, em média, 40% menor do que de quem atua com carteira assinada. Também é importante lembrar a falta de garantias para os funcionários nessas plataformas de compartilhamento. O que mais preocupa Ezequiel Avelino, motorista de aplicativos, é a segurança. Em uma situação de sequestro ou roubo, enquanto estiver dirigindo, o prejuízo é 100% do dono do automóvel. Por isso, ele pondera ao aceitar corridas em determinados horários e lugares, o que pode colocar em risco sua pontuação nos apps. Em poucos cliques – medido em estrelinhas que variam de uma a cinco – está na mão do consumidor o poder de classificar um motorista da plataforma. Quem ficar abaixo de uma média de corte, que controla a qualidade dos funcionários, pode ter o cadastro suspenso ou cancelado.

 

POR UMA RELAÇÃO MAIS JUSTA

Outro papa do cooperativismo de plataforma é o professor de estudos de mídia da Universidade do Colorado, Nathan Schneider, coautor do livro Nosso para hackear e possuir: a ascensão do cooperativismo de plataforma, uma nova visão para o futuro do trabalho e uma internet mais justa. Em entrevista exclusiva à Saber Cooperar, ele definiu o cooperativismo de plataforma como “uma comunidade transnacional de usuários-trabalhadores. Uma nova geração de pessoas que entram no movimento cooperativo e tentam usá-lo para criar uma economia on-line mais justa, responsável e democrática”.

Scheider defende que a natureza do compartilhamento de informações, software de código aberto, colaboração distribuída e comunicação rápida da internet são propícios não apenas para as práticas cooperativistas, como trata- -se de uma oportunidade de renovar o espírito transformador da economia cooperativa, fundada há quase dois séculos.

Também entusiasta do potencial transformador da internet para o cooperativista, o advogado, professor-doutor e diretor-geral da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop), Mário de Conto, tem pesquisado sobre o conceito no Brasil, com o incentivo do Sistema OCB. Para ele, a modalidade poderia melhorar o desenvolvimento local, sob a forma de trabalho democrático e colaborativo. “Tratam-se de iniciativas em que os trabalhadores são proprietários das plataformas, tomam as decisões de maneira democrática através de mecanismos digitais e a distância, de forma muito diferente da experimentada nas cooperativas tradicionais”, explica o pesquisador.

Na visão de Conto, as “CoopTechs” (cooperativas de base tecnológica) podem não apenas incluir quem está fora da digitalização na troca de serviços, como ajudar a reduzir as desigualdades e a concentração do poder que está nas mãos dos agentes que detêm o capital (o software, hoje em dia). “Nesse contexto, o cooperativismo de plataforma tem como principal impacto no eixo social viabilizar a inserção de trabalhadores em plataformas digitais nas quais eles tenham maior possibilidade de Modelo colaborativo de produção intelectual que promove o livre licenciamento e a redistribuição universal do produto sem a necessidade de se pagar uma licença comercial para isso, definir suas margens de retorno e fazer sua autogestão”, avalia.

Ao redor do mundo, essa ideia pegou. Segundo Trebor Scholz, já existem pelo menos 350 cooperativas de plataforma atuando em 26 países, incluindo o Brasil. Por aqui, existem grupos de trabalhadores se organizando dessa maneira, embora nenhuma esteja formalmente registrada como cooperativa. Um bom exemplo é a Cataki – aplicativo que conecta catadores de resíduos a quem produz lixo, ou seja, todos nós. Ao unir as duas pontas, a plataforma melhora a qualidade de vida dos catadores, tirando-os dos lixões e das ruas, facilita a coleta dos materiais reciclados, aumenta a produtividade desses agentes ambientais e, de quebra, conscientiza as pessoas sobre a importância da reciclagem. Trebor está, inclusive, investindo na ideia, que considera escalável, ou seja, com alto potencial de crescimento não só no Brasil, mas no mundo.

Disposto a fomentar a abertura de cada vez mais cooperativas de plataforma ao redor do mundo, Scholz ajudou a fundar uma organização focada no apoio a essas instituições: o Consórcio para o Cooperativismo de Plataforma (The Platform Cooperativism Consortium). O grupo apoia esse modelo de negócios por meio de pesquisas, capacitações, consultoria legal, mapeamento de melhores práticas, suporte técnico e financiamento. O Google, por exemplo, doou US$ 1 milhão para financiar cooperativas de plataforma ao redor do mundo. “Eu estive na Suécia, na Inglaterra, na Itália, na Espanha, no Canadá, na Indonésia, em Tóquio, na Índia e aqui no Brasil. É impressionante como em todos esses países existe o desejo de criar modelos de trabalho mais cooperativos”, disse o norte-americano.

 

ESPAÇO NO BRASIL

Sim, mas ainda é pouco explorado. Temos um longo caminho a percorrer, cheio de desafios, até a consolidação de um mercado de economia digital cooperativista. “Quanto mais precária é a relação de trabalho de um país, maior é o interesse pela implantação das cooperativas de plataformas”, analisa Trebor Scholz. Segundo ele, aqui no Brasil existem muitas oportunidades nas áreas da educação, da saúde, dos transportes. “O que percebo, tanto aqui quanto em outros países, é que o principal obstáculo à constituição dessas cooperativas ainda são as pessoas. É difícil reunir um grupo, sentar todos em uma sala e fazê-los fechar um acordo. Elas ainda não sabem abrir mão das suas vontades pessoais em prol de um bem maior. Esse é o principal desafio do cooperativismo de plataforma em todo o mundo”, lamenta.

