Cooperativismo leva voz do Brasil a fórum da ONU sobre dados ambientais
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Evento reuniu líderes globais para debater modelo de governança de dados mais inclusivo
O Sistema OCB marcou presença na 3ª Reunião de Alto Nível do Fórum de Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNSPBF), realizada entre os dias 8 e 10 de julho, em Frascati, na Itália. Representado por Débora Ingrisano, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas, o cooperativismo brasileiro apresentou suas contribuições para a construção de um modelo de governança de dados ambientais mais inclusivo e alinhado às realidades de países em desenvolvimento.
Com o tema Rumo à uma revolução da Big Data para o planeta: da incerteza à oportunidade, o encontro reuniu lideranças globais da ciência, política, negócios e tecnologia para debater os desafios e caminhos para tornar os dados ambientais um ativo estratégico na promoção de sustentabilidade, biodiversidade e justiça social.
Na ocasião, Débora participou do painel Caminhos para a Inclusão e Equidade, que discutiu modelos de governança e financiamento capazes de democratizar o acesso aos dados ambientais e promover a transição digital de forma justa. Em sua apresentação, ela ressaltou o papel das cooperativas em levar para cooperados de mais de 30 segmentos econômicos, espalhados em mais da metade das cidades brasileiras em um país continental, educação, avaliação de dados e soluções para a pauta ambiental, bem como social e de governança, dentro do Programa ESGCoop. “As cooperativas brasileiras do Ramo Agro são formadas, em média, por 800 cooperados, o que nos permite acessar uma grande base de produtores rurais, assim como diversos outros profissionais, e ampliar o acesso às soluções de desenvolvimento sustentável. Essa estrutura facilita a governança de dados, porque os cooperados têm uma relação próxima e de confiança com suas cooperativas, o que potencializa o engajamento e a qualidade das informações”, afirmou Débora.
Quando se fala em financiamento de projetos de dados, a força do cooperativismo também faz diferença. “O modelo cooperativista possibilita ganhos de escala com contratações conjuntas e otimização de recursos. Além disso, o Brasil estruturou o sistema cooperativista nacional como parte do Sistema S, o que permite arrecadar contribuições e financiar projetos coletivos em benefício de todo o setor”, completou.
Dados como vetor de transformação
Durante o fórum, especialistas destacaram a necessidade de criar padrões globais para coleta, interoperabilidade e uso de dados ambientais, de modo a garantir consistência e confiabilidade das informações. A ONU apresentou a proposta da Estratégia Global de Dados sobre o Meio Ambiente (GEDS, na sigla em inglês), que busca articular governos, empresas e sociedade civil em torno de cinco pilares: governança, qualidade de dados, interoperabilidade, acesso e capacitação.
Contribuição para a agenda global
O evento também trouxe ao centro do debate a importância de mecanismos financeiros para apoiar países e organizações na adoção de tecnologias e práticas de coleta e análise de dados. Representantes do setor financeiro discutiram como métricas ambientais mais robustas podem influenciar decisões de investimento e gestão de riscos, enquanto o setor tecnológico apresentou avanços no monitoramento de oceanos, terras e atmosfera.
Ao lado de instituições como a Comissão Europeia, o Banco Mundial e a Organização Internacional de Padronização (ISO), o Sistema OCB defendeu que as cooperativas são agentes fundamentais para viabilizar o monitoramento ambiental em grande escala, especialmente em contextos desafiadores.
“O cooperativismo tem se mostrado um aliado estratégico para atingir metas globais de clima e biodiversidade. Por meio de nossa rede, podemos ampliar a coleta e o uso de dados ambientais, além de promover uma transição digital que não deixe ninguém para trás”, concluiu Débora.
Próximos passos
Ao fim do fórum, a ONU consolidou as principais recomendações no documento Frascati Pathways, que servirá de base para a construção de políticas e parcerias em nível global. O Sistema OCB seguirá acompanhando os desdobramentos e reforça o compromisso de articular suas cooperativas para contribuir ativamente com a agenda de dados ambientais e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).