Cresol promove transição agroecológica para fortalecer agricultura familiar no Brasil e Uruguai
Contexto e desafios
O Sistema Cresol, com mais de 1 milhão de cooperados em 19 estados, tem um forte compromisso com a agricultura familiar. No entanto, seus cooperados enfrentam desafios crescentes: as práticas agroecológicas, embora existentes, eram dispersas e de difícil acesso.
As sementes utilizadas frequentemente tinham baixa qualidade e resiliência às mudanças climáticas e faltava uma metodologia consolidada para apoiar os produtores que desejavam fazer a transição de um modelo convencional para um mais sustentável.
Esse cenário deixava os agricultores vulneráveis, tanto aos impactos ambientais, como solos degradados e secas, quanto à dependência de insumos químicos e de origem fóssil. A ausência de um programa estruturado que valorizasse o conhecimento local limitava o potencial de inovação e a capacidade de adaptação do setor às novas realidades climáticas e de mercado.
Objetivos
O projeto foi criado para promover a transição agroecológica das cadeias hortícolas e frutícolas no Brasil e Uruguai, reduzindo o uso de insumos químicos e as emissões de carbono, e ampliando a adoção de práticas sustentáveis entre agricultores familiares.
A iniciativa nasceu para atender a uma demanda dos próprios cooperados e se alinhou a prioridades da União Europeia, como o Green Deal, focando em segurança alimentar, adaptação às mudanças climáticas e inclusão social.
As metas do projeto incluem fortalecer a resiliência climática das comunidades rurais por meio de sistemas agrícolas mais diversos e integrados; valorizar os conhecimentos tradicionais dos agricultores; e ampliar a participação de mulheres e jovens nos processos de decisão. O objetivo final era gerar evidências e indicadores mensuráveis de impacto socioambiental e econômico da agroecologia.
Desenvolvimento
O desenvolvimento do projeto ocorreu com uma metodologia de pesquisa-ação participativa, na qual os agricultores familiares foram protagonistas na identificação de problemas, planejamento e experimentação de soluções agroecológicas.
As Unidades de Referência (URs) no Brasil e os prédios de co-inovação no Uruguai foram os locais escolhidos para a realização do projeto. Eles funcionaram como laboratórios vivos para validar práticas agroecológicas, como o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), a produção de bioinsumos, o manejo agroecológico de pragas e a produção de sementes e mudas, unindo o conhecimento tradicional com o rigor científico.
A iniciativa foi viabilizada pela AgriCord, uma rede internacional que atuou como articuladora global para a captação de recursos na União Europeia. A instituição apresentou o projeto em um edital europeu para segurança alimentar e transição agroecológica, destacando a originalidade de colocar organizações de produtores como líderes da pesquisa e inovação agroecológica.
Para incentivar práticas agroecológicas, o projeto estruturou uma plataforma de gestão do conhecimento e promoveu oficinas, intercâmbios e sistematização de práticas. Também foram implementados processos de seleção, avaliação genética e conservação de sementes crioulas/nativas, fortalecendo a biodiversidade agrícola. Além disso, o projeto validou e ajustou metodologias de conversão de sistemas convencionais, permitindo ampliar o número de agricultores em transição.
Resultados e impacto
A implementação do projeto gerou uma mudança concreta no campo. Foram ativadas 45 Unidades de Referência (30 no Brasil e 15 no Uruguai), onde 100% dos participantes incorporaram ao menos uma prática inovadora, como o uso de bioinsumos e agrofloresta, reduzindo o uso de químicos.
O projeto também fortaleceu a biodiversidade agrícola com a criação de casas de sementes e redes de guardiões para ampliar o acesso a variedades mais ecológicas e resistentes.
O projeto contou com o envolvimento direto de 159 mulheres e 57 jovens até 2025. As mulheres assumiram a liderança enquanto diversos jovens tiveram participação em processos de decisão. Ambientalmente, práticas como SPDH, biofertilizantes, adubação verde e manejo agroecológico aumentaram a resiliência climática dos agroecossistemas, trazendo melhorias para o solo e para o uso eficiente da água.
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