Já o brasileiro Mário de Conto acredita que faltam instrumentos na legislação brasileira para apoiar o desenvolvimento de iniciativas como essas. “Analisando as características da Lei Geral das Cooperativas, evidentemente, há desafios que concernem à novidade do modelo, como formas de efetivar a participação democrática e o processo de tomada de decisões em um contexto digital”, pondera.

 

BENCHMARKING INTERNACIONAL

A proposta da incubação é apoiar novos empreendimentos com suporte técnico, jurídico e contábil, muitas vezes oferecendo consultorias e mentorias especializadas na potencialização de um negócio. E foi justamente esse modelo que resultou na criação da Up and Go – cooperativa de plataforma criada para oferecer emprego e renda às mulheres de uma comunidade de imigrantes, em Nova York.

A Up and Go possui, hoje, cerca de 40 cooperadas. Graças à plataforma, pela primeira vez desde que chegaram à América, essas mulheres conseguiram uma remuneração justa por seu trabalho. “Antes de fazerem parte da cooperativa, elas ganhavam muito mal e não tinham garantia de serem pagas pelo serviço que prestavam. Às vezes, limpavam a residência e o dono dizia estar sem dinheiro para pagá-las na hora. Outras vezes, pagavam as passagens para ir até a casa do cliente e, ao chegar, eram avisadas de que ele tinha desistido. Com isso, tinham um prejuízo grande, porque não eram ressarcidas pelo deslocamento”, recorda Sylvia Morse, gerente de projeto do Center for Family Life (CFL) – organização sem fins lucrativos que realiza a incubação de cooperativas de plataforma na cidade norte-americana.

Desde 2006, o CFL capta fundos e oferece suporte técnico e financeiro à criação de cooperativas de plataforma nas áreas de serviços de limpeza e cuidado de crianças pequenas. “Nossa equipe trabalha para ajudar esses trabalhadores a constituírem sua cooperativa, ajudando a definir como devem ser o site, o aplicativo, o atendimento aos clientes, a política de preços e as assembleias de cooperados”, resume Sylvia, que também participou como palestrante do 14º CBC.

No caso da Up and Go, por exemplo, cada cooperada recebe 95% do valor pago pelos clientes. Os outros 5% são revertidos para o fortalecimento da plataforma. “Antes, quando trabalhavam como empregadas de outros sites que oferecem serviços de limpeza, elas recebiam bem menos por hora trabalhada. E isso, apesar de o cliente pagar mais caro que na Up and Go pelo serviço”, constata a gerente do CFL.

Além de ganharem mais como cooperadas e de serem as donas do próprio negócio, as mulheres da Up and Go utilizam os 5% destinados para a plataforma para fortalecerem o próprio negócio e para garantirem alguns benefícios importantes para elas, como cursos de inglês e capacitação profissional. “A cooperativa empodera essas mulheres e muda as vidas delas e a de suas famílias”, comemora Sylvia. Gostou da proposta do cooperativismo de plataforma? Quer saber mais sobre o assunto? Baixe agora o livro de Trebor Scholz sobre o assunto. Conheça todas as diretrizes prioritárias para o cooperativismo relacionadas à inovação. Elas foram definidas por 1.300 cooperativas brasileiras durante o 14º CBC.

De acordo com a norte-americana, as cooperativas têm impactado tão positivamente Nova York que a cidade foi a primeira dos Estados Unidos a criar um fundo exclusivo para o financiamento desse tipo de empreendimento. “As cooperativas de plataforma têm ajudado a incluir públicos que nem sempre encontram boas oportunidades de trabalho no mercado formal, como as mulheres, os negros e os imigrantes. Por isso, elas têm recebido suporte de entidades públicas e privadas para se desenvolverem no meu país”, constata.

Sylvia acredita que essas incubadoras de cooperativas de plataforma poderiam funcionar também no Brasil. “Vocês têm uma organização que cuida especificamente do cooperativismo”, diz, referindo-se ao Sistema OCB. “Esse é um primeiro passo importante, porque já existe um centro de referência para os trabalhadores que desejem montar uma cooperativa no país. O próximo passo é buscar apoio de outras organizações públicas e privadas para criar um ecossistema favorável à criação de cooperativas de plataforma no Brasil”, conclui.

 

NÚMEROS

- Existem pelo menos 350 cooperativas de plataforma ao redor do mundo.

- 26 países já colocaram a ideia em prática, incluindo o Brasil.

- US$ 1 milhão: valor aportado pelo Google para o financiamento de cooperativas de plataforma ao redor do mundo.  

 

EVENTO INTERNACIONAL

Mais debates sobre o Cooperativismo de Plataforma já têm data marcada: entre os dias 7 e 9 de novembro, será realizado, em Nova York (EUA), o Congresso Internacional de Cooperativas de Plataforma, em parceria com Columbia University e The New School. O evento é promovido pelo Consórcio Internacional do Cooperativismo de Plataforma (https://platform.coop/), sediado em NY e fundado pelo pioneiro do próprio movimento Cooperativismo de Plataforma, Trebor Scholz. Vale destacar: a OCB participa do comitê internacional de promoção do cooperativismo de plataforma.

