Representação política é sinônimo de advocacy?

Essa é uma dúvida comum sobre os bastidores dos Três Poderes. Mas embora a representação política e o advocacy sejam atividades complementares, elas não são iguais. A primeira garante que o cooperativismo seja visto e lembrado como um setor fundamental para o desenvolvimento do país. É ela quem marca presença em fóruns importantes de debate, inicia contatos estratégicos e abre espaço para defendermos as bandeiras do coop. Seria como os jogadores de meio de campo, trocando passes para criar oportunidades interessantes em uma partida de futebol.  

Já o advocacy — do inglês "advogar" ou "defender" — vem para consolidar o nosso plano de ação, influenciando positivamente decisões que possam impactar de alguma forma as cooperativas. É um processo que pode acontecer, por exemplo, em consultas públicas ou propostas legislativas. Seguindo a metáfora do futebol, é neste momento que entrariam em campo os atacantes, finalizando a jogada e marcando vários gols para o movimento cooperativista. Mas no campo da política, eles fazem isso a  partir de um posicionamento institucional estruturado, baseado em informações técnicas, realizando um trabalho de mobilização e negociação, em busca de conquistas determinantes para o cooperativismo. 

 

Dentro do Sistema OCB, contamos com um time de 21 cientistas políticos e analistas técnicos que trabalham, juntos, para defender os interesses do coop. Para você ter ideia, somente em 2023 acompanhamos de perto 5.344 proposições de interesse do cooperativismo brasileiro no Congresso Nacional. 

Também marcamos presença no Poder Executivo. Participamos de 277 reuniões com agentes do Poder Público e monitoramos 3.135 normativos no Diário Oficial da União com impacto no coop. Sem falar também da nossa atuação no Poder Judiciário, acompanhando processos relacionados a temáticas importantes para o cooperativismo. Tudo isso faz parte das atividades de representação institucional do Sistema OCB. 

Na área de advocay, apresentamos 546 matérias consideradas fundamentais para a sustentabilidade e o crescimento do modelo de negócios coop. No último ano, por exemplo, marcamos um golaço, com uma vitória histórica para o coop: garantimos a inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo no texto da Reforma Tributária, aprovado no mês de novembro, no Congresso Nacional. 

Todos esses números mostram que o Sistema OCB está totalmente comprometido com a missão de defender os interesses das cooperativas brasileiras, Afinal, somos a voz do coop no Brasil e temos o compromisso público de ajudar a aprovar leis e políticas públicas favoráveis ao desenvolvimento do nosso modelo de negócios.

 “Nós atuamos como facilitadores para promover uma troca construtiva entre as cooperativas, os órgãos públicos e os tomadores de decisão. A ideia é a partir do trabalho de representação política, utilizarmos do advocacy para influenciar positivamente na elaboração de políticas públicas e legislações que estejam alinhadas com o que faz sentido para o cooperativismo. Nosso objetivo é assegurar um ambiente regulatório que favoreça o crescimento de todo o setor e fomente uma atuação sustentável das cooperativas no mercado”, destaca a gerente-geral da OCB, Fabíola Nader Motta.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Os conceitos de representação político-institucional e de advocacy estão interligados e se complementam. Enquanto um constrói reconhecimento, o outro consolida as estratégias de defesa com ações. Na esfera de representação, os esforços são direcionados para consolidar a presença e a visibilidade do cooperativismo na agenda do país. Partimos então para um processo direto de articulação, ainda mais dinâmico e direcionado, que acontece dentro do escopo de advocacy. Apresentamos argumentos e estudos técnicos que retratam a realidade e as potencialidades do modelo coop, buscando influenciar decisões importantes em benefício das cooperativas. 

“Defender o cooperativismo como uma categoria econômica é um compromisso da OCB", garante a gerente-geral do Sistema OCB. "Com uma participação ativa nas discussões junto ao Congresso Nacional e ao governo, contribuímos para que as particularidades das cooperativas sejam contempladas, podendo amparar, inclusive, temas como equidade, inclusão econômica e desenvolvimento sustentável. Afinal, nós sabemos que o cooperativismo é um agente importante na construção de uma sociedade mais justa e próspera.”

 

 

De onde vem Advocacy é um termo inglês, que vem do verbo “advocate” (advogar). Mas sua origem é do latim, mais especificamente da palavra “advocare”, que traz como significado “ajudar alguém em necessidade”. A expressão ainda não tem uma tradução literal para o português. Trata-se de uma atividade baseada em uma comunicação objetiva, direcionada e argumentativa. A ideia é promover o diálogo entre instituições públicas e privadas, empresas e o Poder Público para influenciar processos decisórios em defesa de causas importantes para diferentes grupos e segmentos.     

Legislação – O advocacy está presente no mundo todo. Alguns países contam, inclusive, com legislações específicas para regulamentar essa prática. No Brasil, esse processo ainda está em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O objetivo é trazer diretrizes e regras que disciplinem oficialmente o processo, reforçando a importância da ética e da transparência.   

Destaque – Direito de todos
A participação da sociedade em processos decisórios do país está prevista na Constituição Federal de 1988, uma marca importante em um processo de evolução democrática. Existem diferentes mecanismos apontando como isso pode acontecer. Um exemplo são os conselhos gestores de políticas públicas nos estados e municípios, assim como consultas e audiências públicas. Em muitos casos, essa participação ocorre a partir da atuação de entidades da sociedade civil em defesa de diferentes setores, como o Sistema OCB em prol do cooperativismo brasileiro. 
   

 

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