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Diretrizes estratégicas orientam comunicação do coop para os próximos anos

E se mais brasileiros conhecessem o jeito cooperativista de fazer negócios de forma sustentável e humana? Nosso movimento precisa ser visto, ouvido e lembrado para conquistar mais cooperados, consumidores e aumentar nosso impacto nas comunidades. Uma das ferramentas para atingir esse objetivo estratégico é a comunicação assertiva, democrática e eficaz sobre o que é o cooperativismo, seus diferenciais e vantagens. 

Com esse foco, durante o 15ª Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), realizado em Brasília, em maio, representantes do coop de todo o país elegeram duas diretrizes estratégicas prioritárias para a comunicação cooperativista nos próximos cinco anos: 

1. Definir públicos estratégicos, selecionar canais de comunicação e adaptar a linguagem para atingir todos os públicos (crianças, jovens e adultos) de forma eficaz, acessível e inclusiva.

2. Promover ações de sensibilização e engajamento da comunidade escolar e da sociedade

em geral sobre os princípios e benefícios do cooperativismo, por meio de eventos, campanhas educativas e programas de educação continuada.

As duas ações fazem parte do conjunto de 25 diretrizes que irão guiar o planejamento estratégico do Sistema OCB para o período de 2025 a 2030. A seleção das diretrizes prioritárias foi baseada em dois critérios-chave: impacto, com foco na capacidade de promover o aumento da competitividade das cooperativas;  e urgência, relacionado ao quão imediata e prioritária é sua implementação.

No caso da Comunicação, as duas diretrizes prioritárias irão orientar a atuação do Sistema OCB Nacional e das Organizações Estaduais na definição de campanhas, produção de conteúdo para sites e redes sociais, relacionamento com a mídia, patrocínios, eventos, escolha de novos produtos e formatos para conversar com os públicos-alvos, entre outras iniciativas. 

“As diretrizes de Comunicação serão norteadoras para o Sistema OCB promover o cooperativismo para a sociedade. Hoje já temos como estratégia o movimento SomosCoop e suas iniciativas. Vamos manter algumas dessas estratégias, melhorar as iniciativas e criar novos projetos”, antecipa a gerente de Comunicação e Marketing do Sistema OCB, Samara Araujo. 

Todas essas ações também precisam levar em conta um olhar da comunicação cooperativista sobre o futuro, considerando o avanço da Inteligência Artificial e o uso de ferramentas como o ChatGPT para produção de conteúdo; o crescimento do chamado marketing de influência, em que criadores mobilizam milhões de seguidores em redes sociais como o Instagram e TikTok; e, claro, os novos hábitos de consumo de mídias, com prevalência do digital e de formatos dinâmicos e interativos. 

“Nosso objetivo é aprimorar as estratégias de comunicação do cooperativismo com base em dados, além de alinhar o discurso em todo o movimento, capacitar porta-vozes, fortalecer campanhas e ampliar a presença do coop no mundo on-line, entre outras ações”, acrescenta a gestora. 

Precisamos falar sobre o coop

A primeira diretriz estratégica de Comunicação aprovada no 15º CBC deixa claro que precisamos falar mais sobre o coop, em canais diversos, e de uma maneira que todas as pessoas entendam. 

Matéria-prima para produzir conteúdo de qualidade e atrativo não falta, afinal, estamos tratando de um modelo de negócio sustentável, que produz trabalho e riqueza com foco nas pessoas, comunidades e no meio ambiente e que já representa mais de 10% da população brasileira. 

“Definir públicos estratégicos, selecionar canais e adaptar a linguagem são práticas essenciais para alcançar uma comunicação efetiva, com resultados positivos. Cada público tem necessidades, interesses e características diferentes”, explica Samara Araujo.

Adaptar a linguagem e o tom da comunicação sobre o coop torna a mensagem mais relevante e adequada às demandas de cada público, aumentando a probabilidade de engajamento e compreensão. Já a escolha do canal correto de comunicação leva em conta preferências do público em relação a formatos como redes sociais, emails, comunicações impressas, etc. Com o canal certo, é mais provável que a mensagem sobre o coop chegue a mais pessoas. 

Para identificar as demandas e oportunidades de comunicação sobre o coop, o Sistema OCB monitora a percepção da sociedade sobre o movimento cooperativista com pesquisas, análise de testes e estudos de comportamentos e tendências. 

Recentemente, a Pesquisa de Imagem do Cooperativismo 2023 identificou que para 88% dos brasileiros o cooperativismo é atual, inovador ou moderno, e está associado a conceitos como união, solidariedade e cooperação. Na pesquisa, 77% dos entrevistados conseguiram citar pelo menos uma cooperativa, mas, de forma geral, a maioria ainda não relaciona o coop a negócios e competitividade. 

A partir de informações como essas, as ações de comunicação são desenvolvidas baseadas em dados, aumentando as chances de acertar o público-alvo com as informações que ele precisa conhecer. 

Educação sobre o coop

Em outra frente, a segunda diretriz estratégica de comunicação destaca a necessidade de apresentar o coop para os cidadãos do futuro. A meta, neste caso, é promover a informação sobre o cooperativismo em escolas e programas de educação continuada para mostrar, desde cedo, que o coop é um bom negócio e um caminho para um mundo mais justo. 

“Divulgar o cooperativismo nas escolas é importante para transmitir os valores cooperativistas e para garantir a sustentabilidade desse modelo de negócio, uma vez que se planta a semente do coop junto ao público jovem. É importante destacar que as ações de comunicação devem estar atreladas a iniciativas pedagógicas, como programas educativos e experiências práticas”, pondera Samara Araujo. 

Muito além do ambiente escolar, esse tipo de iniciativa reverbera em toda a comunidade. O que se aprende na escola é compartilhado em casa, ampliando o alcance das informações e formando novos porta-vozes do cooperativismo. 

Trabalho em conjunto 

Além da comunicação institucional, feita pelo Sistema OCB e pelas Organizações Estaduais, as cooperativas brasileiras também podem adotar as diretrizes estratégicas em seus planejamentos de comunicação e marketing, fortalecendo um discurso alinhado e unificado sobre o coop. 

Os materiais para colocar em prática as novas orientações serão disponibilizados por meio do SomosCoop, um movimento criado para ressignificar e dar visibilidade ao cooperativismo, com conteúdos informativos e inspiradores de uso livre pelas cooperativas. 

“Hoje, todas as nossas iniciativas para divulgar o cooperativismo são feitas via SomosCoop. O site funciona como um hub de tudo que é desenvolvido para promover o coop, facilitando o acesso à informação e promovendo a disseminação das nossas iniciativas. São notícias, e-books, vídeos informativos, histórias transformadoras, webséries e podcasts”, lista a gerente. 

Uma das ferramentas disponíveis para as cooperativas é a Central da Marca, em que é possível acessar os materiais das campanhas do SomosCoop e orientações sobre como utilizá-los. 

“Além disso, mantemos uma presença ativa nas redes sociais com postagens que promovem a imagem do coop e desenvolvemos campanhas publicitárias que destacam os benefícios do modelo de negócios para toda sociedade”, acrescenta Samara Araujo.

Conheça mais diretrizes estratégicas de Comunicação

Além das duas diretrizes prioritárias, durante o 15º CBC também foram definidas mais oito diretrizes estratégicas gerais de Comunicação para o cooperativismo brasileiro nos próximos anos: 

1. Alinhar o discurso em todo o cooperativismo, tendo como base o movimento SomosCoop, com uma linguagem simples e acessível.

2. Ampliar a presença do cooperativismo no mundo on-line investindo em estratégias de marketing digital.

3. Aprimorar as estratégias de comunicação do cooperativismo baseada em dados.

4. Capacitar porta-vozes do setor com materiais padronizados sobre os benefícios do cooperativismo.

5. Fortalecer a campanha SomosCoop para divulgação do cooperativismo e seus benefícios nos principais canais de comunicação com mídias on-line e off-line.

6. Incentivar a intercooperação na comunicação do cooperativismo, de maneira unificada e integrada para valorização do setor.

7. Investir nas áreas de marketing e de gestão de marca (branding) nas cooperativas, seja com um profissional dedicado a esse tema em cada cooperativa ou com a contratação de parceiros especializados.

8. Mapear continuamente tendências em comunicação para aprimorar as estratégias de divulgação do cooperativismo

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Como preparar o porta-voz da sua cooperativa para falar com a imprensa?

Treinamento conhecido como media training orienta relação com mídias para divulgar ações do cooperativismo, lidar com crises e evitar riscos à imagem 

O cooperativismo já representa cerca de 10% da população brasileira, com 20,5 milhões cooperados, segundo o Anuário do Cooperativismo 2023. Para comunicar os diferenciais desse modelo de negócio tão relevante para o país, é preciso capacitar as cooperativas para o relacionamento com a imprensa, fazendo o coop ser visto, ouvido e compreendido por mais brasileiros. 

Em seu papel como defensor do coop brasileiro, o Sistema OCB acredita que o preparo de dirigentes e representantes é fundamental para divulgar boas ações, promover a capilaridade do movimento, além de prevenir riscos e solucionar crises. 

Essa preparação para lidar com os meios de comunicação é chamada de media training, treinamento que orienta relação com diversos veículos de imprensa para divulgar ações do cooperativismo, lidar com crises e evitar riscos à imagem. 

As cooperativas brasileiras têm à disposição um manual produzido pelo Sistema OCB (veja box abaixo) com orientações para um relacionamento bem sucedido com a mídia em casos de crises de imagem das cooperativas. Um dos autores do guia é o professor e mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília João José Forni,diretor da empresa de consultoria Comunicação e Crise. 

“O media training tornou-se uma competência fundamental para quem ocupa cargos de destaque ou precisa se posicionar na mídia, promover o próprio negócio, e não é diferente para as cooperativas”, explica o especialista. 

Segundo ele, o treinamento é parte fundamental da construção de um bom relacionamento com a imprensa tradicional séria e de credibilidade.

Aperfeiçoar e capacitar

Em Goiás, a OCB/GO realiza, desde 2020, cursos de media training para presidentes, diretores, cooperados e colaboradores que atuam como porta-vozes das cooperativas. O superintendente Jubrair Caiado explica que a iniciativa surgiu de uma preocupação com a preparação dos porta-vozes.

“O curso nos levou a outro patamar, porque é uma formação bem prática, em que o porta-voz aprende a como se portar em uma entrevista para rádio, para TV. E isso despertou também o interesse em melhorar nosso relacionamento com a imprensa”, afirma Caiado, que também destaca a importância de as cooperativas terem setores de Assessoria de Imprensa bem estruturados. 

Ao todo, 33 cooperativas goianas foram contempladas com o curso, em um total de 123 participantes em 9 turmas. A mais recente foi realizada em maio deste ano. A presidente da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável (Cooprec), Noelia Maria de Carvalho, que participou do media training da OCB/GO, destaca a simulação de entrevista feita com um jornalista como um dos pontos altos do curso. 

“Nos ensinaram como agir em público, a pensar antes de responder a uma pergunta. Foi importante para aprender a falar melhor da nossa área de atuação e explicar como funciona”, afirma. Segundo ela, o aprendizado será aplicado pelo departamento de Comunicação da coop para divulgar a atividade de reciclagem, um tema em alta na mídia por estar associado ao meio ambiente e à sustentabilidade.

“Quando a gente trabalha nessa área, a gente sofre algumas discriminações, porque a gente trabalha com lixo. Mas, na verdade, somos agentes ambientais, porque trabalhamos praticamente limpando a cidade. Como seria se não existissem as cooperativas de reciclagem em todo o mundo? Temos que destacar esse nosso papel”, pondera. 

Capacitação multidisciplinar

O curso da OCB/GO também oferece orientações sobre como se comportar em uma entrevista, gestos que não são adequados e até dicas de como se vestir durante uma gravação em vídeo. O instrutor da capacitação é o jornalista e escritor Luiz Augusto Araujo Pereira, especializado em Assessoria de Comunicação pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

São oito horas de duração, com a participação de cinco jornalistas de mídias diversificadas e uma fonoaudióloga. O cronograma foi montado em torno de pontos como preparação de discursos, cuidados com a voz e gestos, relacionamento com imprensa e gestão de crise com simulações práticas de entrevistas para cada tipo de veículo.

“Muitos se surpreendem porque a gente mostra como funciona a imprensa, as editorias e o que é ou não notícia do ponto de vista da imprensa, quais as possibilidades de notícias do cooperativismo, o que tem valor noticioso ou não”, explica Luiz Pereira.

Com exemplos práticos, os especialistas apresentam aos cooperativistas critérios técnicos jornalísticos para gerar pautas, internas ou externas, e assim oferecer à imprensa informações mais envolventes e interessantes. “A notícia está em constante evolução e esse olhar, essa observação e percepção do gestor da cooperativa é muito trabalhada durante o treinamento”, acrescenta Pereira.

Gestão de imagem 

Além da preparação para o relacionamento proativo com a imprensa, o media training tem outra função: auxiliar as cooperativas na gestão de eventuais crises de imagem.

Segundo Forni, com o crescimento do movimento cooperativista, a prevenção a vulnerabilidades é uma necessidade que não pode ser relegada. No Manual de Gestão de Crises e Imagem, elaborado pelo Sistema OCB, especialistas detalham como identificar os tipos e níveis de crises, a importância de destacar uma equipe exclusiva e um comitê de gestão para lidar com o tema de modo preventivo, com reuniões periódicas, ou durante uma situação específica.

 

Manual da OCB orienta cooperativas sobre como gerenciar crises

Elaborado em 2019, o guia têm orientações práticas para situações que ameacem a imagem e a reputação do Sistema OCB, de qualquer uma das instituições que

o integram e do movimento cooperativista brasileiro como um todo. 

O manual abrange várias etapas:

  • Identificar o tipo de crise, que pode ser classificada por sua natureza (silenciosa, de ebulição lenta ou repentina), abrangência (local, regional, nacional ou internacional) e intensidade (leve, moderada ou grave)

  • Estruturar equipes e comitês de gestão de crise, que serão responsáveis pelo relacionamento com a imprensa, definição de estratégias e outras atribuições

  • Orientações sobre como agir durante a crise, com detalhamento das primeiras medidas, elaboração de comunicados, preparação de porta-vozes, monitoramento do caso na imprensa, entre outras

  • Também há orientações sobre como lidar com fake news nas redes sociais relacionadas à cooperativa

 

Acesse o Manual de Gestão de Crises e Imagem e saiba mais.

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A relação entre Cooperativas e Bioeconomia

Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?

A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?

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Carimbo SomosCoop: como utilizar a marca para fortalecer sua cooperativa

Uma marca forte, de fácil identificação, reconhecida pelos consumidores e que associa um produto diretamente com o cooperativismo. Esse é o carimbo SomosCoop, criado em 2019 pelo Sistema OCB para caracterizar e diferenciar os produtos do nosso modelo de negócio. De acordo com levantamento recente, uma em cada quatro cooperativas brasileiras já aderiram à marca e a meta é ampliar esse engajamento. 

O SomosCoop está tanto nas prateleiras dos supermercados – estampado em embalagens de produtos como café, lácteos, carnes, frutas, vinhos, sucos, castanhas, entre outros – como em cartões de cooperativas de crédito, carteirinhas de beneficiários de cooperativas de saúde e também pelas ruas e estradas do país, em carros e caminhões de coops de transporte. 

A marca gráfica do carimbo SomosCoop reúne dois conceitos fundamentais: a identidade visual do movimento cooperativista internacional COOP – formada com elos – e a bandeira do Brasil. A palavra Somos representa a união em torno do cooperativismo. O resultado é uma marca harmônica, humana e inclusiva e que representa o coop brasileiro. 

“Ter uma marca forte e que destaque a nossa união é uma forma de mostrar que somos um movimento nacional, transversal, que atua em vários setores da economia, sempre com produtos e serviços justos e de qualidade, produzidos de forma sustentável. O Sistema OCB trabalha para representar o cooperativismo, mas o engajamento das cooperativas é o que faz o nosso movimento ganhar força”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.

Em um mercado em que os consumidores valorizam cada vez mais a origem e as condições de produção, estar associado a um modelo de negócio justo e sustentável é uma vantagem competitiva para as cooperativas. Segundo o analista de Design Gráfico do Sistema OCB, Lucas Badú, o carimbo funciona como uma garantia de origem cooperativista. 

“Os consumidores estão buscando modelos de produção que respeitem as pessoas, o meio ambiente e a ética, e o cooperativismo tem tudo isso. O carimbo SomosCoop tem esse objetivo: mostrar para os consumidores que aquele produto ou serviço é diferente porque é de uma cooperativa”, explica. 

Para as cooperativas, a marca única reduz o caminho até o consumidor, o que pode representar economia em investimentos em marketing  ligados às etapas de convencimento do cliente para a venda. Para os consumidores, o carimbo facilita a decisão de compra ao identificar com clareza quando se trata de um produto coop. 

Identidade coop 

O carimbo SomosCoop é de livre uso pelas cooperativas em produtos, serviços e comunicações. As possibilidades de aplicação são diversas, de crachás e embalagens a banners e fachadas de prédios.

Com um box com cantos arredondados que contém a palavra SomosCoop e a bandeira do Brasil em um pequeno círculo, o carimbo foi desenvolvido para facilitar a aplicação e garantir leitura em diferentes formatos.

Como o carimbo SomosCoop pode ser utilizado? 