O poder do agora

Brasília (20/8/19) – Saber aproveitar a tecnologia, extraindo o melhor de uma equipe, é, talvez, um dos maiores desafios dos tempos atuais. Esse é o foco da reportagem O poder do Agora, disponível na revista Saber Cooperar, que acaba de ser divulgada pelo Sistema OCB e que dá ênfase ao Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativista. Confira!

 

O poder do agora

O segredo para garantir o sucesso da gestão e governança é começar a planejar no presente

 

Atenção, gestores: a sustentabilidade do seu negócio depende de como você lida com as mudanças trazidas pela internet e pelas novas tecnologias. Marcas consagradas desapareceram, profissões estão sendo extintas, alguns serviços estão ficando obsoletos. Parece o apocalipse, mas não é.

No universo cooperativista temos plenas condições de fazer os ventos da mudança soprarem a nosso favor. Sabe por quê? “O caminho para o sucesso não é pavimentado por tecnologias, mas por pessoas”. A frase é de Sandro Magaldi, autor do livro Gestão do Amanhã e fundador de uma startup com foco em gestão e empreendedorismo. E até ele – que vive da inovação – reconhece: a tecnologia é apenas uma ferramenta de mudança. As boas ideias surgem de pessoas.

Durante o 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), realizado em Brasília, Magaldi falou sobre como as empresas podem sobreviver (e crescer) nesse novo mundo conectado pela internet. Segundo ele, entender como a tecnologia muda o comportamento da sociedade é o primeiro passo para saber como lidar com as transformações causadas por ela.

“Não adianta pensar com a nossa cabeça. O primeiro passo é entender que o mundo mudou. O maior desejo dos jovens da minha geração, por exemplo, era ter um carro. Hoje, já não há mais tanto interesse, porque existem aplicativos que resolvem o problema da locomoção para eles. Tanto que houve uma redução de 21% na emissão de carteiras de habilitação no Brasil nos últimos três anos”, explica.

Justamente por isso, o desafio dos gestores das montadoras e dos taxistas não é quebrar a cabeça para desenvolver novas tecnologias para brigar com essa realidade. O desafio é entender o que as pessoas querem e oferecer soluções diferenciadas para elas. “A gente precisa aprender a desaprender e reaprender”, acrescenta André Bello, professor do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Bello chama a atenção para o fato de que as novas tecnologias estão apenas começando a aparecer. “Ainda vamos ter um salto tecnológico gigantesco nos próximos anos. E precisamos saber usar a tecnologia a nosso favor, para sanar as nossas necessidades, ao invés de competir com ela. Acredito que o futuro será totalmente diferente de tudo que já foi vivido. E, nesse futuro, não serão os mais fortes que sobreviverão, e sim os mais rápidos.”

Outro ponto importante: existe uma falsa percepção de que a inovação só é feita por pessoas jovens. “Inovação tem a ver com a forma de pensar, e não com idade”, garante o fundador da plataforma Meu Sucesso. Para ele, a empresa que possuir profissionais com conhecimento de mercado e capacidade para inovar tem seu futuro garantido. “O importante é não ter medo de mudar. Algumas marcas estão quebrando por fazerem a mesma coisa muito bem-feita por muito tempo. E nos dias de hoje precisamos de mais: é necessário fazer diferente”, conclui Magaldi.

 

GOVERNANÇA COOPERATIVA

Se as pessoas são o principal ingrediente para o crescimento de um empreendimento, a implantação de um modelo de governança é similar a uma receita, capaz de fazer todos os profissionais da empresa atuarem de forma conjunta e sinérgica, gerando resultados melhores e mais sustentáveis. Na prática, a governança cooperativa é um modelo de gestão fundamentado nos valores e princípios cooperativistas, que estabelece as políticas internas e os órgãos necessários para garantir a transparência, a ética e a perenidade dos negócios. Desde 2016, as melhores práticas relacionadas ao tema foram sistematizadas no Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativista, elaborado pelo Sistema OCB.

“Esse modelo de referência de governança tem auxiliado nossas cooperativas a melhorarem suas estruturas de gestão e, consequentemente, sua performance e competitividade”, afirma Leonardo Boesche, superintendente do Sescoop/PR. Ela esclarece que todas as políticas e estruturas sugeridas pelo manual levam em consideração os princípios e as particularidades do modelo de negócios cooperativista. Afinal, somos diferentes, com orgulho, já que nossas decisões são sempre pautadas por nosso compromisso com as pessoas e com o desenvolvimento sustentável das comunidades nas quais atuamos.

“Dentro desse nosso modelo referencial, gestão e governança são duas engrenagens que devem estar funcionando sempre; e devem estar bem alinhadas porque se uma travar, a outra pode até demorar, mas trava também”, explica Luciana Mattos, uma das especialistas que participaram da elaboração do documento.

O Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativista foi elaborado por um grupo técnico constituído por profissionais do Sistema OCB, representando as cinco regiões do país. A publicação aborda conceitos e princípios importantes sobre governança aplicados às sociedades cooperativas e trata de outras questões fundamentais, como o papel de cada agente, além da função dos órgãos de administração e fiscalização. Também são ressaltados os trabalhos e a relevância dos comitês de assessoramento e das auditorias, bem como da ouvidoria, e do relacionamento constante e estreito com o cooperado.

 

SUCESSÃO

Garantir a perenidade de uma empresa é um dos compromissos de um bom líder. Por isso, o gestor consciente é aquele que pensa hoje no amanhã e prepara os talentos da equipe para assumirem postos estratégicos no futuro. E é justamente por ter compromisso com seus cooperados que a Sicredi Pioneira (RS) implantou um processo de sucessão justo, democrático e transparente para os membros de seu conselho.

