Crise na cadeia do leite reúne parlamentares e produtores
Deputados membros da Frente Parlamentar do Leite, da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) e produtores de 11 cooperativas singulares e duas centrais da cadeia produtiva do leite se reuniram na sede do Sistema OCB em Brasília, nesta quarta-feira (18). O encontro teve como objetivo reinvindicar a publicação de decreto prometido pelo governo federal, que visa mitigar a importação de lácteos, especialmente da Argentina e do Uruguai. Na segunda-feira (16), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou que a proposta já saiu de sua pasta e que o tema teria seguido para a Casa Civil.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, acredita que o setor precisa se fortalecer no momento atual. "A nossa capacidade de sobrevivência está diretamente relacionada com a de coordenação dessa ação", disse. Para ele, é preciso que a relação com o Congresso Nacional e as frentes parlamentares do Leite e do Cooperativismo seja ativa e positiva. "Todos os estados precisam se aproximar de seus parlamentares. É preciso ganhar espaço de interlocução no Congresso, com uma base legítima e presenças importantes. Precisamos de quem fale por nós, pelo setor", reiterou.
Vicente Figueiredo, coordenador nacional da Câmara do Leite do Sistema OCB, informou que a expectativa é de que o documento seja assinado pelo presidente Lula ainda essa semana "Estamos em Brasília com a expectativa de levar a taça para casa. Com o apoio da OCB, da Frente Parlamentar do Leite, da Frencoop, da CNA, da Abraleite e de outras entidades, teremos uma reunião com a Casa Civil para cobrar essa publicação", declarou.
De acordo com a Comex Stat, do Ministério da Indústria e Comércio, nos cinco primeiros meses de 2023, as aquisições de produtos lácteos provenientes de outros países cresceram 247,9%, se comparado com o mesmo período do ano passado. Esses números geram preocupação entre os pequenos produtores de leite, que alegam não conseguir competir com as medidas que facilitam a importação da bebida.
A presidente da Frente Parlamentar do Leite, deputada Ana Paula Leão (MG), ressaltou que nunca houve uma política pública voltada para o produtor de leite, o que faz com que o problema acabe sendo recorrente. "Sejam pequenos ou grandes, os produtores estão tendo prejuízo. Precisamos sanar essa questão envolvendo a importação do leite com a máxima urgência", opinou.
O deputado Domingos Sávio (MG) explicou que o leite envolve a principal base de renda da agricultura familiar do Brasil. Para ele, o pequeno produtor e agricultor familiar dependem do leite para manter suas famílias, o que gera um problema econômico e social. "O leite é o melhor programa social que existe. Ele distribui renda e permite a continuidade da vida do produtor no campo", assegurou.
Já o deputado Rafael Pezenti (SC), se mostrou preocupado com o desabastecimento. Ele esclareceu que os produtores estão largando a atividade e isso impacta na oferta de leite nacional nas prateleiras dos mercados. "Se nenhuma medida for tomada imediatamente, o preço do leite pode chegar a R$ 12 ou R$ 15 reais por litro ", assegurou. O parlamento afirmou que o problema vai além do socioeconômico para se transformar em uma questão de segurança alimentar.
Para a deputada Marussa Boldrin (GO), o produtor não pode mais esperar. "Como eu chego no meu estado falando que o decreto não saiu? Esperamos que, a partir de hoje, essa narrativa possa mudar", relatou. O deputado Rafael Simões (MG), por sua vez, afirmou que é necessário pensar em soluções também para o pós-crise. "Precisamos trabalhar para que, depois da crise, a cadeia leiteira seja organizada. Temos que lutar para que isso pare de acontecer todos os anos e que os produtores possam enxergar um futuro na sua terra".