 Embalagens de produtos  Estandes em eventos
 Pontos de atendimento e de venda  Cartazes
 Sedes e escritórios das cooperativas  Sites
 Frotas  Redes sociais
 Uniformes  Aplicativos
 Carteirinhas de planos de saúde  Assinaturas de e-mails
 Cartões de cooperativas financeiras  Banners
 Totem de autoatendimento  Telas de Computador

 

estande somoscoop

O carimbo pode ser utilizado com as cores institucionais do SomosCoop – verde e amarelo –,  assumir tons próximos ou a cor da identidade da cooperativa. Para as embalagens de produtos, por exemplo, é possível alterar a cor para que o carimbo fique em sintonia com a marca da cooperativa ou com tons que prevaleçam na embalagem e materiais gráficos.

A Cocamar Cooperativa Agroindustrial utiliza o carimbo SomosCoop em suas embalagens de néctares de frutas, bebidas à base de soja, farinha de trigo e café. Segundo a analista de Marketing da cooperativa, Rafaela Brentegani, além de identificar a Cocamar como cooperativa, a marca atrai consumidores conscientes e cria um senso de pertencimento e orgulho nos cooperados.

“Mesmo com sua grande relevância para a economia do Paraná e do país, o sistema cooperativista ainda é pouco conhecido da sociedade, de uma forma em geral. Iniciativas como essas, de utilizar o carimbo SomosCoop, ajudam nessa comunicação”, pondera.

Na Cooperativa de Transportadores Autônomos de Cargas e Passageiros da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Coopmetro), a frota de serviços de delivery, e-commerce e transporte de carga leva a marca SomosCoop por onde circula. O carimbo está inclusive no primeiro caminhão elétrico da cooperativa, que é abastecido com energia limpa e renovável produzida em uma usina solar própria, em um exemplo de atuação sustentável do coop.

caminhão somoscoop

“A Coopmetro decidiu utilizar o carimbo SomosCoop como forma de reforçar o seu compromisso com os princípios e valores do cooperativismo. Ao exibir a marca, a cooperativa evidencia sua adesão aos pilares de solidariedade, democracia, igualdade e preocupação com o desenvolvimento sustentável, que são fundamentais para o cooperativismo. Além disso, o carimbo SomosCoop representa um símbolo de confiança e transparência, demonstrando ao consumidor e à sociedade em geral que operamos de acordo com padrões éticos e sociais elevados”, afirma o diretor da Coopmetro, Evaldo Matos.

Segundo ele, os benefícios da marca unificada se refletem em todo o cooperativismo, porque aumentam a visibilidade e o reconhecimento das cooperativas em diferentes ambientes. “Ao se deparar com o carimbo SomosCoop, o consumidor reconhece que está apoiando um modelo de negócios baseado na colaboração e na busca pelo bem comum, o que pode influenciar positivamente suas decisões de compra”, acrescenta.

Todas as possibilidades de utilização do carimbo SomosCoop e as instruções para a aplicação correta de cada uma estão disponíveis na Central da Marca. É possível baixar os arquivos e começar a usar o selo imediatamente. O acesso é livre para todas as cooperativas em situação regular com o Sistema OCB.

“A ideia é que mais e mais pessoas conheçam o cooperativismo e tudo o que ele representa. Para que os esforços de comunicação sobre os diferenciais do coop tenham resultado é preciso garantir que o consumidor possa identificar com facilidade quais produtos e serviços são, de fato, de uma cooperativa. Quanto mais coops aderirem a essa iniciativa e estamparem o carimbo, fica mais fácil essa ideia pegar”, acrescenta Lucas Badú.

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Investimento em comunicação é estratégico para cooperativas

Imagine uma empresa de tecnologia que pretenda realizar o feito de lançar um foguete para o espaço. O sucesso da empreitada depende de planejamento, estudo, técnica e uma equipe preparada com conhecimentos específicos. O mesmo vale para o desenvolvimento da comunicação estratégica de uma cooperativa, uma tarefa que vai muito além de dar visibilidade. 

A comunicação é uma área fundamental para o cooperativismo, pois é a ferramenta para mostrar à sociedade os diferenciais de um modelo de negócio com foco nas pessoas, justo e sustentável. Com um planejamento de inteligência nessa área, é possível tornar as marcas cooperativistas reconhecidas, promover ações direcionadas a diferentes públicos e estabelecer um diálogo constante e sólido com cooperados, fornecedores, consumidores, tomadores de decisão e a sociedade em geral. 

Estruturar uma área de comunicação eficiente e eficaz é uma preocupação cada vez mais presente em grandes corporações, e as cooperativas brasileiras também estão atentas a esse cenário para garantir voz e lugar aos produtos e serviços coop. 

Assim como na construção de um foguete, que requer a união de físicos, engenheiros e matemáticos bem qualificados, uma estrutura de comunicação estratégica depende de um time de especialistas e da colaboração de outras áreas. 

O professor e curador do curso de Comunicação Pública oferecido em parceria entre a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e a Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública), Jorge Duarte, destaca como primeiro passo a escolha da equipe. “Uma comunicação eficaz requer profissionais capazes de realizar um diagnóstico aprofundado, elaborar estratégias e planejar ações adequadas para cada situação específica”, afirma.

Ou seja, a estratégia não tem nada a ver com o senso comum de que basta criar um perfil em uma rede social e ir tocando. “Soluções prontas costumam gerar resultados mínimos e burocráticos, além de não acolherem especificidades de questões aparentemente simples, mas que podem guardar complexidades que precisam ser tratadas por especialistas”, explica Duarte.

Caminhos para a comunicação estratégica 

Estudiosos e acadêmicos apontam alguns métodos para uma boa comunicação organizacional nas cooperativas. Conceitos e etapas como planejamento, segmentação, mensuração de resultados e gestão de crises são aplicados com olhar sobre valores cooperativistas e objetivos internos e externos. 

Mas não basta só conhecer os termos, a troca de experiências e vivência profissional fazem a diferença na hora de aplicá-los, conforme ressalta Jorge Duarte. “Profissionais bem preparados são capazes de identificar e mitigar riscos comunicacionais, aproveitar oportunidades, enfrentar desafios, desenvolver mensagens claras e utilizar ferramentas e canais de comunicação de forma estratégica e não apenas operacionais”. 

O Sistema Ocepar sabe disso há muito tempo. Desde abril de 1971 , a instituição tem seu Departamento de Comunicação, criado pela diretoria da época para informar tanto as cooperativas quanto a sociedade em geral sobre os feitos do movimento cooperativista paranaense.

Em 53 anos de atividades, foram inúmeros projetos de sucesso. Um deles o Jornal Paraná Cooperativo,  publicação que circulou de junho de 1972 até 2004, quando migrou para o formato de revista mensal Paraná Cooperativo. 

O coordenador de Comunicação da Ocepar, Samuel Milléo Filho, também destaca entre os produtos de sua equipe uma newsletter enviada a cinco mil endereços de e-mail, além de conteúdos em áudio produzidos para mais de 160 programas de rádio de cooperativas do estado.

Tudo feito por uma equipe composta por jornalistas, designers e uma bibliotecária, time construído aos poucos por Milléo Filho desde que assumiu a comunicação da Ocepar, em 2002. “Tivemos períodos em que estávamos com apenas três profissionais na área, três jornalistas. E nós tínhamos dificuldades em atender todas as demandas e algumas coisas acabávamos fazendo de maneira terceirizada, como o marketing para desenvolvimento de campanhas, quando necessário”, recorda.

O investimento na equipe faz toda a diferença para a comunicação da Ocepar, que desenvolve iniciativas de referência na divulgação do cooperativismo paranaense no estado e em todo o Brasil. 

“E para que isso seja possível, precisamos ter cada vez mais na equipe profissionais de comunicação que tenham muito mais do que um bom texto. Profissionais que possuam facilidade de comunicação, conhecimento do setor, além de um conjunto diversificado de competências, desde conhecimento em gestão, mundo digital, capacidade analítica, gestão de crise, adaptação e flexibilidade, bom relacionamento, pensamento criativo entre outros atributos necessários”, destaca o gestor.

Trabalho em equipe 

Um time de comunicação deve ser formado de acordo com o perfil da cooperativa e as metas a serem alcançadas. O professor Jorge Duarte explica que, primeiro, é importante conhecer o porte da cooperativa, definir os objetivos, os recursos disponíveis e o contexto em que a instituição está inserida. “Embora seja possível terceirizar algumas atividades, acredito que deve haver profissionais vinculados diretamente à organização para garantir uma solidez na estratégia e uma conexão mais precisa com a cultura e os objetivos institucionais”, destaca.

Em um mundo ideal, as equipes de comunicação cooperativistas devem ser compostas por profissionais de diferentes especialidades, “com visão global, sistêmica e integrada da comunicação”, conforme orienta Duarte, e “capazes de atuar de forma colaborativa trançando disciplinas específicas para desenvolver estratégias e soluções de comunicação abrangentes.”

Mas também é possível alcançar bons resultados com a terceirização dos serviços para empresas especializadas no assunto, sempre com alinhamento estratégico com um representante da cooperativa e de acordo com os valores cooperativistas. 

O Sistema OCB, por meio da Gerência de Comunicação e Marketing, tem uma série de produtos e serviços para apoiar as cooperativas na divulgação de suas ações e serviços e do cooperativismo como um todo. Além de pesquisas e análises de mercado que ajudam a direcionar campanhas e posicionar as marcas coop, são disponibilizados materiais gráficos, manuais de comunicação, entre outras opções. 

 

5 Boas práticas de governança e gestão das cooperativas brasileiras

Uma boa gestão é fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de qualquer organização, entre elas as cooperativas. E um dos caminhos para que isso ocorra é implementar, no dia a dia, boas práticas de governança, que possibilitem o alcance dos objetivos de forma transparente, responsável, democrática e eficiente, além de garantir sustentabilidade em longo prazo.

Para auxiliar as cooperativas a implementar uma governança eficiente, o Sistema OCB desenvolveu o Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa. O documento aborda procedimentos para garantir um modelo de direção estratégica que siga, na prática, os valores e princípios cooperativistas e assegure uma gestão profissionalizada e sustentável. Ele também aborda conceitos e princípios importantes sobre governança aplicada a sociedades cooperativas e trata de outras questões fundamentais, como o papel de cada integrante da organização, além da função dos órgãos de administração e fiscalização. 

O manual traz, ainda, as cinco melhores práticas de governança para as cooperativas. Saiba mais sobre cada uma delas a seguir:

Maior participação dos cooperados nas tomadas de decisões

Uma característica central das cooperativas é a participação ativa dos membros nas decisões importantes. Ampliar essa participação vai além de simplesmente permitir votos em assembleias. Significa criar mecanismos para que os cooperados possam contribuir com ideias e opiniões. Isso fortalece o sentimento de pertencimento, aumenta o engajamento, dá mais legitimidade às escolhas e assegura que as decisões reflitam as necessidades reais da base cooperativa.

“Garantir que os cooperados participem ativamente na tomada de decisões é fundamental, afinal, a cooperativa é um empreendimento coletivo. É exatamente essa participação que traz um maior compromisso com a cooperativa, com o trabalho que está sendo executado. E é também uma forma do cooperado fiscalizar o que está sendo empreendido e como o dinheiro dele está sendo utilizado”, observa a coordenadora de Governança e Gestão da Gerência de Desenvolvimento de Cooperativas do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Simone do Carmo Direito.

Ainda de acordo com Simone, para os cooperados poderem, de fato, participar de forma efetiva nas tomadas de decisões, é preciso que eles tenham acesso a informações frequentes e acessíveis. 

“O cooperado precisa entender o que ele está analisando, saber o que está acontecendo para que possa tomar decisões com base em dados e informações”, afirma. “Isso é um desafio. Mas quando a cooperativa faz esse esforço, ela tem retribuição. O quadro social fica muito mais comprometido. Também se fortalecem os laços entre os membros, promovendo um ambiente mais colaborativo e coeso.”

Transparência na prestação de contas

A transparência financeira envolve a divulgação clara e acessível das demonstrações contábeis, relatórios de desempenho e de todas as atividades relevantes para os cooperados. A prática é fundamental para que os associados possam entender como os recursos são geridos e como as decisões afetam financeiramente a cooperativa e eles próprios. 

Além de atender aos princípios fundamentais do cooperativismo, a transparência na prestação de contas oferece uma série de vantagens práticas:

 

  • Construção de confiança entre os cooperados e a organização. Em geral, quando as informações financeiras são acessíveis e compreensíveis, os membros confiam mais na gestão da cooperativa.

  • Aumento da participação ativa dos cooperados, pois eles se sentem mais envolvidos quando têm uma visão clara das finanças da cooperativa. Isso cria um ambiente cooperativo mais saudável e envolvente. 

  • Promoção de uma cultura de responsabilidade coletiva. Os membros entendem que a saúde financeira da cooperativa é responsabilidade de todos e estão mais propensos a contribuir para seu sucesso.

  • Aumento da credibilidade junto às partes interessadas. Parceiros comerciais, instituições financeiras, fornecedores e outras organizações estão mais inclinadas a se envolver com uma cooperativa que demonstre práticas financeiras claras e éticas

  • Aumento da eficiência da gestão. Afinal, quando as informações financeiras são facilmente acessíveis, os processos de auditoria e conformidade, em geral, são mais simples, economizando tempo e recursos. 

Segundo Simone Direito, uma ferramenta de grande importância para a transparência financeira é o relatório anual de prestação de contas. “E é essencial que, além dos dados contábeis, o documento também apresente as principais atividades e negócios realizados pela cooperativa. São informações que precisam estar acessíveis para os associados”, observa a coordenadora.

  1. Criação de uma estrutura organizada de governança

Investir na criação de uma estrutura organizada de governança é uma decisão estratégica que traz benefícios substanciais para a cooperativa. Essa prática não apenas promove a eficiência interna, mas também constrói uma base sólida para a adaptabilidade, transparência e sucesso em longo prazo da cooperativa.

Uma estrutura de governança organizada define claramente os papéis e responsabilidades dos membros, conselhos e diretores da cooperativa. Isso evita ambiguidades e mal-entendidos, garantindo uma distribuição eficiente de tarefas e responsabilidades. Além disso, a prática contribui para maior eficiência operacional. Ao estabelecer processos claros de tomada de decisões, comunicação interna e fluxos de trabalho, a cooperativa reduz a probabilidade de atrasos, erros e conflitos. 

De modo geral, uma estrutura organizada facilita que as decisões possam ser tomadas de maneira mais rápida e eficaz. A definição de processos claros e a distribuição de responsabilidades agilizam o fluxo de informações, permitindo respostas ágeis a desafios e oportunidades.

Uma governança bem-estruturada também cria ferramentas para que as cooperativas sejam mais resilientes a mudanças externas e internas, o que é essencial para a sustentabilidade em longo prazo. E auxiliam a garantir a conformidade legal e regulatória das organizações, evitando penalidades e litígios e possibilitando a um ambiente operacional seguro e estável.

Profissionalização da gestão

A profissionalização da gestão é uma estratégia essencial para cooperativas que buscam não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente de negócios competitivo e dinâmico. Ao trazer liderança qualificada, a cooperativa fortalece sua capacidade de inovar, crescer de forma sustentável e enfrentar desafios complexos.

Profissionais experientes trazem expertises específicas para a gestão da cooperativa. Eles possuem conhecimentos atualizados sobre práticas de mercado, legislação, finanças e estratégias de negócios, por exemplo, que podem impulsionar o crescimento e a eficiência da organização. Além disso, líderes profissionais, em geral, têm capacidade de tomar decisões com base em análises detalhadas e avaliações de risco. Isso contribui para escolhas estratégicas mais sólidas e alinhadas com os objetivos da cooperativa.

Profissionalizar a gestão também permite um foco mais efetivo na gestão estratégica e na materialização do direcionamento estratégico definido pelo Conselho de Administração. Líderes qualificados podem desenvolver e implementar planos que visam o crescimento sustentável e a competitividade no mercado, além de terem capacidade de identificar e implementar melhorias nos processos internos, possibilitando maior eficiência operacional, redução de custos e otimização dos recursos disponíveis.

Gestores profissionais aumentam, ainda, a confiança de investidores externos e parceiros comerciais. Essas partes interessadas (stakeholders) estão mais inclinadas a se envolver com uma cooperativa que demonstre competência e uma abordagem profissional na administração.

“Assim que uma cooperativa é criada, é natural que boa parte da responsabilidade esteja nas mãos dos dirigentes eleitos. Mas assim que houver um equilíbrio entre receitas e despesas, é essencial profissionalizar a gestão”, destaca Simone Direito, do Sescoop Nacional. “O mundo hoje é muito complexo e ninguém sabe de tudo. Então, é necessário um apoio profissional, sempre, é claro, sob supervisão  dos conselheiros, que são responsáveis pelo direcionamento estratégico.”.

Mapeamento e sistematização de processos

O mapeamento e a sistematização de processos são essenciais para o bom funcionamento de uma cooperativa. A prática permite criar padrões para as atividades operacionais. Isso garante que os processos sejam realizados de maneira consistente, reduzindo a variabilidade e aumentando a previsibilidade nas operações cotidianas.

A melhoria dos processos permite identificar áreas de redundância, gargalos e ineficiências. Ao sistematizar esses processos, a cooperativa pode eliminar desperdícios, reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência global. A documentação de processos fornece, ainda, uma base para a implementação de programas de melhoria contínua. Ao entender os processos existentes, a cooperativa pode identificar oportunidades de aprimoramento e inovação ao longo do tempo.

Quer mais? Ao ter os processos mapeados, a cooperativa facilita o treinamento de novos membros. A sistematização fornece um guia para os colaboradores entenderem suas responsabilidades e contribuírem efetivamente para os objetivos da organização. Além disso, a sistematização ajuda a identificar pontos de vulnerabilidade e risco, permitindo que a cooperativa implemente controles mais eficazes, o que reduz a probabilidade de erros e irregularidades.