“O processo de escolha dos novos conselheiros na Pioneira é feito de maneira democrática e se dá por meio de uma avaliação de desempenho, realizada pelos próprios membros dos conselhos, onde todos respondem sobre cada um dos colegas. Ao final, é colocado um ranking e os últimos colocados são convidados a ceder o espaço”, explica Tiago Schmidt, representante da cooperativa no CBC.

Um dos requisitos para ser escolhido para o cargo é a necessidade de ter formação superior. Schmidt conta que essa exigência foi votada em assembleia e que a maior parte dos sócios entendeu a necessidade de os conselheiros de administração possuírem graduação. “Com isso, conseguimos avançar em várias questões dentro do conselho”, declara.

Sobre o futuro da sucessão, Schmidt destaca: é preciso planejar agora. “A gente não pode morrer de um dia para o outro? Essa é uma possibilidade real de saída. A partir do momento em que eu faltar, existem pessoas preparadas para que continuem a cooperativa? Essa é a nossa grande responsabilidade, enquanto gestores de um negócio cooperativo”, afirma.

 

EXEMPLO

Algumas cooperativas já alcançaram a excelência nas áreas de governança e gestão. É o caso da Unimed Belo Horizonte, única cooperativa brasileira a conquistar o selo Pró-Ética, certificação concedida pelo Instituto Ethos e pela Controladoria-Geral da União (CGU) às companhias engajadas com a integridade e a confiança nas relações comerciais, implementando ações voltadas para a prevenção, detecção e remediação de atos de corrupção e fraude.

“Ter pessoas corretas e processos bem mapeados e organizados são os pilares mais seguros para garantir o futuro de qualquer empreendimento”, revela Fernando Coelho, superintendente AdministrativaFinanceiro da Unimed BH.

Outro fator importante para assegurar a perenidade dos negócios, segundo ele, é o comprometimento com a ética e com a integridade da gestão. “É necessário fazer o certo, e não o que é fácil”, frisou.

Ainda segundo o superintendente, os principais passos para a realização de um trabalho ético são a transparência, a equidade entre os membros, a prestação de contas, a responsabilidade social e o compliance – conjunto de processos construído para garantir o cumprimento das normas, diretrizes e atividades do negócio, além de ajudar a detectar, tratar e evitar qualquer desvio na conduta desse conjunto.

 

BOA GOVERNANÇA

 

  • AUTOGESTÃO: É o processo pelo qual os próprios cooperados, de forma democrática e por meio de organismos de representatividade e autoridade legítimos, assumem a responsabilidade pela direção da cooperativa e pela prestação de contas da gestão. Os agentes de governança são responsáveis pelas consequências de suas ações e omissões.
     
  • SENSO DE JUSTIÇA: É o tratamento dado a todos os cooperados com igualdade e equidade em suas relações com a cooperativa e nas relações desta com as demais partes interessadas.
     
  • TRANSPARÊNCIA: É facilitar voluntariamente o acesso das partes interessadas às informações que vão além daquelas determinadas por dispositivos legais, visando a criação de um ambiente de relacionamento confiável e seguro.
     
  • EDUCAÇÃO: É investir no desenvolvimento do quadro social visando a formação de lideranças, para que estes tragam em seus conhecimentos de gestão e administração a essência da identidade cooperativa – base de sucesso e perpetuidade de sua doutrina.
     
  • SUSTENTABILIDADE: É a busca por uma gestão ética nas relações internas e externas para geração e manutenção de valor a todas as partes interessadas, visando a perenidade da cooperativa, considerando os aspectos culturais, ambientais, sociais e econômicos.

OCB fará parte de comissão sobre internet das coisas

Brasília (16/8/19) - O governo federal lançou nesta quinta-feira (15) um grupo para discutir a adoção de tecnologias digitais da chamada Internet das Coisas no campo. Trata-se da Câmara Agro 4.0, encabeçada pelos ministérios da Agricultura (MAPA) e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com participação de outros órgãos, de pesquisadores e de associações e empresas do setor no país. É o caso da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

O anúncio foi realizado em cerimônia na sede do MCTIC, em Brasília. O termo Internet das Coisas (IdC, ou IoTna sigla em inglês) vem sendo adotado nos últimos anos para designar um ecossistema em que não apenas pessoas estão conectadas por meios de seus computadores e smartphones, mas também dispositivos estão interligados entre si, com usuários e com sistemas complexos de coleta, processamento de dados e aplicações de diversos tipos.

Na agricultura, um exemplo é o uso de sensores em tratores que medem a situação do solo e enviam dados para sistemas responsáveis por processar essas informações e fazer sugestões das melhores áreas ou momentos para o plantio. Outro é o emprego de sistemas para fazer previsão de variações de microclima nas áreas da terra, de forma a melhorar o preparo para as alterações de temperatura ou início e fim de chuvas.

A câmara é uma decorrência do Plano Nacional de Internet das Coisas, lançado em junho pelo Poder Executivo. A agricultura foi elencada como uma das quatro áreas prioritárias, juntamente com cidades inteligentes, indústria e saúde. A intenção da iniciativa é detalhar as políticas públicas que serão desenvolvidas para o campo.