Processos sistematizados também são mais fáceis de serem adaptados a mudanças nas condições de mercado, regulamentações ou requisitos dos membros, além de contribuir para uma experiência do cooperado mais consistente e positiva. Desde a solicitação de serviços até a resolução de problemas, a padronização e a eficiência são fundamentais para a satisfação dos associados.

“Muitas pessoas têm o hábito de fazer as coisas de maneira informal. Pode parecer que é mais rápido, mas isso tem custos. Porque cada hora a tarefa é feita de uma maneira. Se uma pessoa sair, perde-se a memória da instituição. E isso não pode ocorrer”, afirma Simone. “Em um primeiro momento, é realmente trabalhoso, mas, com o tempo, o mapeamento e a sistematização de processos vai fazer uma diferença muito grande na cooperativa”, finaliza.

Linhas de crédito verde? As cooperativas têm

O interesse pela comunidade é um dos princípios que regem o cooperativismo. E isso se dá com um trabalho voltado ao desenvolvimento sustentável dessas comunidades, por meio do investimento em projetos economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos. Um dos ramos que vem sendo protagonista nesse trabalho é o Crédito. Nos últimos anos, as cooperativas de crédito vêm se destacando ao oferecer linhas de financiamento com foco em sustentabilidade e desenvolvimento, ajudando a impulsionar iniciativas que melhorem a qualidade de vida dos cooperados e suas famílias e dos locais onde atuam.

De forma geral, essas linhas de crédito contam com taxas de juros e condições de pagamento mais favoráveis do que outras linhas existentes no mercado. Elas têm como foco principal pequenos empreendedores e agricultores familiares, além de pessoas físicas, e são voltadas a diversas atividades com foco em sustentabilidade e desenvolvimento. 

Existe, por exemplo, financiamento para agricultura sustentável, para apoiar os produtores a adotarem práticas sustentáveis, como agricultura orgânica, agroecologia, tecnologias de agricultura de baixo carbono e conservação de recursos naturais. Também é possível ter acesso a recursos para levar água tratada e esgoto a residências que ainda não contam com esses serviços.

Há, ainda, linhas de crédito para energias renováveis, que financiam, por exemplo, a instalação de painéis solares, biodigestores (biomassa),  turbinas eólicas ou outras tecnologias. E para eficiência energética, possibilitando a compra de eletrodomésticos e máquinas mais modernas e que consumam menos energia. 

“No âmbito das cooperativas de crédito, toda operação tem como foco a sustentabilidade, seja de um pequeno ou um médio empreendimento, seja de uma pessoa física”, destaca Moacir Krambeck, coordenador do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito do Sistema OCB (Ceco) e presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras). “Afinal, o objetivo é fazer com que o tomador tenha mais qualidade de vida e não que ele se endivide. Que um negócio seja rentável, que uma pessoa que esteja, por exemplo, em um momento de dificuldade possa sair dessa situação da melhor maneira possível. E essas linhas específicas para sustentabilidade e desenvolvimento vieram para somar”, afirma.

Krambeck destaca que as cooperativas de crédito vêm ampliando as linhas com esse foco e que a tendência é que continue havendo crescimento. “Principalmente nos últimos dois anos, isso tem sido mais forte. As cooperativas estão abrindo cada vez mais espaço para financiar projetos com essa pegada e que tragam benefício coletivo”, observa. “Não tenho a menor dúvida de que isso vai aumentar ainda mais. Nós, do Ramo Crédito, queremos ampliar as ações com foco nos critérios ESG, de ambiental, social e governança. Isso está em nosso DNA e temos que disponibilizar para a sociedade como um todo”, completa.

Água e esgoto

Uma cooperativa que tem impactado positivamente a comunidade em que atua por meio de linhas de crédito voltadas ao desenvolvimento e à sustentabilidade é a Viacredi, do Sistema Ailos, que atua em 25 cidades do estado de Santa Catarina e 5 do Paraná. A instituição conta com a linha Saneamais, que financia ações voltadas ao acesso a água tratada e a rede de esgoto. A iniciativa surgiu em 2022, após uma parceria com a Water.org, organização internacional fundada pelo ator Matt Damon e pelo engenheiro Gary White com atuação em 11 países da África, Ásia e América Latina.

“A Water.org é uma instituição com foco em levar, de forma acessível, água e saneamento para países pobres ou em desenvolvimento. Eles já atuavam no Brasil há alguns anos, mas nunca tinham trabalhado com uma cooperativa de crédito. E, em 2021, eles nos procuraram para estabelecer uma parceria para a criação de uma linha específica que se tornou a Saneamais. E, no ano seguinte, já a colocamos em funcionamento”, conta Sheyla Hennich Mendonça, especialista em Negócios da Viacredi.

A Saneamais permite que cada pessoa física financie até R$ 20 mil, sendo R$ 10 mil para abastecimento de água e R$ 10 mil para esgoto, com taxa de juros entre 1,46% e 2,19% ao mês e pagamento em até 48 meses. Desde a criação, já foram feitos cerca de 3 mil contratos de financiamento por meio dessa linha, beneficiando diretamente mais de 9,3 mil pessoas.

Entre as atividades financiáveis estão reforma de banheiro, compra ou troca de caixa d’água ou de hidrômetro, construção de caixa de gordura, limpeza ou construção de fossa séptica, construção de poço artesiano, manutenção de encanamento, reaproveitamento de água de chuva e contratação de mão de obra especializada.

“Santa Catarina é um estado com um dos maiores índices de câncer no País e uma das razões é o baixo índice de tratamento de esgoto. Então, há uma necessidade muito grande de melhorar essa situação e a Saneamais vem exatamente nesse sentido”, afirma Sheyla. “Nossa meta inicial era fechar, em média, 120 contratos por mês e acabamos fazendo 150. Há bastante interesse e nossa perspectiva é de que essa linha continue crescendo”, observa.

Um dos contratos de financiamento da Saneamais foi assinado pelo casal Nelson e Valdirene Hofelmann, da cidade de Benedito Novo, em Santa Catarina. Por muitos anos, Nelson trabalhou como pedreiro para sustentar a família e, há cerca de um ano, decidiu ter seu próprio negócio e montar uma pequena barraca de caldo de cana e pastel.

Hoje, os dois trabalham juntos na barraca e vêm fazendo bastante sucesso na comunidade. Com isso, puderam realizar o sonho de construir sua própria residência. Com a obra iniciada, foi preciso obter recursos para fazer o banheiro e colocar a fossa, o filtro e a caixa d’água. 

Nelson, então, pediu um empréstimo de R$ 10 mil à Viacredi em agosto de 2022. O financiamento está sendo pago em 48 parcelas de R$ 314,64. O material para a obra já foi comprado e o serviço, finalizado. “Se não fosse a Viacredi, seria impossível realizar esse sonho”, conta Nelson.

Energia sustentável

A instalação de fontes de energia sustentáveis é outra iniciativa que conta com linhas de crédito específicas em diversas cooperativas, como a própria Viacredi, que financia a instalação de sistemas de energia fotovoltaica e eólica. 

Quem também oferece crédito com esse objetivo é o Sistema Unicred. A instituição conta com uma linha específica para geradores solares, permitindo a implantação e expansão de painéis fotovoltaicos em diferentes localidades, como comércios, residências, hospitais, clínicas e indústrias, entre outros. Além de taxas de juros competitivas, os tomadores de crédito têm acesso a consultoria especializada em projetos solares, garantindo a correta implementação e maximização da eficiência dos painéis fotovoltaicos.

Já o Sicredi conta com duas linhas específicas para energia sustentável, uma voltada apenas a energia solar e outra com foco em outras fontes renováveis, como eólica, hídrica e de biomassa. A instituição conta, ainda, com uma linha voltada à eficiência energética, que permite o financiamento de diversos recursos necessário à realização de projeto para redução do consumo de energia, como aquisição e instalação de eletrodomésticos, máquinas e equipamentos mais modernos e eficientes e também a realização de obras civis com essa finalidade. As três linhas são voltadas tanto a pessoas físicas quanto jurídicas e têm prazo de pagamento de até 120 meses.

Baixa emissão de carbono

Outra linha de crédito voltada à sustentabilidade operada pelo Sicredi é a ABC Sicredi, voltada à economia verde e à redução da emissão de carbono na agropecuária. A instituição também opera o programa RenovAgro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que busca aumentar a produtividade em bases sustentáveis e adequar as propriedades rurais à legislação ambiental. 

O programa RenovAgro é dividido em linhas selecionadas para cada necessidade do agronegócio, como Sistema de Plantio Direto (SPD), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de áreas e pastagens degradadas, florestas plantadas, fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos animais, sistemas orgânicos de produção e adequação das propriedades rurais frente à legislação ambiental. Podem ser financiados até 100% dos projetos que proporcionam o crescimento da rentabilidade do agronegócio aliado a um processo produtivo sustentável. O prazo de pagamento varia de 5 a 12 anos, a depender da modalidade, com taxas de juros entre 7% e 8,5% ao ano.

SERVIÇO

Confira algumas linhas de crédito com foco em sustentabilidade e desenvolvimento oferecidos pelas cooperativas brasileiras

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Participação em PPPs expande negócios e aproxima cooperativas da população

As cooperativas transformam a vida das pessoas e a economia nas comunidades em que atuam, com impacto na criação de trabalho e renda e na geração de prosperidade. Para ampliar esses efeitos positivos, o Sistema OCB trabalha para articular estratégias que possam dar ainda mais capilaridade ao cooperativismo, e uma delas são as parcerias público-privadas. 

As chamadas PPPs são acordos feitos entre o setor público e instituições privadas para executar serviços essenciais em áreas onde os recursos e infraestrutura governamentais não são suficientes. Para os cidadãos, é uma forma de garantir atendimento mais eficiente, para as cooperativas, uma oportunidade de entrar em novos mercados, garantir estabilidade financeira por novos fluxos de receitas e ampliar a capacidade de inovação com o desenvolvimento de soluções. 

“O Sistema OCB entende que as PPPs são estratégicas e podem ser uma importante fonte de diversificação dos negócios das cooperativas. Ao mesmo tempo, entrar em uma PPP exige organização e planejamento”, explica o coordenador de Ramos do Sistema OCB, Hugo Andrade.

Segundo ele, o modelo tem algumas complexidades que demandam preparação das cooperativas, por isso o Sistema OCB tem garantido capacitação e apoio para entrada nesse mercado. 

“O primeiro passo é entender que nas PPPs as partes envolvidas - governo e instituições privadas - compartilham recursos, benefícios, mas também os riscos”, pondera Andrade. A cooperativa também precisa avaliar a viabilidade econômica da parceria e estar atenta a questões como organização jurídica em relação a estatutos e políticas de governança e atendimento de normas regulatórias específicas. 

Para mostrar as possibilidades de participação nesse modelo de negócios na prática, o Sistema OCB organizou uma série de workshops sobre o tema para cooperativas de Saúde, setor com as maiores oportunidades de PPPs para as cooperativas. Os eventos incluíram visitas técnicas a iniciativas de Saúde em Salvador (BA) e Belo Horizonte (MG), em que há parcerias público-privadas consolidadas. 

Guia PPPs em Saúde

O trabalho resultou na elaboração do Guia sobre PPPs em Saúde, desenvolvido em parceria com a consultoria Radar PPP. 

“O Sistema OCB contratou e disponibilizou especialistas no setor para orientar as Organizações Estaduais e cooperativas. Além disso, temos buscado outras oportunidades e parcerias para fornecer apoio bem estruturado às cooperativas interessadas”, afirma Hugo Andrade. 

No guia, as cooperativas podem consultar uma lista com os municípios prioritários para o desenvolvimento de PPPs na área de Saúde. O documento também foi enviado às Unidades Estaduais do Sistema OCB como estratégia para mobilizar cooperativas na representação institucional junto ao Poder Público Municipal para firmar parcerias.

Compromisso com a comunidade 

Para o cooperativismo, além de uma oportunidade financeira, as PPS também são uma forma de confirmar o compromisso com a comunidade, um dos princípios do movimento cooperativista. 

“A capilaridade das cooperativas pode ajudar ainda mais no fortalecimento da saúde nacional. Esse tipo de parceria dá segurança à concedente, às concessionárias e, em especial, respeita o contribuinte que acessa serviços de melhor qualidade. Essa essência cooperativista onde todos ganham precisa ser cada vez mais reverberada”, destacou o coordenador de Ramos do Sistema OCB. 

Com posicionamento estratégico em uma PPP, aproveitando o financiamento e a infraestrutura, uma cooperativa também pode direcionar esforços para investir em inovação e tecnologias avançadas. Os resultados podem melhorar a qualidade e eficiência dos serviços e fortalecer vínculos com a população atendida.

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Intercooperação de coops agropecuárias cria novo modelo de negócio de vendas digitais

Doze grandes cooperativas agropecuárias brasileiras se uniram para ampliar seus negócios em ambientes digitais. O resultado da intercooperação foram R$153 milhões movimentados em 2023, com expectativa de atingir R$500 milhões este ano, e a criação de um modelo de comércio online inovador que contempla os diferenciais do coop. 

Os números são da Supercampo, uma agtech (startup do agronegócio) criada pelas cooperativas Agrária, Capal, Castrolanda, Cooperalfa, Coopertradição, Copacol, Copercampos, Coplacana, Cotrijal, Frísia, Integrada e Lar, que estão entre as 20 maiores do ramo Agropecuário. 

“Somos um braço digital e tecnológico dessas cooperativas. O foco delas é a produção rural, mas a nova geração de cooperados está muito mais conectada, então há uma necessidade de atualização para que elas se mantenham competitivas e garantam a existência do negócio no futuro. É preciso pensar diferente, de uma forma nova, moderna, e isso inclui a digitalização dos fluxos”, explica o CEO da Supercampo, Leandro Carvalho.

Com DNA cooperativista e uma base de 100 mil cooperados, a Supercampo desenvolveu um modelo de negócio específico para atender aos diferenciais do coop, que vai além dos conceitos mais conhecidos do comércio online

Os dois modelos mais usados nesse tipo de operação comercial são o B2B, que significa Business to Business, ou seja, de empresa para empresa; e o B2C, Business to Customer, traduzido para o português como da empresa para o consumidor. 

Na Supercampo, o modelo de negócio é o C2F, ou Cooperative to Farmer, traduzido como “Da cooperativa para o produtor”, conceito criado pela plataforma para contemplar questões específicas do coop, como diferenciais tributários, necessidade de uso de CPF e CNPJ na mesma transação, além de características ligadas ao agronegócio.

“O C2F abrange toda parametrização que existe dentro da relação da cooperativa com cooperado. Isso inclui um pouco de B2C, porque o cooperado é um consumidor, então o site precisa ter boa navegabilidade, usabilidade, ter um fluxo de compra que faça sentido. Porém, na hora de fazer o pagamento, ele usa um crédito da propriedade rural, que tem um CNPJ, o que seria um B2B. E além disso tem questões muito específicas, como ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] diferentes para propriedades em estados diferentes, o ato cooperativo, o CAD/PRO [Cadastro de Produtor Rural], que também afetam os cálculos tributários”, explica Carvalho. 

Com o modelo estabelecido e respeitando as características das 12 cooperativas, a Supercampo desenvolveu um e-commerce para cada uma delas. Os sites são uma versão digital das lojas agropecuárias, muito tradicionais entre as coops do campo. Nesses espaços, o cooperado encontra os equipamentos e insumos necessários para produção, de defensivos a máquinas agrícolas, com suporte de técnicos da cooperativa e condições de pagamento mais competitivas que no comércio tradicional. 

Catálogo compartilhado 

Com a intercooperação, além dos produtos disponibilizados por cada cooperativa, as associadas da Supercampo têm acesso a um catálogo de 120 mil itens. “Criamos uma cadeia produtiva em que cada uma das lojas agropecuárias digitais pode ser um centro de distribuição em potencial. A cooperativa pode vender o que ela tem no seu estoque e também o que as outras 11 têm disponíveis, em uma lógica de marketplace e de cross docking [quando o produto é despachado para um centro de distribuição ou armazém]”, explica Carvalho. 

Em 2023, a Supercampo registrou 36 mil pedidos nos e-commerces cooperativistas, com valor médio de R$5.000. Nos marketplaces tradicionais, o ticket médio varia de R$500 a R$600. 

Na Capal Cooperativa Agroindustrial, umas das coops que integra a Supercampo, a criação de uma loja agropecuária online tem ajudado a colocar os cooperados na era digital, uma demanda crescente entre as novas gerações de associados. “A plataforma dá aos cooperados mais acessibilidade e agilidade nas compras”, avalia o diretor comercial da Capal, Eliel Magalhães Leandro. 

Nas lojas digitais desenvolvidas pela Supercampo, os cooperados podem fazer sua lista de pedidos direto da lavoura, na tela do celular, e retirar os produtos na loja física da cooperativa, além de outras comodidades, como fechar a compra utilizando créditos que tenham com a coop. “Por se tratar de uma tendência, principalmente entre os filhos de cooperados, que buscam cada vez mais acesso via tecnologia, acreditamos que a digitalização é um caminho que se pode construir trazendo o cooperado para os negócios da cooperativa”, acrescenta o representante da Capal. 

Para as cooperativas, a intercooperação também traz benefícios diretos. Segundo Carvalho, o custo de implantação dos e-commerces seria quatro vezes maior se cada cooperativa contratasse os serviços individualmente de outras empresas. Com a Supercampo, além da licença da plataforma VTEX, as coops compartilham pessoal especializado em questões comerciais e financeiras, servidores, equipamentos e outros custos operacionais. 