Segundo o secretário de inovação, desenvolvimento rural e irrigação do MAPA, Fernando Camargo, os integrantes vão avaliar ações em diversas frentes. A mais importante será a ampliação da conectividade nas áreas rurais, dada a extensão territorial e o contingente de pessoas ainda fora da Internet nesses locais. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2017, do Comitê Gestor da Internet, enquanto o índice de lares com acesso à web é de 65% nas regiões urbanas, nas rurais ele cai para 34%.

A Câmara também deverá se debruçar sobre programas para fomento à aquisição e difusão de tecnologias inovadoras. Dentre essas, um dos intuitos é estimular a criação e o crescimento das empresas de base tecnológica, também conhecidas como startups. O objetivo com a disseminação dessas soluções técnicas é ampliar a produtividade no campo. “Precisamos incentivar novas empresas, startups, para aumentar cadeia produtiva dentro da área do agronegócio”, defendeu o titular do MCTIC, Marcos Pontes.

O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) lembrou na cerimônia que o Brasil conta somente com 307 startups com atuação voltada à agropecuária. “Tem muito a fazer.Temos que usar os estudantes das escolas de graduação para que eles possam desenvolver programas novos e possam estar ligados a empresas de pesquisa. As empresas do setor têm interesse e temos que aproveitar isso”, ressaltou.

Entre os temas da Câmara estão também os projetos voltados à formação e capacitação de trabalhadores no campo. A introdução de novas tecnologias vai demandar a qualificação das pessoas que irão lidar com essas soluções, tanto na operação quanto na extração das informações e análises que tais sensores deverão produzir.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pontuou como um dos desafios levar essas novas tecnologias também para os pequenos e médios produtores. Segundo ela, o agronegócio brasileiro já é avançado do ponto de vista tecnológico, mais ainda no que chamou de “grande agricultura”.

“Não podemos esquecer que pequena agricultura também tem que ser apoiada para que não tenhamos um gap (lacuna, tradução livre) entre essas duas agriculturas. E ela precisa também de apoio na inovação, ciência, tecnologia”, declarou. (Fonte: Agência Brasil)

Inovar é preciso! E preservar as raízes também

Brasília (7/8/19) – O mundo dos negócios exige uma atualização constante em termos de gestão, governança, processos e, até, habilidades profissionais. É por isso que uma das palavras da moda, nos dias atuais, é disrupção, ou seja, a interrupção do curso ordinário de um processo visando uma inovação.

Contudo, quando o assunto é cooperativismo, as inovações que ocorrem só provam que ele é um modelo econômico diferenciado desde sua essência. É o que afirma Ênio Meinen, autor do livro Cooperativismo Financeiro: virtudes e oportunidades. “O cooperativismo é disruptivo desde o seu nascedouro, e o seu pioneirismo, além de mais abrangente e impactante, ainda não foi secundado.”

Em recente artigo, Meinen que é um profundo conhecedor do cooperativismo de crédito, afirma categórico: “Fala-se agora em foco DO cliente (em vez foco NO cliente). Há bancos mudando até mesmo o conceito mercadológico, para dar a impressão de que o cliente, agente passivo/coadjuvante por definição, terá alguma voz. Ora, no cooperativismo o foco sempre foi DO cooperado (sem negligenciar o caminho inverso), uma vez que ele é o dono do empreendimento.”

Assim, nesse ambiente cada vez mais mutante, é preciso assegurar que as inovações sejam capazes não de só de atender às expectativas de um cliente exigente, mas de preservar algo essencial no cooperativismo: o DNA da cooperação. Confira no artigo!

 

Sobre paradigmas, inovação e o resgate do precedente cooperativo

 

“Troque suas folhas, mas não perca suas raízes. Mude suas opiniões, mas não perca seus princípios.” (Victor Hugo)

 

Está correto o diagnóstico que aponta que o cooperativismo financeiro, por aqui, precisa ampliar a sua presença na sociedade, seja pela expansão do quadro social, seja pela densificação do relacionamento negocial com os cooperados. Para assegurar atratividade, terá de melhorar a sua eficiência operativa, racionalizando, consolidando e interconectando as suas múltiplas estruturas de 1º, 2º e 3º níveis (em busca da economia de escopo e do ganho de escala); dar os últimos retoques em seu portfólio comercial; aprimorar os seus processos operacionais, de apoio, de segurança e de acessibilidade ao negócio; qualificar a sua força de trabalho e conferir autenticidade à sua comunicação – deixando de falar como banco e assumindo a narrativa cooperativa. É isso!

No mais, como solução vanguardista para os cidadãos e empreendedores, o cooperativismo chegou bem antes, precisamente há 175 anos, e mantém-se jovem. Na dicção de Robert Shiller, Prêmio Nobel de Economia em 2013, “o movimento cooperativo constitui uma inovação essencial para uma boa e nova sociedade. É, portanto, uma iniciativa sempre atual para esse propósito, uma vez que, embora reconheça a livre iniciativa, não tem o lucro como objetivo... Cooperativismo é sinônimo de boa sociedade” (pronunciamento durante a Segunda Cúpula Mundial do Cooperativismo. Quebec, Canadá, 7 de outubro de 2014).

Economia colaborativa, compartilhada ou de rede; capitalismo consciente; nova economia; responsabilidade socioambiental; descentralização; desintermediação; protagonismo do usuário; horizontalização; user centric; customer experience; employee experience etc., muito citados como novidades no ambiente corporativo, não são nada originais para o mundo da cooperação.