“A intercooperação é um dos princípios do cooperativismo e uma ferramenta fundamental para tornar as coops mais competitivas. A união pode ajudar a promover negócios, aumentar receitas e explorar novos mercados”, avalia a coordenadora de Soluções de Negócios do Sistema OCB, Pamella de Lima. 

Expansão 

Além dos 12 e-commerces das cooperativas associadas, a agtech oferece desde o fim de 2022 uma plataforma de comercialização de sementes de soja, trigo, milho, milheto, feijão e pastagem, a Supercampo Sementes. Com taxas mais competitivas que as corretoras tradicionais, o site viabiliza a compra direta, sem intermediários.

Agora, as cooperativas sócias da Supercampo se preparam para expandir a oferta de serviços digitais da agtech para outras coops agropecuárias.  “Pelo tamanho e capacidade de investir e arriscar, as 12 cooperativas associadas construíram o alicerce dessa empreitada. Agora, em prol da intercooperação, as sócias resolveram abrir o projeto para o mercado. Então hoje já é possível que uma cooperativa terceira, não-sócia da Supercampo, faça parte do nosso ecossistema com acesso aos mesmos serviços e benefícios. Já estamos em conversas avançadas com algumas cooperativas nesse sentido”, afirma o CEO da plataforma.  

 

Com foco nos negócios, programas ajudam cooperativas a conquistar mercados

Pesquisa recente realizada pelo Sistema OCB mostra que as cooperativas são cada vez mais conhecidas pelos brasileiros e que 88% consideram o coop um modelo de negócio atual, inovador ou moderno. Para transformar essa admiração e reconhecimento em resultados, a Casa do Cooperativismo Brasileiro aposta em estratégias de negócios para aumentar o faturamento das cooperativas de forma organizada e sustentável e fazer com elas cheguem a cada vez mais cooperados e consumidores. 

Com esse foco, desde o ano passado, o Sistema OCB tem uma área exclusiva de negócios, que trabalha de forma articulada com as organizações estaduais para apoiar as coops de todo o país a prospectar e fechar bons negócios. 

“O Sistema OCB trabalha há mais de cinco décadas para oferecer soluções que visam a sustentabilidade dos negócios das cooperativas brasileiras e, nos últimos anos, principalmente após os efeitos do impacto econômico pós-pandemia, temos percebido a necessidade de atuar cada vez mais próximos das nossas cooperativas nesse sentido”, explica a  coordenadora de Soluções de Negócios do Sistema OCB, Pamella de Lima. 

A nova estrutura reúne as iniciativas de desenvolvimento mercadológico de cooperativas que já existiam e é responsável pela elaboração de novas soluções de negócios. O objetivo do novo time é claro:  ajudar as cooperativas brasileiras a acessar oportunidades de novos mercados e clientes para vender mais e melhor, de maneira sustentável.

Uma das ferramentas para essa missão é o Programa NegóciosCoop Nacional, criado para apoiar  pequenos e médios empreendimentos cooperativos, com soluções direcionadas de acordo com o tamanho e perfil das coops. Em 2023, a iniciativa começou a ser implementada de forma piloto com cooperativas agropecuárias de pequeno porte (especialmente da agricultura familiar e extrativistas) e de artesanato da Região Norte. 

O programa começa com um diagnóstico presencial aplicado com o apoio de analistas do Sistema OCB e de uma consultoria técnica contratada, em que os cooperados realizam uma análise completa da situação do empreendimento em cinco aspectos:  organização social, produção, gestão, agregação de valor e verticalização de cadeia e mercado. A partir dos resultados dessa avaliação, é traçado um plano de ação que indica consultorias, instrutorias e eventos de acesso a mercados focados em promover novos negócios e conexões profissionais. 

“Todo o processo é acompanhado por técnicos das organizações estaduais do Sistema OCB, a fim de que a cooperativa tenha apoio do início ao fim do programa. O objetivo final é que a partir de um posicionamento organizado a cooperativa acesse novas oportunidades de negócio e consequentemente aumente o seu faturamento”, explica Pamella Lima. 

Até abril deste ano, o Programa NegóciosCoop atendeu 41 cooperativas pelo Brasil, inclusive algumas em plena Amazônia, acessíveis apenas por barco, em um total de 1.718 horas de consultorias realizadas. 

“Os resultados têm sido significativos,  temos observado ganhos como a compreensão e sentimento de dono do negócio pelos cooperados, conquista de novos clientes institucionais e privados, captação de recursos, entrada de novos cooperados, aumento de faturamento e entendimento claro do cooperativismo como um modelo de negócio”, lista a coordenadora. 

Este ano, o Programa NegóciosCoop entrou na fase de escala e chegará a cooperativas de todos os estados do país. As equipes das organizações estaduais que irão atuar no programa já começaram a receber treinamento imersivo e terão suporte constante do time nacional do projeto. Além disso, as cooperativas de reciclagem serão as próximas a receber uma versão customizada do programa. 

Primeira nota fiscal 

Uma das participantes da fase piloto do Programa NegóciosCoop foi a Cooperativa de Agricultura Familiar de Serra Pelada (Cooasp), de Curionópolis, no sudeste do Pará. Após o programa, a cooperativa emitiu sua primeira nota fiscal e se prepara para comercializar parte de sua produção para a merenda escolar do município. 

A Cooasp produz alface, coentro, cebolinha, couve e outras hortaliças há seis anos, mas vendia sua produção de maneira informal. A mudança de rota veio com a participação do Programa NegóciosCoop, segundo o diretor presidente da cooperativa, Ramon Marques. 

“Três meses após o programa, já fizemos a primeira emissão de nota fiscal, assinamos contrato com uma grande empresa que fornece alimentos para refeitórios, nos estabelecemos no mercado local e estamos expandindo para o mercado regional”, conta. 

Além do resultado imediato, Marques diz que a Cooasp ganhou autonomia e fortaleceu sua identidade cooperativista, se apresentando para os consumidores como uma opção social e economicamente viável para gerar emprego e renda com a agricultura familiar em um município conhecido pela exploração garimpeira. 

Parte da produção da Cooasp agora irá direto para a merenda escolar das escolas da região, depois que  a Coop venceu a chamada pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), uma iniciativa federal que destina recursos para alimentação escolar nos estados e municípios brasileiros. Segundo Marques, a cooperativa também se prepara para fornecer suas hortaliças para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra produtos da agricultura familiar.

Para atender à demanda, a Cooasp teve que triplicar a produção nas lavouras e, até o fim do ano, planeja saltar de 20 mil para 200 mil hortaliças por mês. “Em junho também vamos inaugurar uma agroindústria de polpa de frutas e fabricação de doces e geleias artesanais. Nossa meta até 2030 é ser a maior cooperativa de agricultura familiar da região Carajás  e uma das cinco maiores do estado do Pará”, planeja o presidente da Cooasp. 

Novos mercados para o coop brasileiro

Além do Programa NegóciosCoop Nacional, o Sistema OCB tem estratégias de negócios para cooperativas de outros ramos e tamanhos, seja no mercado brasileiro ou internacional. 

“Temos iniciativas para apoiar a inserção em mercados, ampliar e diversificar as vendas dos produtos por meio de participação em feiras, rodadas de negócios e missões internacionais”, lista Pamella Lima.

Em 2023, o Sistema OCB apoiou a participação de 20 cooperativas de artesanato e agricultura familiar em duas importantes feiras do país: a 5ª Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), em Fortaleza; e a 30ª Agrinordeste, em Olinda.

As coops expuseram seus produtos em um estande institucional do Sistema OCB, chamado de Loja Cooperativa, uma estratégia para atrair a atenção do público para os produtos do cooperativismo. Na 5ª Fenacce, as vendas na Loja Cooperativa totalizaram R$61 mil e as coops assinaram 40 contatos nacionais e 24 internacionais, com previsão de vendas de R$130 mil. 

Em 2024, pelo menos 40 cooperativas brasileiras irão participar de quatro feiras de negócios de grande relevância no cenário nacional. O Sistema OCB participará dos eventos com um estande chamado "Cooperativas do Brasil", em que as coops poderão conquistar novos clientes e ampliar sua rede de contatos.

Outra solução de negócios tem aproximado as cooperativas do maior comprador do Brasil: o Poder Público. De forma online e gratuita, o serviço Cooperativas nas Compras Públicas monitora as oportunidades de compras governamentais, sejam municipais, estaduais ou federais, e alerta as cooperativas cadastradas de forma personalizada sobre editais e licitações lançados pelo governo. Em 2023, a plataforma registrou 235 cooperativas cadastradas e monitorou mais de 35 mil editais  de interesse das coops. 

Em outra frente de negócios, o Sistema OCB aposta na intercooperação para gerar mais resultados. É o Coop Compra de Coop, uma iniciativa realizada durante a Semana de Competitividade de 2023 que ajudou 13 coops dos ramos Agropecuário, Transporte, Trabalho e Produção de Bens e Serviços a fecharem negócios com cooperativas de todo o país durante o evento.

As cooperativas vendedoras receberam o apoio do Sistema OCB para gravar pequenos vídeos sobre seus produtos, que foram transmitidos no fim de cada palestra. Uma área do evento também foi reservada para que as coops pudessem receber clientes, negociar vendas e prospectar contratos futuros. 

No mercado internacional, o foco da área de negócios é abrir fronteiras para que os produtos coop brasileiros ganhem mercado mundo afora. Esse trabalho é feito em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), por meio do Programa de Qualificação para Exportação do Cooperativismo (PEIEX Coop), que tem foco na sensibilização e capacitação individualizada de cooperativas para aumentar sua competitividade exportadora. 

Além da promoção das exportações, outra porta de entrada para os produtos coop no exterior é a participação em feiras, rodadas de negócios ou missões internacionais. “As missões possibilitam o fortalecimento de laços e parcerias estratégicas que ajudam as cooperativas a ingressarem nesses mercados. Por sua vez, as feiras internacionais funcionam como vitrines para que as cooperativas apresentem seus produtos em escala global, criando oportunidades de contato e negócios”, explica a coordenadora. 

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Exportação: veja como o Sistema OCB apoia negócios internacionais

Exportação parece um tema para grandes cooperativas, certo? Uma coop agropecuária do interior de São Paulo provou que não e já vendeu mais de 6 mil toneladas de limão-tahiti para países como  França, Holanda, Inglaterra, Noruega, Suécia, Alemanha, Portugal e Espanha. 

Com 30 produtores cooperados, todos com certificação de boas práticas GLOBALG.A.P e GRASP., controle de pulverização e garantia de procedência e rastreabilidade, a Cooperativa de Produtores de Limão de Urupês (Cooperlimão) abriu as portas para o mercado externo em 2019, com apoio do Sistema OCB, por meio do Sescoop/São Paulo. 

“A abertura de mercado externo representou para os cooperados melhores oportunidades, além de via de escape para produção destinada para comercialização pela cooperativa, tendo em vista que o mercado nacional não tem capacidade suficiente para absorver o importe de limão-tahiti produzida no próprio território”, explica a gerente da Cooperlimão, Francieli Campana. 

Atualmente, a coop vende parte de sua produção para o mercado externo por meio de tradings, agentes e comerciais exportadoras e se prepara para iniciar a venda direta, sem intermediários. A mudança deve garantir mais rentabilidade para os cooperados e abrir portas para comercialização de suco e óleo de limão tahiti, além da fruta in natura. 

“Nosso objetivo agora é fomentar a exportação de forma direta, estreitando o processo sem que haja dependência de agentes e tradings comissionadas. De modo que a cooperativa possa, de forma segura, tratar diretamente do preparo e produção da fruta até o cliente europeu final”, planeja a gerente da coop. 

A nova fase exportadora da Cooperlimão seguirá um plano de exportações elaborado com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), por meio do Programa de Qualificação para a Exportação específico para cooperativas, o PEIEX Coop, fruto de uma parceria entre a agência e o Sistema OCB. 

“O treinamento e mentoria ministrados pelos especialistas em comércio exterior foi extremamente importante para o desenvolvimento do nosso plano de exportação. Os encontros forneceram ensinamentos sobre o processo de exportar de forma profunda e direcionada às especificidades da lima ácida tahiti, do país alvo e da cooperativa”, destaca. 

Apoio para exportar 

A história da Cooperlimão mostra que exportar é para coops de todos os tamanhos e que os mercados internacionais estão cada vez mais abertos a produtos de origem justa e sustentável, uma marca do cooperativismo. Em 2023, as cooperativas brasileiras contabilizaram US$ 8,4 bilhões em exportações diretas, sem contar os negócios via comerciais exportadoras. 

“Oferecemos suporte às cooperativas na exportação de seus produtos por meio do Programa NegóciosCoop Internacional, que inclui iniciativas como o PEIEX Coop, em parceria com a ApexBrasil; e também com apoio à participação das cooperativas em missões, feiras e rodadas de negócios internacionais”, explica a coordenadora de Soluções de Negócios do Sistema OCB, Pamella Lima. 

No PEIEX Coop,  desde 2021, 50 cooperativas agropecuária receberam capacitação, 36 delas estão em fase de qualificação e terão seus planos de exportação definidos até o fim de julho. Com uma metodologia específica para o cooperativismo, o programa da ApexBrasil em parceria com o Sistema OCB aborda todas as etapas do processo de exportação como identificação de oportunidades internacionais, certificação, conformidade, adequação de embalagem, precificação, frete, protocolos sanitários, entre outras. 

“O grande ganho desta parceria foi oferecer o atendimento personalizado feito por um especialista, lição que estamos replicando em outros setores e outros parceiros. Importante destacar também a aproximação entre qualificação e promoção comercial. A qualificação para exportação só faz mais sentido para a cooperativa quando as oportunidades de promoção comercial são oferecidas”, explica a coordenadora de Competitividade da Apex, Rita Albuquerque. 

No caso das cooperativas, além da participação em feiras e missões internacionais, as rodadas de negócio são grandes oportunidades de contatos com novos clientes. Em maio, a Apex realizou o Exporta Mais Brasil – Cooperativa. Durante o evento, 18 coops apresentaram seus produtos a nove compradores internacionais em 77 reuniões de negócios. A estimativa é que as parcerias fechadas no encontro gerem US$ 2,2 milhões em negócios para as cooperativas participantes nos próximos 12 meses. 

Café capixaba para o mundo 

Por meio do PEIEX Coop, a Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul), que reúne pequenos produtores de sete municípios da região, conseguiu colocar café especial capixaba no mercado internacional. 

Com 180 cooperados e 25 anos de trajetória, a coop produz cafés especiais, sustentáveis e certificados, a maioria provenientes da agricultura familiar. Desde 2008, a Cafesul tem a certificação internacional Fairtrade, que atesta o cumprimento de boas práticas éticas e sustentáveis e garante um valor adicional na comercialização. Com o selo, a coop conseguiu padronizar a qualidade de sua cadeia de produção, se tornou referência no mercado de café conilon e abriu portas para exportação. 

A Cafesul começou a capacitação no PEIEX Coop em outubro de 2023 e está na fase final de conclusão do programa. Antes, a cooperativa vinha explorando oportunidades nos mercados internacionais por meio da participação em feiras de café especial na Europa e nos Estados Unidos. Com a capacitação e o plano de exportações concluído, a Cafesul planeja começar a fazer vendas diretas, sem intermediários. 

“O programa impulsionou a confiança da cooperativa em negociar com clientes e expandir sua rede, especialmente em mercados-alvo como a Alemanha. A equipe técnica do PEIEX Coop tem sido essencial no esclarecimento de conceitos e dúvidas sobre as diversas etapas da exportação, potencializando inclusive os atributos relacionados à atuação sustentável e comércio justo que a cooperativa possui”, afirma o presidente da Cafesul, Renato Theodoro, que também lidera a Associação Brasileira de Produtores Fairtrade (BRFAIR).  

Além do apoio à exportação direta, o PEIEX Coop capacita as cooperativas em outras habilidades de negócios, segundo Pamella Lima. “O programa desenvolve conhecimentos internos nas cooperativas, capacitando-as para atuar de forma autônoma no comércio internacional. Como resultado dessa qualificação, as cooperativas não apenas aumentam sua capacidade exportadora, mas também aprimoram seus aspectos gerenciais internos, tornando-se mais competitivas no mercado nacional e aptas para o mercado internacional”, pondera a gestora.  

Novos ramos 

As cooperativas de artesanato estão no radar da área de Negócios do Sistema OCB para receber apoio e qualificação para exportar. A ideia é que as coops possam participar, por meio do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), de feiras nacionais e internacionais, bem como de rodadas de negócios. A pauta é uma das demandas prioritárias da recém-criada Câmara Temática das Cooperativas de Artesanato, criada para representar os interesses das coops do segmento de todo o país. 

“Para o futuro próximo, nossas perspectivas são de fortalecer ainda mais as iniciativas de suporte do Sistema OCB à exportação de produtos das cooperativas que atendemos. Reconhecemos a importância de oferecer soluções estruturantes para impulsionar a capacidade exportadora dessas organizações, especialmente considerando o estágio inicial em que muitas delas se encontram. Esse é um tema prioritário em nossa agenda”, afirma Pamella Lima. 

 

Certificações internacionais 

Assim como nos casos da Cafesul e da Cooperlimão, as certificações internacionais ajudam a abrir portas de mercados no exterior e são fundamentais para cooperativas que planejam exportar. Esses selos servem para comprovar a qualidade da produção, mostrar o comprometimento com boas práticas sociais e ambientais e garantir que os produtos cumprem os requisitos legais para entrar no mercado de um determinado país. 

Conheça algumas certificações internacionais que podem ajudar as cooperativas no processo de exportação: 

  • Agricultura Orgânica – União Europeia;

  • Aquaculture Stewardship Council (ASC);

  • Fair For Life.

  • Fairtrade International;

  • Food Safety System Certification – FSSC 22000;

  • Forest Stewardship Council – FSC;

  • Global GAP;

  • Global Seafood Alliance – Best Aquaculture Practices (BAP);

Fonte: Apex 

 

Comece a exportar 

Se a sua cooperativa ainda não exporta ou quer potencializar as vendas no exterior, acesse o NegóciosCoop e conheça as soluções do Sistema OCB para apoiar as coops no mercado externo. A plataforma reúne conteúdos especializados sobre inteligência de mercado, estratégias comerciais, inovação, tendências e outras ferramentas para ajudar as cooperativas a vender mais e melhor.

 Pesquisa revela números positivos para a imagem do cooperativismo brasileiro
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Pesquisa de imagem aponta reconhecimento crescente do coop

Papel socioeconômico, modernidade e inovação são destaque entre os resultados


O Sistema OCB, em parceria com a instituição Checon, divulgou a Pesquisa de Imagem do Cooperativismo 2023, realizada em todas as regiões do Brasil, com a participação de 11.522 respondentes. O estudo, que utilizou as metodologias qualitativa e quantitativa em seu processo, apresentou uma visão ampla quanto à percepção da sociedade em relação às cooperativas. Os resultados revelam que 88% dos entrevistados de todas as regiões do Brasil consideram o movimento atual, moderno e inovador. Os dados indicam evolução quando comparados com os números de 2018, e destacam a importância de difundir os conceitos do cooperativismo para fortalecer e conscientizar a sociedade sobre seu impacto positivo no desenvolvimento socioeconômico do país.

Para Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, os resultados comprovam um aumento notável no reconhecimento do modelo de negócios e uma compreensão mais clara de seus princípios e valores. "Os dados refletem o trabalho dedicado de todas as coops brasileiras, que mostram, na prática, os benefícios das cooperativas em suas comunidades e setores econômicos. É um espelho do impacto positivo que o cooperativismo possui na vida das pessoas e na construção de um futuro mais justo e próspero para todos”, afirmou. 

A pesquisa, em sua segunda edição, contou com a participação de 51,8% mulheres e 48,2% homens. A faixa etária até 29 anos contou com 23% dos respondentes, enquanto os com idade entre 30 e 49 anos somaram 46% e, entre 50 e 65 anos, 25%. As regiões Nordeste e Sudeste registraram o maior número de participantes. Juntos, seus estados contaram com mais de 60% de representatividade. 

Em um intervalo de seis anos, a pesquisa revela mudanças na percepção e no reconhecimento das cooperativas. Em 2018, 55,6% dos entrevistados admitiram não se lembrar de nenhuma coop e, em 2023, esse número caiu para 23%, o que demonstra uma consciência e familiaridade maior com o conceito cooperativista. Além disso, aconteceu uma crescente notável na menção espontânea de cooperativas. Em 2018, somente 28,6% dos entrevistados souberam mencionar o nome de uma uma coop. Em 2023, esse número saltou para 54,8%, o que indica um maior engajamento das marcas cooperativistas. Entre as mais lembradas estão Sicoob, Sicredi, Aurora, Coamo e Cocamar. 

Um em cada quatro participantes afirmou ter contato com a marca do SomosCoop e, 18% associaram o cooperativismo à união, aliança e soma de esforços, enquanto 16% relacionaram o movimento à ajuda, apoio e auxílio mútuo. A percepção de "ser um cooperado" foi positiva, com a impressão dos entrevistados de que fazer parte de uma cooperativa traz mais credibilidade para o negócio, tendo em vista o seu modelo democrático que promove o desenvolvimento de negócios locais.

O estudo permitiu notar uma receptividade favorável ao cooperativismo, embora ainda seja necessário aprofundar a divulgação de informações mais detalhadas sobre o funcionamento, os objetivos e os princípios do movimento. O entendimento do modelo de negócio foi muito associado ao seu aspecto social. Conceitos como preço justo, qualidade e segurança quanto à procedência dos produtos foram indicados como pontos que merecem ser mais trabalhados para alcançar mais destaque e proximidade com o público.

 Pesquisa revela números positivos para a imagem do cooperativismo brasileiro

Confira o infográfico com os principais resultados da pesquisa

 

Saiba Mais:

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Futuro do trabalho e o cooperativismo: 6 tendências para 2024

Já parou para pensar como vai ficar o mercado de trabalho neste e nos próximos anos? Não faz muito tempo, passamos por desafios globais, como a pandemia de Covid-19, que trouxeram mudanças significativas na forma de viver e, também, de trabalhar. As práticas do home office e do modelo híbrido (presencial e online) são um exemplo. Mas será que elas continuarão a crescer no cooperativismo? E mais: como as cooperativas podem se preparar para reter talentos e atrair novos profissionais em um mundo cada vez mais digital? 

De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Gartner, em 2023,  26% dos executivos de grandes empresas apontaram a escassez de talentos como o risco mais prejudicial às organizações. Então, sem dúvida, esse é um ponto a ser priorizado pelas coops.

“As cooperativas já são referência no cuidado com as pessoas, o que as tornam ainda mais atrativas para quem gosta de um ambiente de trabalho agradável",  destaca Carina Batista Melo, gerente de Pessoas do Sistema OCB. "Acreditamos que equipes de excelência geram resultados de excelência. Por isso, dentro do coop, investimos fortemente na seleção, treinamento e retenção dos nossos talentos."

Pensando em ajudar sua cooperativa nessa jornada, reunimos 6 tendências de gestão de pessoas para 2024:

  1. Aprenda a lidar com a geração Z

    Eles ainda não chegaram aos 30, mas já a partir deste ano passarão a representar  ¼ da população global de trabalhadores, segundo relatório da Future Dojo. E a tendência é de que estejam cada dia mais envolvidos no desenho de estratégias e na tomada de decisões, ocupando também cargos de liderança, embora este não seja, em muitos casos, o objetivo final.

A chamada geração Z, formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, enxerga o trabalho de uma forma diferente de gerações anteriores. Pesquisas indicam que esses jovens adultos querem crescer profissionalmente, mas não colocam o trabalho como prioridade máxima. São profissionais que buscam por equilíbrio entre o pessoal e o profissional, querem trabalhar com propósito e não descuidam da saúde mental.

Estudo realizado em agosto de 2023 pela Visier — plataforma de análise de pessoal e planejamento de força de trabalho —  com 1000 funcionários de diferentes idades nos Estados Unidos, confirma essa tendência. A carreira aparece em 4º lugar em uma lista de prioridades elencada pelos entrevistados desta faixa etária.     

Para completar, eles tendem a preferir modelos de trabalho mais flexíveis, com mais liberdade no que diz respeito à carga horária, por exemplo (veja os tópicos 2, 3 e 4 desta matéria). Em alguns casos, também exploram atividades paralelas, pensando em uma maior independência financeira. 

Como lidar com esses profissionais? Reunimos algumas dicas para o convívio diário com a geração Z no ambiente de trabalho que podem te ajudar: ofereça oportunidades de aprendizado contínuo, estimule a colaboração e o trabalho em equipe, aposte na autenticidade e transparência e devolva habilidades de liderança. Esses são alguns dos pontos valorizados por eles e que podem fazer a diferença para um ambiente agradável e produtivo. 

Núcleo Jovem Coplacana

A transição entre gerações é, com certeza, um desafio, mas as coops já têm exemplos interessantes para compartilhar. A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) é uma delas. A coop decidiu sair na frente nesse sentido e investir em ações para atrair a juventude. O Núcleo Jovem Coplacana foi criado há quatro anos, uma maneira de inovar e conectar a nova geração ao agronegócio e ao cooperativismo. Uma oportunidade para formar novas lideranças e contar, quem sabe, com novos cooperados e colaboradores. O projeto reúne pessoas com idade entre 16 e 35 anos. Já são 136 integrantes em 17 filiais, e a intenção é levar o projeto para todas as unidades da cooperativa, 35 no total. 

2. Ofereça vantagens que vão além do salário

Para manter os talentos na equipe, é preciso mais do que oferecer bons salários. Assim como a geração Z, outras faixas de profissionais também estão em busca de uma vida com equilíbrio. Querem se dedicar ao trabalho, mas com tempo suficiente para suas atividades pessoais.

Diante desse novo cenário, quem emprega precisa usar da criatividade e da inovação para oferecer vantagens e benefícios para aqueles que já fazem parte da equipe e, também, para atrair novos talentos. Quer alguns exemplos?

Um recurso que só vai crescer entre as áreas de Gestão de Pessoas é a flexibilidade de jornada, que também poderá acontecer na marcação de férias. Semanas de trabalho mais curtas (veja mais a seguir) e remuneração variável, com bonificações, são outra tendência. Vale, inclusive, subsídios habitacionais para quem trabalha no modelo home office e programas voltados à educação e ao bem-estar financeiro, que também podem ser estendidos a todos os funcionários. 

Sustentabilidade no trabalho - Aliás, essa busca por equilíbrio entre o ambiente de trabalho e a vida pessoal e, consequentemente, por benefícios que vão além do salário, tem também ligação com um dos objetivos estratégicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A instituição fala sobre “a promoção do emprego produtivo e de qualidade”, que traga bons resultados tanto para quem executa quanto para quem contrata, um conceito que também é base para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. 

3. Semanas mais curtas de trabalho

Sabe as semanas de trabalho de quatro dias, que têm ganhado espaço de debate no mundo organizacional? Um artigo da Harvard Business Review diz que esse ainda é um desafio, mas também se apresenta como uma tendência. A ideia, antes considerada radical, tem tido mais abertura e aceitação tanto entre colaboradores quanto entre instituições.

Uma análise realizada pela Gartner indica que 63% de candidatos a novas oportunidades de emprego veem a semana reduzida como um benefício atraente. E os empregadores mais ousados estão colocando em prática também como vantagem competitiva, além de utilizar o modelo para engajar a equipe e contribuir para um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Nos Estados Unidos, por exemplo, 20% dos empregadores já adotaram a semana de quatro dias e outros 41% pretendem adotá-la. É o que indica uma pesquisa da empresa norte-americana Resume Builder feita em 2023.

4. Home Office, trabalho híbrido ou presencial    

Com a realidade que vivenciamos durante a pandemia, o modelo home office ganhou a preferência entre muitos profissionais. Hoje, mesmo após um movimento significativo de retorno de diferentes setores aos escritórios, parte das equipes prefere o teletrabalho ou modelos híbridos. E quando falamos das novas gerações, esse percentual cresce significativamente.

Segundo matéria divulgada na Forbes sobre tendências do futuro do trabalho, o modelo 100% home office tende a diminuir ainda mais, dando espaço para a flexibilidade. A ideia é conciliar dias de trabalho em casa e no escritório, com ascensão do modelo híbrido. Uma tendência que atenderá, simultaneamente, as empresas e os funcionários. 

A decisão do modelo a ser adotado pode variar de um modelo de negócios para outro e, também, de acordo com os tipos de cargos predominantes. Mas abre-se um espaço, inclusive, para negociações entre times e lideranças. 

 Flexibilidade no Sicoob

Sabia que já existem cooperativas colocando em prática novas propostas de trabalho? O Centro Cooperativo Sicoob (CCS) é um exemplo. Lá, as atividades também voltaram ao presencial, mas não totalmente. Na verdade, o que se apresentou foi uma forma mais flexível, com parte significativa da equipe no modelo de trabalho híbrido, dias na sede da instituição e dias em casa. Com a transformação digital ainda mais intensa durante a pandemia, a instituição aumentou seu time de colaboradores, passou a contar com profissionais em diferentes partes do país e decidiu investir em flexibilidade. Hoje, as estações de trabalho também são compartilhadas, sendo ocupadas de acordo com as escalas de cada área.

 

5. IA como aliada

Diferentes estudos de tendências mostram que a tecnologia continuará em alta, indicando a necessidade de capacitação e desenvolvimento de novas habilidades entre os times das organizações. Afinal, novos recursos tecnológicos devem surgir, e as equipes não só podem, como devem aproveitá-los para otimizar tarefas e desenhar novos produtos, por exemplo. 

Um estudo da Accenture apontado em matéria da Forbes revela que faltam habilidades importantes dessa área quando se fala em futuro do trabalho, como entender de dados, conhecer sobre realidade virtual e usar a inteligência artificial (IA). E as chamadas “tech skills” – habilidades digitais – serão cada vez mais valorizadas.  

E por falar em IA, segundo o dicionário Collins, ela se apresenta como a palavra mais buscada quando se procura justamente por habilidades, e deve continuar assim. Pesquisa da Gartner mostra que a inteligência artificial vai remodelar funções e abrir novas oportunidades. Há uma estimativa de que, até 2025, 70% das tarefas textuais e de dados serão realizadas a partir de interações com ferramentas de IA. E essa integração com a tecnologia pode tornar o trabalho ainda mais eficiente e dinâmico. Mais uma dica para as cooperativas e suas equipes.       

6. Habilidades comportamentais em alta

Que a formação profissional é ponto importante no mercado de trabalho, isso é fato. E a tendência é de um crescimento significativo da importância das habilidades em relação aos diplomas acadêmicos. Existem, inclusive, empresas como Google, Target e Walmart, que não se restringem à exigência do diploma em suas vagas, abrindo oportunidades para diferentes tipos de talentos.

Assim como as “tech skills”, que estão mais ligadas à parte técnica (“hard skills”), outras habilidades também se mostram relevantes para que um profissional continue se destacando no mercado. As “soft skills” (habilidades comportamentais), por exemplo, são importantes para todas as carreiras e podem ser determinantes para se chegar ao sucesso. 

Comunicação eficaz, curiosidade, trabalho em equipe e vontade de aprender ao longo da vida (lifelong learning) continuam em alta. Somam-se a elas a inteligência emocional e o pensamento crítico. 

“Green skills” – Você já ouviu falar em “green skills”? Elas estão cada vez mais valorizadas e ainda existem poucos profissionais no mercado com essas habilidades. O nome remete às pessoas que têm competências necessárias para trabalhar com sustentabilidade ambiental. Segundo relatório do LinkedIn, citado também em matéria divulgada pela Forbes, há um aumento das contratações que priorizam a sustentabilidade. E apenas 1 em cada 8 pessoas tem uma ou mais “green skills”. 

Imagem ESG
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Quer inovar na pauta ESG? Fique atento às tendências para 2024

A agenda ESG é uma realidade para as cooperativas brasileiras. A sigla em inglês se refere a Environmental, Social and Governance, que se traduzem como ações ambientais, sociais e de governança. 

De acordo com o Diagnóstico ESG, pesquisa realizada pelo Sistema OCB para conhecer o grau de aderência das coops a esses pilares de sustentabilidade, as coops brasileiras estão afinadas com a pauta e se destacam em quesitos como o cumprimento de leis e normas, conformidade social e ambiental e práticas trabalhistas. 

Os resultados confirmam que o cuidado com as pessoas, com o meio ambiente e com a ética na gestão é parte indissociável do dia a dia das cooperativas brasileiras. Ao mesmo tempo, a pesquisa também apontou desafios para implementação de ações ESG de forma mais abrangente em algumas áreas, principalmente na dimensão ambiental.  

De olho nessa oportunidade e com a clareza de que o futuro dos negócios será cada vez mais ESG, as cooperativas devem se preparar para colocar em prática iniciativas que ajudem a transformar ainda mais a forma de fazer negócios no coop. 

Além disso, a agenda ESG está cada vez mais conectada às estratégias de inovação e os dois temas devem ser abordados de forma integrada nos planejamentos das cooperativas. “Iniciativas que focam no mapeamento e tratamentos dos impactos causados são somadas às novidades, ações de maior eficiência e eficácia, com maior margem para escalabilidade e replicabilidade. Elas são impulsionadas não apenas pela necessidade de responder a desafios sociais e ambientais, mas também pela crescente demanda de mercado, por práticas mais responsáveis e sustentáveis”, analisa o gerente do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, Guilherme Costa. 

Com base no relatório anual da Gartner, empresa especializada em consultoria, pesquisa e inovação, listamos as principais tendências de ESG para 2024:

Tecnologias sustentáveis 

Uma das principais tendências para 2024 é o desenvolvimento e adoção de tecnologias sustentáveis, ou seja, soluções digitais que impulsionem os resultados ESG. 

Nessa tendência, a simbiose entre inovação e ESG fica clara, com a criação de ferramentas que ajudem a operacionalizar ações de sustentabilidade ambientais, sociais e de governança, colocando a tecnologia a serviço de práticas empresariais mais responsáveis nas três dimensões.

As soluções digitais com impulso ESG podem fornecer, por exemplo, novas formas de gerenciar ativos, melhorar o desempenho energético, garantir a rastreabilidade de produtos, ampliar o acesso a dados relevantes para a gestão dos negócios, entre outras possibilidades. 

Conexão para inovar

Uma oportunidade para as cooperativas nessa área é a conexão com as chamadas cleantechs, startups dedicadas ao desenvolvimento de tecnologias verdes. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), há cerca de 100 cleantechs ativas em todo o país, com soluções tecnológicas ligadas à qualidade do ar, energia limpa, agropecuária sustentável, eficiência energética, entre outras. 

Por meio da análise de dados qualificada, uso de inteligência artificial e algoritmos, as cleantechs podem desenvolver soluções tecnológicas capazes de aumentar a produtividade ao mesmo tempo em que reduzem desperdícios e 

minimizam o impacto ambiental dos processos, em um círculo virtuoso de sustentabilidade. 