Disrupção, nesse contexto, é a expressão-síntese do momento, e vem associada à seara tecnológico-digital. O cooperativismo é disruptivo desde o seu nascedouro, e o seu pioneirismo, além de mais abrangente e impactante, ainda não foi secundado. Com efeito – e aqui se desconsideram, em razão de seus reais objetivos, por exemplo, as encenações midiáticas de agentes mercantis proclamando-se educadores financeiros –, não se conhece fora da cooperação um modelo organizacional que combine, em equilíbrio, empreendedorismo econômico (progresso material) e desenvolvimento social (cidadania).

Vale lembrar que o protagonismo cooperativo, ao promover a inclusão (especialmente em comunidades remotas e low tech) e a distribuição de renda, gerando valor compartilhado, é fundamental para mitigar o crescente processo de concentração de riqueza, que, por sinal, se acentua com a “revolução” tecnológica. Em síntese, cooperativismo é a equação da economia social ou, por outra, o expoente da economia solidária.

Mas, se quisermos falar em precedência no campo tecnológico, o cooperativismo financeiro também tem suas contribuições. Chegou antes de todo mundo, por exemplo, no acesso a extratos e consultas de saldos por meio do Facebook e na identificação biométrica para utilizar o mobile banking, além de, neste momento, estar no pelotão de frente dos instituidores da rede blockchain do sistema financeiro nacional (RBSFN).

Tudo o mais para uma boa experiência do usuário/cooperado ou as cooperativas financeiras já dispõem, ou estão em vias de ter, pois a imitação nesse campo é muito simples e usual... A única diferença, tomando como referência a capacidade de investimento, é o fato de as cooperativas fazerem mais com muito menos (a relação é de R$ 1,00 para R$ 10,00 dos gigantes da indústria)  e, por vezes, melhor – alguns de seus aplicativos, como os apps bancário e de gestão de cartões, estão entre os mais bem avaliados do mercado. Portanto, pode-se afirmar que até mesmo nesse particular são inovadoras!

Em termos de ineditismo operacional, e apenas para mencionar um exemplo, recentemente se anunciou como novidade – no interesse dos portadores –, por imposição normativa oficial, a conversão das transações internacionais com cartões pelo dólar do dia da compra. No cooperativismo financeiro, que efetivamente se volta para o interesse dos seus usuários (cooperados), essa prática já tem mais de dez anos!

Cashback. Eis, também, uma suposta “revolução” no segmento bancário, proclamada por uma das mais badaladas instituições digitais entre nós.  A “invenção” consiste na devolução, em espécie, de parte de tarifas e comissionamentos de transações financeiras, uma vez cumprida uma lista interminável de pré-condições. Ocorre que as cooperativas, a partir da concepção, em Rochdale, têm na sua essência o partilhamento integral e incondicional do resultado, direta ou indiretamente, com aqueles que geram o excedente e na proporção que o fazem, sem contar a prática da justa precificação já na contratação das operações e dos serviços.

Crowdfunding é como foi (re)batizada a iniciativa para a mobilização coletiva de recursos destinados a projetos econômicos e sociais. No cooperativismo, desde 1.844, essa ação – que se confunde com a própria cooperação – leva o nome de ajuda mútua.

Suitability (associado à política do “conheça seu cliente”) e disclosure são virtudes muito invocadas atualmente, dadas algumas práticas desleais no mercado financeiro, seja em relação aos usuários, seja na relação concorrencial. O exemplo último é o que envolve a adquirência bancária (maquininhas de cartões). No cooperativismo, dado que o cliente é o dono do negócio, e a transparência um de seus valores universais, não se cogita impingir soluções que não se adequem às necessidades e às condições do tomador, e muito menos disseminar inverdades.

Ainda nessa linha, fala-se agora em foco DO cliente (em vez foco NO cliente). Há bancos mudando até mesmo o conceito mercadológico, para dar a impressão de que o cliente, agente passivo/coadjuvante por definição, terá alguma voz. Ora, no cooperativismo o foco sempre foi DO cooperado (sem negligenciar o caminho inverso), uma vez que ele é o dono do empreendimento.

Accountability é outro atributo que vem sendo enaltecido como elemento virtuoso na cultura organizacional. No cooperativismo, a ética, a responsabilidade pessoal e a prestação de contas assumem relevância tal a ponto de integrar os direcionadores doutrinários do movimento, compondo o rol de valores da causa.

Stakeholders, já não tão recente, é também vocábulo bastante recitado entre nós quando nos referimos ao público de interesse da/na empresa. O cooperativismo, preocupado com o seu entorno desde sempre, tem uma designação própria para o seu mundo relacional, inclusive versada na língua pátria. Trata-se do interesse pela comunidade, o 7º de seus princípios universais.

Ownership, por fim, também vem permeando, com recorrência, o vocabulário corporativo. Não faz muito, uma conhecida empresa da área bancária, “inovando” em suas práticas de empoderamento, doou algumas ações a funcionários, esperando maior engajamento com vistas a melhorar a experiência relacional com os clientes. Parece que não deu certo...  Do lado do cooperativismo financeiro, os funcionários, todos, desde que ingressam nas entidades, são coproprietários – em igualdade de condições com os demais cooperados –, assumindo naturalmente a condição de pertencimento.

Estes são apenas alguns exemplos de expressões, ações e movimentos saudados como inéditos, mas que no mundo cooperativo já vêm conhecidos, e aplicados, de longa data.