Evolução das energias limpas 

Mais de 85% da energia elétrica utilizada no Brasil vem de fontes renováveis, principalmente de geração hidrelétrica, segundo o Balanço Energético Nacional 2023. Além de ter uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, o país oferece muitas oportunidades de crescimento no setor de energias renováveis, o que representa uma grande vantagem competitiva em um cenário global que privilegia as soluções verdes e o desenvolvimento sustentável. 

Em uma tendência ESG para 2024, a transição rumo a uma matriz elétrica ainda mais renovável tende a ganhar força com o uso cada vez mais recorrente de fontes como eólica, solar, biomassa, biogás, além de pequenas hidrelétricas, que têm menos impacto ambiental que usinas de grande porte.

Cooperativismo na vanguarda

O crescimento e a diversificação das fontes de energia limpa estão no radar das cooperativas brasileiras há muitos anos, e algumas delas são referência em tecnologias de produção e uso de energias renováveis. Além do impacto direto sobre o meio ambiente, a questão também se tornou um diferencial competitivo para os produtos com a marca coop. 

Em Bento Gonçalves (RS), a Cooperativa Vinícola Aurora – maior coop de produção de vinhos do Brasil – tem investido desde 2019 na transição energética e hoje só utiliza eletricidade proveniente de fonte limpa, totalmente renovável e que não agride o meio ambiente. Toda a energia que abastece as três plantas industriais da vinícola vem de usinas eólica, solar, de biomassa, e de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). 

A readequação energética da vinícola cooperativa é certificada por uma empresa de gestão de energia e reavaliada anualmente para validar a utilização de energia 100% renovável. Com a conversão da matriz energética, desde 2019, a Cooperativa Vinícola Aurora deixou de emitir na atmosfera 1.373 toneladas de dióxido de carbono (CO2), que provoca o aquecimento global.  Apenas em 2022, foram 217 toneladas de CO2 a menos, um esforço equivalente à manutenção de uma floresta com 6 mil árvores. 

Descarbonização da produção 

O agravamento da crise climática, com eventos extremos registrados em várias partes do mundo, tem deixado claro que as respostas para frear o aquecimento do planeta têm de ser rápidas e em grande escala. 

Reduzir as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa não é apenas uma missão ambiental, mas uma tarefa que está diretamente relacionada à sustentabilidade econômica. Na agricultura, por exemplo, frear o aquecimento global é fundamental para a sobrevivência dos negócios, porque a produção tem sido cada vez mais afetada por secas extremas ou chuvas fora do padrão. 

Menos carbono no coop

No cooperativismo, o ramo agropecuário é justamente um dos que mais se destaca na busca de soluções para descarbonizar a produção. Técnicas de agricultura de baixo carbono tem se difundido entre as coops, que aliam tecnologia e experiência no campo para garantir benefícios ambientais e ganhos de competitividade para os produtores cooperados. 

No Sul do Brasil, a Coopercampos – gigante cooperativista de cereais, sementes, insumos e agroindústria – aposta na inovação para reduzir emissões de CO2 em suas áreas de produção em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. 

Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cooperativa criou um programa para avaliar a qualidade de manejo dos solos e identificar as melhores oportunidades de retenção do carbono na terra, evitando a emissão do gás para a atmosfera. No projeto  Clube do Carbono, a Copercampos incentiva seus cooperados a utilizar técnicas como o plantio direto na palha e outras práticas conservacionistas. 

No plantio direto, por exemplo, a semeadura é feita na palha da cultura anterior, sem a necessidade de queimar a área nem de revolvimento da terra, reduzindo a liberação de CO2. A incorporação da matéria orgânica ao solo também mantém a umidade e beneficia a nutrição das plantas, aumentando a produtividade.

Transparência das ações climáticas

O compromisso com o enfrentamento da crise climática também requer a medição e divulgação das ações de combate do aquecimento global de maneira transparente e qualificada. Na hora de comunicar os indicadores ESG aos cooperados, consumidores e sociedade, há várias estratégias para compartilhar os resultados com credibilidade. 

A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, fornece parâmetros para medição e avaliação de estratégias corporativas de sustentabilidade a partir da relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma série de metas globais a serem alcançadas até 2030. 

A ferramenta mais comum para a comunicação de iniciativas ESG, incluindo as ações climáticas, são os relatórios de sustentabilidade. Em todo o mundo, o modelo mais usado para esse tipo de documento é o padrão GRI,  sigla de Global Reporting Initiative, uma organização internacional sem fins lucrativos que fornece padrões com uma linguagem comum para as instituições comunicarem seus impactos. 

Relatórios cooperativistas

No Brasil, o padrão GRI é adotado por diversas cooperativas na demonstração de suas iniciativas de sustentabilidade, como a Frísia, a Cocamar, a Integrada Cooperativa Agroindustrial, a Coopercitrus, o Sicoob, o Sicredi e diversas cooperativas do Sistema Unimed, além de Organização Estaduais como o Sistema Ocemg, de Minas Gerais. 

Em outra frente de transparência das ações de combate ao aquecimento global, o Sistema OCB está trabalhando para disponibilizar uma ferramenta que auxilie as cooperativas na elaboração de seus inventários de gases de efeito estufa, um mapeamento de todas as emissões produzidas por elas. O inventário é o primeiro passo para identificar o potencial de redução de carbono em cada setor e definir investimentos mais assertivos. 

Aumento da frota de carros elétricos

As vendas de carros elétricos no Brasil quase dobraram em 2023, com 93.927 emplacamentos em todo o país, com crescimento em todas as regiões, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico. Em 2024, janeiro também já registrou recorde de vendas, com 12.026 novos carros elétricos na rua.  

Os números mostram o potencial da eletromobilidade como uma das principais tendências ESG para 2024 e projetam o aumento recorde da frota eletrificada até o fim do ano. A eletrificação da frota tem impactos ambientais diretos, com redução do uso de combustíveis fósseis, menos emissão de poluentes no ar e redução do nível de ruídos. 

No Brasil, o setor de transporte é responsável por cerca de 45% das emissões CO2, principalmente pela utilização majoritária do modal rodoviário. Para se ter uma ideia, um caminhão de carga emite 77 quilos de gases de efeito estufa a cada 100 quilômetros rodados. 

Caminhão elétrico cooperativista – Atenta à responsabilidade do segmento de transporte rodoviário de carga para mudar esse cenário, a Cooperativa de Transportadores Autônomos de Cargas e Passageiros da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Coopmetro) começou a fazer a sua parte e colocou na rua o primeiro caminhão elétrico de sua frota. O veículo não depende de combustível, não gera poluição do ar nem sonora, e a energia elétrica usada no abastecimento é de fonte renovável, gerada em uma usina solar da cooperativa. O projeto de eletrificação da frota está em fase piloto e a Coopmetro pretende testar novos caminhões elétricos este ano. 

Em outra contribuição coop para estimular o uso de veículos elétricos, a cooperativa gaúcha Certel Energia inovou ao instalar o primeiro posto para carregamento de carros elétricos do município de Teutônia, na região central do Rio Grande do Sul. 

A falta de postos de recarga é um dos principais desafios para a ampliação do número de veículos elétricos no Brasil.  De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), há 3,8 mil eletropostos públicos ou semipúblicos em todo o país, mas a maior parte está concentrada nos grandes centros urbanos. 

Buscador de tendências

Quer saber mais sobre tendências de inovação para 2024 e como elas podem aumentar a competitividade da sua cooperativa? Acesse agora o InovaCoop - plataforma de inovação do Sistema OCB - e comece o curso “Pesquisador de tendências”. A capacitação ensina a identificar e mapear tendências e a utilizar essas informações a favor do seu negócio.

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O coop ligado nas principais tendências tecnológicas para 2024

Temos um novo ano pela frente, com uma série de oportunidades que podem levar mais inovação e resultados de impacto para a sua cooperativa usando a tecnologia. Mas como fazer isso? As inúmeras ferramentas desenvolvidas com o uso da inteligência artificial (AI) ganharam destaque especial em 2023, como o ChatBot e tantas outras. E a perspectiva é de que esse campo continue crescendo.

A previsão é de que haverá um aumento de 8% dos investimentos mundiais em Tecnologia da Informação (TI) em 2024, chegando a US$ 5,1 trilhões, segundo a empresa Gartner, especializada em pesquisa e consultoria em TI. 

Diante desse cenário, é fundamental manter um olhar constante para o futuro, acompanhar as tendências globais e, assim, direcionar esforços e investimentos de maneira assertiva no presente para se alcançar melhores resultados. A sua coop já sabe como vai usar a tecnologia para alavancar o desempenho da equipe e dos negócios nos próximos meses? 

Hoje nós vamos falar das principais tendências tecnológicas para 2024, incluindo aquelas que estão diretamente ligadas à IA e ao uso estratégico de dados. Para isso, usamos como base o site de inovação do cooperativismo, o InovaCoop, o relatório anual da Gartner e uma pesquisa feita pela WGSN, consultoria que também trabalha com previsão de cenários. Temos certeza de que essas informações vão gerar insights interessantes para todas as cooperativas.

Tendências de mercado

Para começar, vale relembrar o que seria exatamente uma tendência de mercado. “Segundo Kotler (2000), uma tendência é uma direção ou uma sequência de eventos que tem determinado impulso e direção”. Na prática, as tendências seriam como pistas que indicam como será o futuro e quais comportamentos podem surgir e se manter por um período maior de tempo. Existem inclusive especialistas que trabalham fazendo esse exercício de futurismo

Soluções inovadoras e tecnológicas

A partir desses estudos sobre tendências, podemos desenhar cenários, trabalhar com projeções e buscar soluções inovadoras para potencializar os negócios, agregando valor e marcando presença no mercado. Com todos os recursos tecnológicos disponíveis, é importante estar por dentro das principais tendências para escolher assertivamente quais tecnologias utilizar, usá-las de forma correta e fazer isso seguindo os objetivos e metas de cada cooperativa. A ideia é se preparar para sair na frente e ganhar em competitividade. Os benefícios são muitos, para as equipes e para as organizações. 

 

O que você ganha ao conhecer e utilizar corretamente novas tecnologias?

(Fonte – Principais tendências tecnológicas estratégicas para 2024 – Gartner) 

  • A certeza e a confiança de poder usar IA com segurança;

    • Atividades sustentáveis dentro do ecossistema em que você opera;

    • Tecnologias dedicadas para tarefas, setores e funções específicos;

    • Mais velocidade e produtividade com um mínimo de esforço ou investimento extra; • Mais valor para partes interessadas internas e externas.

 

Conheça as principais tendências tecnológicas para 2024:

 
IA Assistente

Existe um receio de que a tecnologia acabe substituindo os humanos. No entanto, muitos especialistas indicam que o caminho está em agregar os benefícios oferecidos pela evolução tecnológica, como a facilidade e a otimização do tempo, às características e habilidades particulares do ser humano. A tendência para 2024 é de que este seja um ano para se consolidar a colaboração entre máquinas e humanos. 

É isso mesmo: tudo indica que vamos utilizar cada vez mais a inteligência artificial generativa (GenAI – sigla em inglês) para colocar ideias em prática com mais facilidade. Muitos profissionais já têm feito uso desse tipo de tecnologia e se mostrado mais produtivos. É o caso dos designers, segundo indica estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts – tradução), que conseguem dedicar mais tempo ao processo criativo, utilizando recursos de IA de baixo código/sem código para a parte de programação. 

O que é inteligência artificial generativa

“É um tipo de IA que pode criar novos conteúdos e ideias, incluindo conversas, histórias, imagens e músicas. Você pode treiná-la para aprender linguagem humana, linguagens de programação, arte, química, biologia ou qualquer assunto complexo. Ela reutiliza dados de treinamento para resolver novos problemas. Sua organização pode usar a IA generativa para várias finalidades, como chatbots, criação de mídia e desenvolvimento e design de produtos”. (Fonte: Amazon)


IA estratégica

Fica claro, portanto, que as novas tecnologias podem e devem ser usadas de forma estratégica nos negócios, para o aumento da produtividade e o crescimento dos resultados. Segundo pesquisa realizada pela Gartner com lideranças do mundo dos negócios em 2023, a inteligência artificial foi citada como a tecnologia que terá maior impacto em vários setores nos próximos três anos. A IA pode auxiliar na realização de atividades mais complexas, assim como em ações mais repetitivas.

Segundo a consultoria Gartner, a estimativa é de que, até 2028, 75% dos engenheiros de software empresarial utilizarão assistentes de codificação de inteligência artificial. Um processo que pode ser amplificado com a utilização de outras ferramentas de IA auxiliando também na fase de projeto, e posteriormente, nos testes de aplicações, abrindo espaço para atividades estratégicas, como o design e a composição de aplicações de negócios atraentes. Assim como os profissionais de TI, outros setores estratégicos já utilizam de recursos de inteligência artificial para o desenvolvimento de produtos, como as áreas de planejamento, mercado, inovação, marketing e comunicação.


Dica de ouro 

A dica é fomentar esse processo em toda a cooperativa e incentivar suas equipes a conhecerem e usarem a IA a seu favor. Elas podem fazer isso contando com o apoio e a orientação dos times de Tecnologia da Informação e de outras áreas, como Inovação, Gestão de Pessoas e Marketing, que podem auxiliar em campanhas de divulgação e sensibilização. 

Democratização

A perspectiva é de que as organizações utilizem de forma crescente a inteligência artificial generativa também para ampliar o acesso a fontes de informação, democratizando, consequentemente, o conhecimento e o desenvolvimento de competências dentro do ambiente institucional. Até 2026, mais de 80% das organizações do mundo todo já estarão fazendo uso desse tipo de ferramenta.     


*Wearbles na área de saúde

A tecnologia está presente na nossa vida de diversas formas, e cada vez mais. Sabia que além de usar, nós podemos vestir a tecnologia? Pode parecer estranho, mas é a mais pura verdade. Você certamente tem ou já viu um relógio inteligente, pulseiras conectadas ou mesmo fones de ouvido com bluetooth.

>> O termo wearbles significa vestuário, então nós estamos falando da tecnologia vestível ou de dispositivos vestíveis.

Além de facilitar a realização de atividades diárias, esses aparelhos também podem ser usados para cuidados com a saúde. Eles coletam, monitoram, mensuram e armazenam muitos dos nossos sinais físicos. É possível, portanto, olhar de forma personalizada para cada indivíduo, analisando suas características e seu comportamento na rotina e durante a prática de exercícios. Ao mesmo tempo, cria-se automaticamente um grande banco de dados capaz de desenhar um panorama detalhado sobre a saúde das pessoas. E a previsão é de que esse leque de produtos aumente ainda mais nos próximos meses, com a chegada de itens como anéis e broches.

Tokenização financeira

No mercado financeiro, já se utiliza e muito da digitalização para atendimento online e acesso a uma série de serviços e produtos. O PIX, serviço de pagamento instantâneo brasileiro, é um exemplo. Tudo é feito pela internet, usando um aplicativo instalado no celular ou mesmo um desktop. Neste cenário, já se visualiza uma nova etapa para 2024, um processo de tokenização das transações financeiras.


Você sabe o que é tokenização?

É quando se converte os direitos de um ativo em um token digital. Cria-se uma representação digital e segura, ou seja, criptografada de um bem real, que pode ser tangível, como carros ou imóveis, ou intangível, como dívidas ou precatórios. Um processo que traz liquidez e transparência, possibilitando, inclusive, o fracionamento desses ativos. Um token digital pode ser movido, registrado ou armazenado em um sistema de blockchain.


No Brasil

É como o Drex, o real digital. Desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, ele representa a tokenização da moeda brasileira em uma rede blockchain. E o amadurecimento desse processo faz parte das tendências previstas para 2024. Vale ressaltar que existe um grupo de cooperativas de crédito que está diretamente envolvido nos testes do Drex e vai, certamente, acompanhar de perto esse desdobramento. Assim como o Brasil, outros países estão produzindo suas moedas digitais.


Mais sobre o Drex

Totalmente digital, ele vai permitir a incorporação de novas tecnologias e novos modelos de negócios, aumentando a automação e reduzindo restrições dos serviços financeiros. Um dos objetivos do Banco Central com o Drex é promover a inclusão financeira de pessoas que ainda não têm acesso a soluções bancárias. O sistema, na prática, é similar ao utilizado em transações de criptomoedas, mas com controle do órgão regulador.

Consumo com base em algoritmos

Já ficou mais que comprovado que os nossos hábitos de consumo na internet são traduzidos em dados que indicam as nossas preferências. Isso acontece nas redes sociais, por exemplo. A partir desses registros, os algoritmos nos enviam com frequência conteúdos correlacionados às nossas principais pesquisas e interações. O que vale também para o nosso comportamento na hora de fazer compras.

Em alguns casos, recebemos positivamente as indicações feitas via algoritmos e automações. Em outros, nem tanto. Na verdade, esse processo acaba trazendo mais benefícios para quem quer vender mais a partir da análise de dados. Mas, para 2024, o consumo com base em algoritmos, além de se intensificar, deve ganhar novas características. A tendência é que o usuário participe de forma mais direta de todo o processo, tendo mais controle sobre as ferramentas, segundo a consultoria WGSN. Com isso, o processo de compra tende a ser mais assertivo e automatizado.   

Clientes-máquina

E tem mais, há também a perspectiva de um novo agente nesse cenário, os chamados clientes-máquina, também conhecidos como custobots, segundo estudo da consultoria Gartner. Você deve estar se perguntando: mas o que são clientes-máquina? São atores econômicos não humanos com capacidade para fazer negociações e compras de bens e serviços em troca de pagamento. A previsão é de que, até 2028, 15 bilhões de produtos conectados existirão com o potencial de se comportarem como consumidores. E a tendência é de que esse processo de crescimento continue nos próximos anos, podendo ser ainda mais representativo do que a chegada do comércio digital.  