Não podemos, é claro, acomodar-nos ou inebriar-nos com o que já conquistamos. Devemos estar receptivos ao novo, especialmente sobre o “como fazer”, assimilando a transformação digital em curso (tsunami high tech), internalizando e aprimorando processos e modelos de negócios que impliquem melhores experiências para os cooperados – mas sob a ótica e a escolha destes (donos experience, que também devem ter a opção high touch!) –, sem o que não evoluiremos e nem caminharemos, pessoalmente e com as nossas instituições, para o futuro. Também temos de reconhecer, e enaltecer, o esforço dos atores cujas receitas, hoje, reeditam as quase bicentenárias práticas cooperativistas para a edificação de um mundo melhor.

Mas se rever a forma é essencial para o nosso negócio, preservar o DNA (da cooperação) – particularmente no que se refere ao compromisso com a prosperidade econômica e o desenvolvimento social nos territórios e de seus públicos – é fundamental, mesmo porque não passível de digitalização, robotização, automatização ou reprodução por qualquer forma. Ou seja, não corre o risco de virar commodity... 

Além disso, estamos falando de uma proposta que tem a simpatia de 1 entre cada 6 habitantes do Planeta; que só nos Estados Unidos conquista 4,5 milhões de membros a cada ano apenas no segmento financeiro e que emprega 20% mais trabalhadores que a soma das multinacionais ao redor do mundo. Certamente, o mutualismo cooperativo não é uma ideia ultrapassada, mas a própria, substancial e permanente inovação!

Os que operamos no meio não podemos deslumbrar-nos com os alaridos modistas (hypes, buzzwords...); guiar-nos simplesmente pelas fórmulas e soluções-padrão ditadas em atacado; curvar-nos incondicionalmente diante dos profetas do futuro – não raro, por nós regiamente remunerados para adivinhar o que supostamente vem por aí... –, ou aderir imprevidentemente ao livro-texto e aos best-sellers da hora. Muito menos, aceitar a ideia de que o “novo” (fintechs, bigtechs, beBanks, bancos digitais, Alexas, Bias e outros componentes do universo inorgânico e selfservice) desqualifica as instituições (financeiras) cooperativas ou as levará à morte.

Precisamos – sobretudo, eu diria – (re)aprender e apreender o cooperativismo, propósito em si; simples, inclusivo, justo, acessível (até mesmo na linguagem) e, reitere-se, sempre contemporâneo – basta um olhar para a Agenda BC#, do Banco Central do Brasil ... –, porquanto centrado nas pessoas, ativo resiliente e que jamais deprecia. Além de pouco conhecê-lo, alguns de nós, lamentavelmente, ainda lhe temos preconceito.

É nosso dever, a toda hora e em todo lugar, evidenciar, incentivar e, mais que isso, exercitar as características e os precedentes do nosso modelo societário e operacional, pois essa é a nossa identidade, o que nos torna únicos, verdadeiramente originais. Enfim, não podemos colaborar para o triunfo da concepção mercantil, ou converter-nos em uma mera plataforma digital – mais do mesmo! Como ensina a canção de Nando Reis, se formos como os outros, todos iguais, “nossos rostos singulares haverão de se tornar vulgares em meio à multidão”.

Portanto, voltando ao início, preservemos o conteúdo, falemos mais sobre nós e, para “surfar a onda”, atualizemos a forma. Isso nos manterá à frente!

 

Ênio Meinen, coautor (com Márcio Port) do livro Cooperativismo financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios, e autor de Cooperativismo Financeiro: virtudes e oportunidades. Ensaios sobre a perenidade do empreendimento cooperativo, livro este também versionado no idioma inglês sob o título Financial cooperativism: virtues and opportunities. Essays on the endurance of cooperative entreprise (todos da editora Confebras, lançados em 2014, 2016 e 2018, respectivamente). Nota: Este texto, do qual sou mero porta-voz, foi construído a muitas mãos, sendo fruto de um verdadeiro protagonismo coletivo. Grato a todos que, direta e indiretamente, cooperaram!

Luxos do século: privacidade, tempo e silêncio

Brasília (31/7/19) - Com perfil entusiasta e propositivo, Martha Gabriel conjuga múltiplas habilidades e ofícios. De Norte a Sul do país, em uma vasta e dinâmica agenda que inclui conferências e cursos em outros países, a renomada especialista em marketing digital, inovação e educação vem compartilhando sua expertise e legando ensinamentos a públicos cada vez maiores e diversificados.

Para ela, a internet das coisas tem transformado as relações interpessoais e o jeito como lidamos com aparelhos, utensílios e ferramentas – o que é positivo, pois “permite uma inédita otimização de recursos na história da humanidade. Por outro lado, no entanto, conforme essa transformação avança, a onipresença e onisciência da internet invade todos os aspectos da vida, num processo em que estamos cada vez mais “visíveis” na rede. Ela afirma no artigo abaixo que a falta de privacidade, de tempo e de silêncio é um efeito colateral dessa conectividade toda. Confira!

 

Luxos do século XXI: privacidade, tempo e silêncio

 

Por Martha Gabriel

 

Temos visto e sentido a disseminação tecnológica acontecendo em ritmo de crescimento exponencial na sociedade, mas, muitas vezes, não percebemos a revolução silenciosa e invisível que a acompanha, transformando e modificando o polo de valores de nossas vidas.