Cibersegurança

Cada vez mais, cresce a utilização de sistemas e de dados que auxiliam na tomada de decisões, na inovação e na criação de novos produtos e serviços. Com isso, cresce também a necessidade de se investir fortemente em segurança digital, incluindo nesse processo o desenvolvimento de novas ferramentas para lidar com possíveis ameaças.

Dentro desse contexto, se destaca a importância do gerenciamento contínuo de exposição a ameaças, tendência apontada pela empresa Gartner para os próximos meses. A ideia é que as organizações avaliem a acessibilidade, a exposição e a abertura para verificação de ativos digitais, e também físicos, de forma crescente e consistente. E aquelas que investirem nesse tipo de segurança, irão perceber uma redução de dois terços no registro de violações até 2026.


IA – Gestão de Confiança, Risco e Segurança

A democratização do acesso à inteligência artificial faz ainda mais urgente a necessidade da Gestão de Confiança, Risco e Segurança da IA. Não contar com barreiras de proteção é abrir portas para efeitos negativos desse tipo de tecnologia. Esse modelo de segurança destacado no estudo da Gartner oferece ferramentas de proteção proativa de dados, segurança específica de IA, entre outros benefícios. A consultoria prevê que, até 2026, as empresas que fizerem uso desses recursos tomarão decisões ainda mais precisas, eliminando até 80% de informações defeituosas ou ilegítimas.

Privacidade em primeiro lugar


O compartilhamento de dados é um item sensível e que tem chamado a atenção no mundo dos negócios e na sociedade. O que se observa é um número crescente de pessoas receosas em compartilhar informações pessoais. Em função disso, fica evidente a importância de se direcionar investimentos e força de trabalho para proporcionar aos clientes e diferentes usuários privacidade e segurança. 

Mais forte em 2024

A tendência é de que esse tema ganhe cada vez mais evidência em 2024 e nos próximos anos. No Brasil, por exemplo, ainda não há uma regulamentação específica para utilização de tecnologias como a inteligência artificial, para se discutir limites éticos e jurídicos. O tema está em discussão no Congresso Nacional, a partir do Projeto de Lei 2338/2023, que discute elementos para o uso da tecnologia. 

Nacionalmente, temos a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que traz uma série de normas e diretrizes para orientar instituições públicas e privadas nesse processo de adaptação. Ela foi instituída em 2018 e passou a valer efetivamente em setembro de 2020. É preciso olhar com atenção para esse tema, para que se construa um relacionamento de confiança e duradouro entre empresas e públicos estratégicos. E as cooperativas totalmente estão inseridas nesse cenário. 

Em outros países

Este ano, a União Europeia passará a contar com um acordo provisório de regras para o uso da tecnologia. O lançamento ocorreu no final de 2023, e o texto final será publicado este ano. 


Demanda por metrificações

Como mensurar os resultados e avaliar o desempenho na sua cooperativa com uma abundância e diversidade de dados disponíveis para análise? Com o crescimento do uso de tecnologias, esse universo tende a ser cada vez maior. É preciso, portanto, conhecer bem os objetivos e as metas da sua coop para, então, filtrar as informações a serem utilizadas, e estabelecer os indicadores. 

A expressão “os dados são o novo petróleo”, do matemático Clive Humby, tem ganhado um destaque crescente no mercado. Mas, para que realmente faça sentido, como diz o próprio estudioso, é preciso ir além, e gerar conhecimento e valor a partir dos dados. A partir de um filtro criterioso, é possível fazer análises detalhadas, acompanhar os resultados, identificar novas oportunidades e trabalhar para vencer as dificuldades. Dessa forma, é possível desenhar estratégias para impulsionar os negócios e gerar melhores resultados. 

E os recursos oferecidos pela inteligência artificial podem te ajudar nesse processo. Existe, inclusive, uma tendência de maior utilização de métricas preditivas de atenção, que podem auxiliar no desenho de novas estratégias, ações e produtos. As equipes de marketing, por exemplo, devem fazer uso desse recurso para trabalhar na criação de anúncios e mensurar atenção em escala. É o que diz um relatório elaborado pela Kantar, empresa especializada em dados, insights e consultoria. 

*Hiperconexão 


Com tantos pontos diferentes de contato e um aumento significativo de recursos tecnológicos, com destaque para ferramentas de inteligência artificial, a hiperconexão é um caminho sem volta. E a tendência é de crescimento. Nós estaremos cada vez mais conectados a outras pessoas, organizações e empresas. 

Diante desse cenário, é fundamental entender como funcionam as relações entre marcas e consumidores em um ambiente digital. Isso, tanto para fortalecer relacionamentos que já existem quanto para criar novos laços. Fica claro, portanto, que a transformação digital deve se expandir ainda mais dentro das cooperativas e envolver todas as áreas do negócio. Mais um campo forte da tecnologia em 2024.   

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Inovação social no cooperativismo: novas ideias a serviço do bem-estar coletivo

Quando a inovação se junta com o cooperativismo, o resultado são soluções com benefícios que vão além do econômico, com impacto na vida das pessoas. Esse conceito é conhecido como inovação social, e, apesar de não ser exclusivo do cooperativismo, tem tudo a ver com o nosso modelo de negócio. 

“Quando falamos de inovação social, nos referimos ao desenvolvimento de novas soluções para melhorar o bem-estar de pessoas e comunidades. Em essência, trata-se da aplicação de ideias inovadoras para resolver problemas sociais, ambientais ou para promover um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo”, explica o gerente do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, Guilherme Costa. 

Ao contrário do conceito tradicional de inovação, em que o principal objetivo é buscar soluções competitivas e mais eficientes do ponto de vista econômico, na inovação social o foco é gerar benefícios que possam ser compartilhados com todos, com um enfoque no bem-estar das pessoas e das comunidades. 

“O objetivo é criar soluções sustentáveis e de impacto positivo que beneficiem a sociedade como um todo, promovendo equidade, inclusão social, e melhor qualidade de vida", acrescenta Costa. "A inovação social coloca o progresso humano e ambiental no centro de suas atividades, buscando não apenas o sucesso econômico, mas também o desenvolvimento social e a sustentabilidade ambiental.”

Ainda de acordo com o gestor,  o próprio cooperativismo pode ser considerado uma inovação social. Afinal, trata-se de um modelo de negócios criado para resolver problemas sociais da época de seu surgimento, em 1844, quando a Inglaterra enfrentava uma grave crise econômica e de desemprego. 

Hoje em dia, a relação entre cooperativismo e inovação social se dá de forma ainda mais clara, porque a atuação das cooperativas têm impactos diretos nas comunidades em que estão presentes. 

 

“Uma cooperativa trabalha para atender aos interesses econômicos e sociais de seus cooperados, e, por consequência, as comunidades também são positivamente impactadas. Para se ter uma ideia, de acordo com estudo publicado no Anuário do Cooperativismo Brasileiro em 2023, nos municípios brasileiros onde há presença de cooperativas, a média de PIB [Produto Interno Bruto] por habitante é, em média, 18,6% maior do que em municípios sem cooperativas”, compara Costa. 

IMPACTO NO MERCADO

Uma inovação social produzida pelo cooperativismo pode ter impactos que vão muito além das coops e levar a transformações no mercado. Isso porque outras empresas também passam a utilizar as novas ferramentas, multiplicando os benefícios da inovação para a sociedade.

“Iniciativas que focam em responsabilidade social e ações de cooperação com impacto coletivo na transformação social são somadas às novidades, ações de maior eficiência e eficácia, com maior margem para escalabilidade e replicabilidade. Elas são impulsionadas não apenas pela necessidade de responder a desafios sociais e ambientais, mas também pela crescente demanda de mercado, por práticas mais responsáveis e sustentáveis”, afirma o gerente do Sistema OCB.

Um exemplo que mostra bem o impacto de uma inovação social do cooperativismo para uma comunidade e para todo um segmento econômico é o projeto Barracred Conecta, da cooperativa de crédito Barracred, de Barra Bonita (SP). A iniciativa oferece capacitação para jovens em tecnologia da informação integrada a valores cooperativistas. A ideia surgiu em 2023, depois que a cooperativa ampliou seu setor de tecnologia e se deparou com a falta de mão de obra especializada na região.

Com uma estrutura própria que simula o ambiente de uma startup de tecnologia, o programa oferece aulas teóricas e práticas de tecnologia da informação, inglês, treinamento de habilidades pessoais e profissionais, além de um estágio.  “Conseguimos capacitar e encaminhar esses jovens para o primeiro emprego, revelando talentos para o mercado. Contribuímos para que eles se tornem protagonistas de suas próprias histórias, transformando sua realidade, a de suas famílias e também a da comunidade em que vivem”, explica a coordenadora de Responsabilidade Social da Barracred, Andresa Baratela.

Além do impacto social direto para os estudantes, o programa ampliou a oferta de profissionais capacitados para empresas da região, que tem se consolidado com um polo de tecnologia. A primeira turma formada pelo Barracred Conecta registrou 75% de contratação após o estágio. 

Assim como o projeto de capacitação da cooperativa paulista, o cooperativismo é palco de inovações sociais em vários ramos e em todas as partes do país. As cooperativas brasileiras são referência internacional em inovações sociais com impacto na segurança alimentar e no combate às mudanças climáticas, com benefícios tanto para seus cooperados quanto para a sociedade.

Conheça mais exemplos de inovação social no cooperativismo:

Intercooperação para geração de energia: No Rio Grande do Sul, a cooperativa de eletrificação Certel se uniu às cooperativas de crédito Sicredi Ouro Branco, Sicredi Integração RS/MS, Sicredi Região dos Vales e Sicredi Botucaraí para a construção da Usina Hidrelétrica Vale do Leite, no Rio Forqueta. Além de garantir a geração de energia limpa e renovável para milhares de pessoas, a inovação social levou a um incremento de renda, empregabilidade e desenvolvimento na região de atuação das coops. 

Energia limpa e solidária: Uma inovação social do Sistema Ocemg incentiva as cooperativas do estado de Minas Gerais a construírem usinas fotovoltaicas para suprir a demanda de suas unidades e doar parte da energia a entidades filantrópicas. Por ano, o Programa de Energia Fotovoltaica do Cooperativismo Mineiro, MinasCoop Energia, beneficia diretamente mais de 4 milhões de pessoas ligadas às entidades que recebem energia limpa das cooperativas. 

Produção sustentável e renda extra: Em uma inovação social com benefícios ambientais no ramo Agronegócio, a Cocamar promove a integração lavoura-pecuária-floresta para sustentabilidade e diversificação de renda dos cooperados. O projeto Super Integração auxilia os produtores cooperados a utilizar de maneira sustentável suas propriedades, e mostra que é possível produzir soja e bovinos de forma harmônica com florestas de eucaliptos, com menos intervenções na terra, menor impacto ambiental e geração de renda extra. 

Pesquisa e capacitação para cooperados: Para impulsionar inovações sociais e projetos comunitários, as cooperativas Coopercitrus e Credicitrus, de São Paulo, criaram em 2019 uma fundação para promover o desenvolvimento de seus cooperados e da comunidade no entorno. A Fundação Coopercitrus Credicitrus atua no desenvolvimento de projetos voltados à pesquisa, educação e meio ambiente, como as iniciativas CooperSemear e CooperNascentes. 

“Estes projetos refletem a união entre sustentabilidade, inovação e desenvolvimento social, ressaltando o papel vital das cooperativas na promoção de um futuro mais sustentável”, destaca Guilherme Costa. 

 

 Inovação social x projetos sociais 

Apesar do propósito de beneficiar pessoas e trazer benefícios coletivos, inovação social não é sinônimo de projeto filantrópico nem de ações sociais da agenda ESG – sigla em inglês para Environmental, Social and Governance – que se refere a iniciativas de responsabilidade social corporativa. 

Para ser inovação, uma ação deve introduzir uma novidade, resolver problemas de maneira mais eficiente, ser sustentável a longo prazo e ter potencial de escalabilidade e replicabilidade. 

Enquanto projetos sociais ou ações ESG estão ligados a compromissos de responsabilidade social corporativa e objetivos de sustentabilidade da organização, uma inovação social passa, necessariamente, por implementar uma nova ideia. O conceito, produto ou serviço inovador deve atender a necessidades sociais de forma mais eficaz, eficiente ou sustentável do que as soluções existentes.

 

Saiba mais sobre inovação social e como colocar em prática na sua cooperativa: 

Acesse o InovaCoop, plataforma de inovação do cooperativismo brasileiro e conheça o curso Inovação Social. A capacitação online traz conteúdos sobre o que é a inovação social, quais as estratégias para gerar impacto social positivo e as ferramentas para implementar inovações sociais. 

Representação institucional do cooperativismo ganha força nos estados

No fim de 2023, a inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo na Reforma Tributária entrou para a história do cooperativismo brasileiro. A conquista foi possível por causa de um fator que o cooperativismo conhece muito bem: a união. Uma rede nacional de mobilização foi formada para garantir a defesa dos interesses das coops na nova legislação tributária, num exemplo de boa prática no trabalho de representação institucional articulada e estratégica entre a equipe nacional e as organizações estaduais do Sistema OCB. 

“Essa mobilização só foi possível por meio da rede que construímos com os estados. Toda vez que a gente precisa mobilizar os parlamentares da Frente Parlamentar do Cooperativismo [Freencoop], no Congresso Nacional, tanto deputados federais quanto senadores, a gente aciona as organizações estaduais e elas, por sua vez, entram em contato com as cooperativas. No caso da Reforma Tributária, isso se transformou em um movimento de grandes proporções, conseguimos falar com parlamentares de todo o Brasil de forma muito rápida e muito potente”, lembra o coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, Eduardo Queiroz. 

A atuação coordenada durante a tramitação da Reforma Tributária também foi um exemplo prático da implementação do Programa de Educação Política para o Cooperativismo, criado pelo Sistema OCB em 2022. A iniciativa foi lançada em preparação para as eleições majoritárias daquele ano, mas se tornou permanente e está em seu segundo ciclo, que vai até 2026.  

Atualmente, 21 organizações estaduais do Sistema OCB fazem parte do programa. Um dos focos da iniciativa é justamente fortalecer a representação institucional nos estados para ampliar a voz e a visibilidade do coop nas instâncias políticas e representativas locais, levando as demandas das cooperativas diretamente aos tomadores de decisão.

“Uma área estruturada, profissionalizada de relações institucionais numa organização estadual tende a amplificar e a melhorar a qualidade da representação institucional do cooperativismo em todo o país”, destaca Queiroz. 

Especialistas em representação 

De acordo com o coordenador, nos últimos cinco anos, a representação institucional do cooperativismo brasileiro tem passado por uma revolução. Se antes a tarefa de defender os interesses do coop cabia apenas aos dirigentes das organizações estaduais, hoje grande parte delas compartilha esse trabalho também com áreas especializadas no assunto, com equipes que atuam junto aos dirigentes cooperativistas na interlocução com os poderes Legislativo e Executivo nos estados e municípios. 

“Nosso objetivo é aumentar, cada vez mais, a eficiência da representação institucional do cooperativismo por todo o país. Temos contado com o apoio dos dirigentes das nossas Organizações Estaduais e das cooperativas. Esse olhar estratégico das nossas lideranças tende a qualificar a defesa do nosso modelo de negócios e, consequentemente, resultar em políticas públicas mais efetivas para o cooperativismo”, analisa Queiroz. 

O objetivo dessas estratégias é claro: garantir o melhor cenário regulatório e de políticas públicas possível para que as cooperativas possam crescer e aumentar sua competitividade. “A cooperativa é quem lida no dia a dia com questões que demandam atuação institucional, sejam burocráticas, de acesso ao crédito, de tributação, ambientais e trabalhistas. Enfim, problemas que têm que ser resolvidos na forma de políticas públicas ou junto às instâncias políticas, sejam municipais, estaduais ou nacionais. E a representação institucional faz esse trabalho em nome delas, tanto no Sistema OCB Nacional quanto nas Organizações Estaduais”, explica o coordenador. 

Em todo o país, são recorrentes os exemplos de atuação bem sucedida de representação institucional que levaram a conquistas para o cooperativismo em todos os ramos. Algumas organizações estaduais, como o Sistema Ocemg, de Minas Gerais; o Sistema Ocepar, do Paraná; o Sistema Ocergs, do Rio Grande do Sul; e o Sistema OCESP, de São Paulo, têm trajetórias consolidadas de representação do cooperativismo nos espaços de poder locais. Esse trabalho muitas vezes ocorre de forma articulada com frentes parlamentares nas assembleias estaduais e na representação em outros fóruns de decisão, como conselhos estaduais e grupos do setor produtivo. 

Referência paranaense

No Paraná, o Sistema Ocepar é reconhecido pela abordagem técnica e integrada na defesa dos interesses das cooperativas do estado. A organização tem uma área de relações institucionais estruturada, com influência local e nacional em políticas públicas que beneficiam as coops.

“Nosso trabalho de representação tem como premissa o contato direto com as cooperativas. Através da Diretoria, das reuniões de núcleos regionais, e dos grupos técnicos específicos, com profissionais indicados pelas cooperativas, criamos um ambiente de diálogo direto que nos permite ter informações sobre os temas de interesse das cooperativas e assim melhor representá-las”, explica a coordenadora de Relações Institucionais do Sistema Ocepar, Daniely Andressa da Silva. 

A equipe cooperativista de representação institucional paranaense atua tanto de forma propositiva quanto na contribuição com subsídios técnicos. As ações incluem acompanhamento de propostas do Legislativo e do Executivo que possam impactar as coops e o relacionamento próximo com agentes públicos, como parlamentares, secretários e outras autoridades. 