Quando a internet era jovem, no final do século passado, existia um entusiasmo com as possibilidades de conexão entre pessoas e informações em qualquer lugar do planeta. Conforme a web foi se expandindo, também foi crescendo a quantidade de pessoas e objetos conectadas a ela e, hoje, isso inclui virtualmente todo tipo de dispositivo: carros, geladeiras, termostatos, casas, semáforos, lâmpadas, ou seja, qualquer tipo de objeto, inclusive os pessoais, como roupas e óculos, por exemplo, além, claro, do poderoso smartphone.

Essa é a tão falada internet of everything, termo cunhado por Kevin Ashton em 1999, na qual qualquer coisa dotada de sensores, consegue “sentir” o seu ambiente e se comunicar tanto com outras coisas, quanto com seus donos ou outras pessoas. Com isso, todas as coisas passam a ser smart, ou seja, adquirem uma camada de informação que as permite operar de forma mais inteligente. Desse modo, portanto, a inteligência das coisas tem aumentado no mundo ao nosso redor.

Por um lado, tudo isso é extremamente excitante, pois permite uma inédita otimização de recursos na história da humanidade. Geladeiras que nos informam quando um produto acabou ou perdeu a validade e que faça pedidos automaticamente aos supermercados; cidades que conseguem prever epidemias e manifestações em função da movimentação nas ruas e dados comportamentais; termostatos que regulam a temperatura do ambiente em função da quantidade de pessoas no mesmo; cordas, tênis, raquetes e patinetes que medem nossa performance durante o seu uso para nos ajudar a melhorá-la; escovas de dentes que nos informam a melhor maneira de escovar; camisas que analisam nossa saúde; e mais uma infinidade de possibilidades de otimizações.

Por outro lado, no entanto, conforme a internet of everything avança, precisamos nos conscientizar de que tudo o que fazemos, os lugares que visitamos, bem como o modo que vivemos, compramos, nos divertimos e aprendemos foram profundamente transformados por essa conexão inteligente entre tudo. A onipresença e onisciência da internet invade todos os aspectos das nossas vidas, num processo em que estamos cada vez mais “visíveis” na rede. Esse é o trade-off da otimização e personalização: quanto mais informações pessoais fornecemos, mais eficiente e rico é o processo.

Nesse contexto, torna-se cada vez mais difícil (e em alguns casos, impossível) ter privacidade. Por exemplo, se a sua camisa smart envia alertas sobre a sua saúde automaticamente para o seu médico, ela pode também informar os fabricantes de remédios sobre a sua situação. Cada vez mais empresas empreendedoras estarão minerando o campo da internet of everything em busca de oportunidades de personalização e otimização. Certamente veremos nos próximos anos uma ‘corrida do ouro’ nessa área minando cada vez mais a privacidade.

Além da ubiquidade que nos vê o tempo todo, o novo cenário tecnológico traz também mais dois impactos profundos: 1) a tecnologia nos entretém cada vez mais ininterruptamente, em todas as dimensões da nossa existência; 2) a tecnologia permite que haja muito mais fluxos de comunicação e aparelhos emitindo sons e barulho em qualquer lugar o tempo todo ao nosso redor. As consequências disso é que, além de privacidade, temos também cada vez menos tempo e silêncio em nossas vidas.

O aparato tecnológico ampliou consideravelmente a quantidade de coisas que temos para fazer tanto no trabalho quanto em casa. Por exemplo, antigamente tínhamos apenas uma dúzia de canais de televisão para assistir, enquanto hoje, temos milhares. Antes tínhamos alguns jogos de tabuleiro, hoje temos milhares de jogos online. Além disso, devido ao seu papel de desintermediação, hoje fazemos muito mais coisas que no passado – esse é o caso dos supermercados, em que além de pegar os produtos, também pesamos, embalamos e processamos o pagamento. Ou quando fazemos check-in em voos e hotéis – antes alguém nos atendia, hoje fazemos a entrada de dados, escolha de assentos/quartos, imprimimos o boarding pass e o escaneamos na entrada do avião. E assim por diante. Quanto mais dispositivos conectados, mais coisas para fazer, e menos tempo para tudo. Assim, a gestão do tempo passa a ser uma das principais habilidades humanas hoje.

Uma conclusão óbvia é de que todos esses dispositivos podem emitir sons, conteúdos e informações (por exemplo, a sua camisa smart enviou informações sobre a sua situação para fabricantes de remédio, que poderão, eventualmente te contatar), bem como habilitar o próprio ser humano a se comunicar em qualquer lugar, aumentando a poluição sonora.

No entanto, além disso, a tecnologia também alavancou o crescimento populacional e a urbanização no planeta, aumentando cada vez mais a densidade de pessoas e coisas praticando emissões sonoras ao nosso redor: televisões e monitores ligados em todos ambientes, pessoas usando seus smartphones (tanto para conversar quanto para ver e ouvir os seus conteúdos), alertas de sensores de carros, fornos, telefones, aplicativos, etc. Assim, o silêncio está se tornando uma raridade.

Sabemos que em cada momento da história, a escassez sempre determinou o valor das coisas – quanto mais escassa, mais valiosa. Partindo desse princípio, acredito que nos próximos anos nos daremos conta que, em função da transformação tecnológica em nossas vidas, os artigos de luxo do século XXI serão a privacidade, o tempo e o silêncio. Será que temos consciência e estamos preparados para isso?