Além disso, o Sistema Ocepar foi pioneiro na criação de um programa de educação política para o cooperativismo, que inclusive deu origem ao projeto nacional. Segundo Daniely Silva, a iniciativa surgiu para resgatar o interesse sobre a política no coop paranaense, por meio de ações de formação e informação do público cooperativista para valorização de representantes que atuam em defesa do segmento, independentemente de suas filiações partidárias.

“O desenvolvimento contínuo e sustentável das cooperativas depende, entre outros fatores, de um ambiente regulatório propício, que de fato reconheça a magnitude do cooperativismo para o nosso país. A dinâmica política atual exige que estejamos preparados para atuar em defesa do setor, e para isso, nada mais importante do que termos representantes que conheçam nosso modelo, nossos princípios, valores e forma de atuação”, afirma a coordenadora. 

Como resultado do programa, nas eleições de 2022, 15 deputados federais e um senador eleitos pelo Paraná aderiram à Frente Parlamentar do Cooperativismo no Congresso Nacional. Atualmente, 80% dos parlamentares da bancada federal do estado fazem parte do grupo. Em outra estratégia exitosa, mais de 30 mil cooperativistas do Paraná já receberam formação em atividades do programa e o canal de comunicação da iniciativa tem mais de 2 milhões de pessoas inscritas. 

O trabalho de relações institucionais da Ocepar já contribuiu, entre outras conquistas, para a aprovação de leis ligadas à garantia de recursos, eficiência, agilidade e segurança jurídica para as cooperativas, tanto no Congresso Nacional quanto na Assembleia Legislativa do Paraná. 

“Em âmbito estadual, temos avançado no aproveitamento de créditos fiscais para fomento a ações de infraestrutura, armazenagem, novas fontes de energia, conectividade rural. Além disso, obtivemos êxito em ações de defesa sanitária que permitem a manutenção e a abertura de novos mercados às cooperativas, além de frear diversas propostas negativas, que afetariam os mais diversos ramos e que desconsideravam nosso modelo de atuação”, lista Daniely Silva. 

 

Trabalho articulado em Goiás 

 Com um área de relações institucionais estruturada há menos de dois anos, o Sistema OCB/Goiás já conseguiu estabelecer uma atuação estratégica de defesa do coop na assembleia legislativa, nas câmaras municipais e junto ao governo estadual, além da interlocução ativa com a bancada goiana na Frencoop do Congresso Nacional. 

Em um modelo inovador, parte do trabalho de representação institucional é feito de forma descentralizada, por meio de núcleos regionais. “Essa estratégia divide o estado de Goiás em seis regiões político-administrativas, cada uma coordenada por um dirigente de cooperativa sediada na região. Esses líderes, acompanhados por analistas de núcleo, atuam na representação do Sistema OCB perante entidades, prefeituras e câmaras municipais”, explica o gerente de Desenvolvimento de Cooperativas da OCB/GO, Diogo Oliveira

Na representação política, além da articulação com parlamentares e autoridades, a Casa do Cooperativismo Goiano investe em parcerias estratégicas com o governo estadual para projetos econômicos de fomento das cooperativas e na participação em fóruns empresariais para ampliar a representatividade do coop. 

“Com essas ações, a OCB/GO tem consolidado uma abordagem abrangente e articulada na representação institucional do cooperativismo goiano, envolvendo diversas frentes para garantir a defesa efetiva dos interesses das cooperativas em todas as esferas governamentais”, pondera Oliveira. 

Para implantar o Programa de Educação Política no estado, a organização goiana definiu uma estratégia gradual, que começou pelos colaboradores internos e será ampliada com ações para conselheiros de administração e fiscal, representantes de comitês e coordenadores, e com a formação de uma rede de relações institucionais em colaboração com as cooperativas. Legenda: A equipe de Relações Institucionais do Sistema OCB/GO com o gerente de Desenvolvimento de Cooperativas, Diogo Oliveira (direita)

“O Programa de Educação Política está sendo implementado de maneira estruturada, visando não apenas as eleições imediatas, mas também a promoção de uma cultura política contínua e engajada dentro do cooperativismo goiano”, explica o gerente. 

Entre os resultados do trabalho estruturado da área de relações institucionais para o cooperativismo goiano até agora, Oliveira destaca o fortalecimento das relações com os principais tomadores de decisão do estado, o reconhecimento da presença institucional do cooperativismo como segmento econômico, o aumento do engajamento e participação de cooperativas em eventos políticos e a construção de pautas políticas diretamente ligadas às necessidades das coops goianas. 

 

Parceria nacional 

 Independentemente do grau de estruturação das áreas de representação institucional das Organizações Estaduais, o Sistema OCB atua de forma sistemática junto a todas elas em prol das cooperativas brasileiras. 

“O que temos são fomento e recomendações, mas é importante que cada Organização Estadual e cada cooperativa tenham autonomia para desenvolver a educação política conforme as suas diretrizes, seus valores, suas características e realidade. E estamos sempre à disposição para responder às demandas que as nossas Organizações Estaduais trazem das cooperativas”, destaca Eduardo Queiroz.

Representação política é sinônimo de advocacy?

Essa é uma dúvida comum sobre os bastidores dos Três Poderes. Mas embora a representação política e o advocacy sejam atividades complementares, elas não são iguais. A primeira garante que o cooperativismo seja visto e lembrado como um setor fundamental para o desenvolvimento do país. É ela quem marca presença em fóruns importantes de debate, inicia contatos estratégicos e abre espaço para defendermos as bandeiras do coop. Seria como os jogadores de meio de campo, trocando passes para criar oportunidades interessantes em uma partida de futebol.  

Já o advocacy — do inglês "advogar" ou "defender" — vem para consolidar o nosso plano de ação, influenciando positivamente decisões que possam impactar de alguma forma as cooperativas. É um processo que pode acontecer, por exemplo, em consultas públicas ou propostas legislativas. Seguindo a metáfora do futebol, é neste momento que entrariam em campo os atacantes, finalizando a jogada e marcando vários gols para o movimento cooperativista. Mas no campo da política, eles fazem isso a  partir de um posicionamento institucional estruturado, baseado em informações técnicas, realizando um trabalho de mobilização e negociação, em busca de conquistas determinantes para o cooperativismo. 

 

Dentro do Sistema OCB, contamos com um time de 21 cientistas políticos e analistas técnicos que trabalham, juntos, para defender os interesses do coop. Para você ter ideia, somente em 2023 acompanhamos de perto 5.344 proposições de interesse do cooperativismo brasileiro no Congresso Nacional. 

Também marcamos presença no Poder Executivo. Participamos de 277 reuniões com agentes do Poder Público e monitoramos 3.135 normativos no Diário Oficial da União com impacto no coop. Sem falar também da nossa atuação no Poder Judiciário, acompanhando processos relacionados a temáticas importantes para o cooperativismo. Tudo isso faz parte das atividades de representação institucional do Sistema OCB. 

Na área de advocay, apresentamos 546 matérias consideradas fundamentais para a sustentabilidade e o crescimento do modelo de negócios coop. No último ano, por exemplo, marcamos um golaço, com uma vitória histórica para o coop: garantimos a inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo no texto da Reforma Tributária, aprovado no mês de novembro, no Congresso Nacional. 

Todos esses números mostram que o Sistema OCB está totalmente comprometido com a missão de defender os interesses das cooperativas brasileiras, Afinal, somos a voz do coop no Brasil e temos o compromisso público de ajudar a aprovar leis e políticas públicas favoráveis ao desenvolvimento do nosso modelo de negócios.

 “Nós atuamos como facilitadores para promover uma troca construtiva entre as cooperativas, os órgãos públicos e os tomadores de decisão. A ideia é a partir do trabalho de representação política, utilizarmos do advocacy para influenciar positivamente na elaboração de políticas públicas e legislações que estejam alinhadas com o que faz sentido para o cooperativismo. Nosso objetivo é assegurar um ambiente regulatório que favoreça o crescimento de todo o setor e fomente uma atuação sustentável das cooperativas no mercado”, destaca a gerente-geral da OCB, Fabíola Nader Motta.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Os conceitos de representação político-institucional e de advocacy estão interligados e se complementam. Enquanto um constrói reconhecimento, o outro consolida as estratégias de defesa com ações. Na esfera de representação, os esforços são direcionados para consolidar a presença e a visibilidade do cooperativismo na agenda do país. Partimos então para um processo direto de articulação, ainda mais dinâmico e direcionado, que acontece dentro do escopo de advocacy. Apresentamos argumentos e estudos técnicos que retratam a realidade e as potencialidades do modelo coop, buscando influenciar decisões importantes em benefício das cooperativas. 

“Defender o cooperativismo como uma categoria econômica é um compromisso da OCB", garante a gerente-geral do Sistema OCB. "Com uma participação ativa nas discussões junto ao Congresso Nacional e ao governo, contribuímos para que as particularidades das cooperativas sejam contempladas, podendo amparar, inclusive, temas como equidade, inclusão econômica e desenvolvimento sustentável. Afinal, nós sabemos que o cooperativismo é um agente importante na construção de uma sociedade mais justa e próspera.”

 

 

De onde vem Advocacy é um termo inglês, que vem do verbo “advocate” (advogar). Mas sua origem é do latim, mais especificamente da palavra “advocare”, que traz como significado “ajudar alguém em necessidade”. A expressão ainda não tem uma tradução literal para o português. Trata-se de uma atividade baseada em uma comunicação objetiva, direcionada e argumentativa. A ideia é promover o diálogo entre instituições públicas e privadas, empresas e o Poder Público para influenciar processos decisórios em defesa de causas importantes para diferentes grupos e segmentos.     

Legislação – O advocacy está presente no mundo todo. Alguns países contam, inclusive, com legislações específicas para regulamentar essa prática. No Brasil, esse processo ainda está em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O objetivo é trazer diretrizes e regras que disciplinem oficialmente o processo, reforçando a importância da ética e da transparência.   

Destaque – Direito de todos
A participação da sociedade em processos decisórios do país está prevista na Constituição Federal de 1988, uma marca importante em um processo de evolução democrática. Existem diferentes mecanismos apontando como isso pode acontecer. Um exemplo são os conselhos gestores de políticas públicas nos estados e municípios, assim como consultas e audiências públicas. Em muitos casos, essa participação ocorre a partir da atuação de entidades da sociedade civil em defesa de diferentes setores, como o Sistema OCB em prol do cooperativismo brasileiro. 
   

 

fotografia de uma urna de eleições

Eleições 2024: como as cooperativas podem participar?

Em outubro, os eleitores brasileiros irão às urnas para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de 5.569 cidades do país. Para o cooperativismo, as eleições municipais são uma grande oportunidade para aumentar a representatividade do coop nas prefeituras e câmaras municipais, além de ampliar a cultura da representação institucional, ferramenta que faz o cooperativismo ser visto e lembrado nos espaços de decisão e na elaboração de políticas públicas. 

“Para o bom desenvolvimento das nossas cooperativas, é preciso ter um ambiente favorável em políticas públicas. Temos que começar a ver a política não como um espaço de poder e de influência, mas como uma forma de transformar a vida das pessoas e a vida das cooperativas, por meio de políticas públicas”, explica o coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, Eduardo Queiroz. 

O primeiro turno está marcado para o dia 6 de outubro, e um eventual segundo turno, em casos de disputa acirrada em cidades com mais de 200 mil eleitores, deverá ocorrer no dia 27 de outubro. Até lá, o processo eleitoral tem muitas etapas e as cooperativas brasileiras precisam estar preparadas para fazer parte desse momento de renovação política nos municípios e incluir o cooperativismo entre os temas prioritários das agendas dos candidatos a prefeituras e câmaras de vereadores. 

“As eleições municipais são um momento estratégico da nossa democracia. As pautas de costumes e de macroeconomia, que têm destaque nas eleições gerais, dão espaço para as pautas locais, em que a população realmente vê o impacto das políticas públicas no seu dia a dia, como saneamento, educação, saúde, segurança, infraestrutura. Por isso as eleições municipais são uma grande oportunidade para o cooperativismo, porque as cooperativas estão presentes e participam ativamente do desenvolvimento econômico e social das comunidades”, compara. 

Segundo Queiroz, a participação política muitas vezes é vista com receio ou como um tabu, por causa da quebra de confiança ou frustração gerada em algum momento por algum candidato ou partido político, mas é preciso reverter essa visão nas cooperativas e entre os cooperados.

“Nós, do Sistema OCB, acreditamos que para criar esse novo ambiente em relação à política é preciso informação. Quando a gente entende o sistema político, por que os políticos estão ali e como eles podem transformar a realidade das nossas cooperativas para melhor, a gente começa a valorizar cada vez mais a importância da política”, destaca. 

 

Informação e propostas

Para garantir que o cooperativismo ganhe espaço no debate eleitoral e que os candidatos defendam os interesses das cooperativas, o Sistema OCB vai lançar conteúdos especiais para as Eleições 2024, entre eles dois documentos com diretrizes para a participação do coop no processo eleitoral: um com recomendações para a participação das cooperativas no pleito; e outro com propostas para que os candidatos coloquem as cooperativas como parte central das estratégias de desenvolvimento sustentável, redução das desigualdades e inclusão financeira e produtiva. 

A cartilha Cooperativismo e Eleições será focada em boas práticas para a participação de cooperativas e cooperados nas eleições de forma íntegra, transparente e legítima. O Sistema OCB também vai disponibilizar materiais de comunicação para redes sociais e WhatsApp para promover o engajamento dos cooperados no processo eleitoral. 

Já a publicação Propostas para Cidades mais Cooperativas reunirá sugestões de como promover o cooperativismo como instrumento de desenvolvimento local e regional e de  inclusão produtiva e financeira nas cidades brasileiras. A ideia é que o caderno de propostas seja entregue a candidatos de cada município para subsidiar programas de governo que favoreçam o desenvolvimento do coop. 

Os materiais fazem parte do Programa de Educação Política do Sistema OCB, iniciativa criada em 2022 em preparação para as eleições majoritárias daquele ano, e que se tornou permanente. 

“O programa vai muito além das eleições. Ele nasceu da necessidade de criarmos uma cultura de participação, engajamento e representação institucional do cooperativismo. O foco é aumentar a representatividade do coop nos espaços de poder, principalmente no âmbito do Poder Legislativo, mas também fomentar o debate. Cidadania, voto consciente e o papel das políticas públicas podem e devem estar no cotidiano das cooperativas, nos debates entre dirigentes e nos diversos espaços de discussão, como em comitês de jovens e mulheres”, explica Queiroz. 

Atualmente, o programa está em seu segundo ciclo, que vai até 2026. Até o momento, conta com a adesão de 21 Organizações Estaduais do Sistema OCB. Todas as iniciativas seguem a diretriz nacional de ampliar a cultura da representação institucional do cooperativismo e aumentar a representatividade do coop no Poder Legislativo, mas cada entidade atua conforme a realidade e características locais, de acordo com as demandas das coops que representa. 

 

Como as cooperativas devem atuar na eleição

O principal instrumento de atuação política é o voto. Na democracia representativa, ele é a maior ferramenta para transformar a realidade ao nosso redor, e o cooperativismo deve estar atento a quem representa os interesses do setor. 

“O voto é um depósito de confiança que a gente dá aos políticos para que eles nos representem. Defendam os nossos valores, nossos propósitos, nossas causas. E no movimento cooperativista não é diferente, nosso voto deve ser em candidatos que vistam a camisa do do cooperativismo brasileiro”, explica Eduardo Queiroz. 

É importante destacar que as cooperativas e organizações cooperativistas não podem indicar voto em candidatos determinados. A atuação deve ter foco na conscientização política e na transparência, com informações públicas sobre o histórico de candidatos que tenham compromisso com o cooperativismo, sem que haja distinção no tratamento de diferentes candidaturas. 

“A cooperativa precisa ter cuidado no processo eleitoral para que ela tenha uma ação legítima e íntegra. Na legislação cooperativista existe um princípio que trata da neutralidade das cooperativas. Na prática, a cooperativa não pode ter um lado partidário ou a preferência por um espectro político. Mas não se pode confundir a neutralidade política - que as cooperativas precisam obedecer - com inércia política. A política faz parte do nosso dia a dia. Todos os dias agentes públicos nos Três Poderes tomam decisões que afetam diretamente as cooperativas, então a gente precisa sim participar do processo eleitoral”, destaca o coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB. 

 

5 recomendações do Sistema OCB para a participação de cooperativas e cooperados no processo eleitoral: 

1 - Convidar candidatos para conversar sobre propostas que atendam a interesses das cooperativas;

2- Estabelecer diálogo com candidatos para que assumam compromissos com pautas cooperativistas e as incluam em suas plataformas; 

3-  Pesquisar a trajetória de candidatos para avaliar como eles se posicionam em relação a políticas públicas que beneficiam ou afetam o cooperativismo;

4- Fomentar a conscientização política e busca por candidatos que  levantem a bandeira do cooperativismo; 

5- Promover a educação política com informação e eventos sobre representação, eleições, legislação e políticas públicas com impacto para o coop. 

 

 

Dirigentes de cooperativas podem ser candidatos? 

A participação política de cooperativas é legítima e necessária para ampliar a representatividade do cooperativismo. No entanto, para garantir que as coops não sejam utilizadas para promoção de candidaturas ou partidos, a legislação obriga o afastamento de candidatos de cargos ocupados nas cooperativas, com devida antecedência. 

Os candidatos devem ficar atentos aos prazos de desincompatibilização, ou seja, de afastamento de suas funções para participação no pleito. O tempo varia de acordo com a função ocupada e o cargo ao qual concorrerá, seja prefeito e vice-prefeito ou vereador. As informações oficiais do calendário eleitoral são divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral