Elas pelo Coop destaca protagonismo feminino na Expointer 2025
Evento reuniu lideranças para debater inclusão, equidade e futuro do cooperativismo
A valorização da liderança feminina no cooperativismo foi pauta central nesta quarta-feira (3), durante o Encontro do Comitê Elas pelo Coop, realizado na Casa do Cooperativismo, na Expointer 2025, em Esteio (RS). O evento reuniu cooperativistas de diferentes ramos, dirigentes e representantes institucionais em um espaço de diálogo e inspiração sobre inclusão, equidade e diversidade no movimento. A programação contou com a participação da superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, e teve objetivo promover a troca de experiências, incentivar novas lideranças femininas e reforçar o papel estratégico das mulheres no futuro do cooperativismo.
Em sua participação, Tania destacou a relevância do encontro no Rio Grande do Sul, estado que tem se tornado referência no fortalecimento do Elas pelo Coop. “O cooperativismo gaúcho mostra, mais uma vez, sua força e capacidade de liderar agendas transformadoras. O protagonismo das mulheres no Rio Grande do Sul inspira todo o Brasil e reforça que estamos no caminho certo para construir um movimento mais justo, diverso e representativo”, afirmou.
Presença em ascensão
De acordo com o AnuárioCoop 2025, as mulheres representam hoje 41,78% do quadro social das cooperativas brasileiras, com presença majoritária em ramos como Trabalho (57%) e Saúde (50%). No mercado de trabalho, a participação feminina também vem crescendo de forma expressiva: em 2024, elas já correspondiam a 52% dos empregados em cooperativas, somando mais de 301 mil trabalhadoras, contra 190 mil em 2021 — um crescimento de 58%.
Para a superintendente, esses avanços refletem o potencial transformador das cooperativas, mas também evidenciam que ainda há espaço para evoluir. “Não se trata apenas de garantir oportunidades iguais, mas de reconhecer que a diversidade de olhares é fundamental para a inovação e para o desenvolvimento sustentável. Quando as mulheres estão à frente, o cooperativismo se torna ainda mais forte”, declarou.
Liderança
Apesar do aumento no número de cooperadas e empregadas, os dados sobre liderança ainda revelam um desafio. Apenas 22% dos dirigentes de cooperativas no Brasil são mulheres, proporção que pouco mudou nos últimos anos. Em contrapartida, o fato de 28% dessas dirigentes terem menos de 40 anos, contra apenas 14% dos homens, sinaliza uma renovação geracional importante.
O Comitê Elas pelo Coop atua justamente para acelerar esse processo. Criado a partir de uma deliberação do 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), o comitê tem como missão fortalecer a presença feminina nos espaços de decisão estratégica. Para isso, desenvolve ações em quatro eixos: intercooperação, elaboração de diretrizes, formação e capacitação, e representação institucional. Atualmente, já existem 17 comitês estaduais espalhados pelo país, que promovem oficinas, mentorias e participação ativa em fóruns regionais e nacionais.
Pioneirismo
O Rio Grande do Sul foi um dos pioneiros na criação do comitê estadual, coordenado por Agueda Kunz, e tem se destacado por sua capacidade de mobilização. “O engajamento das cooperativas gaúchas é um exemplo para todo o Brasil. Aqui vemos mulheres ocupando espaços de representação, investindo em capacitação e mostrando que a diversidade não é apenas um discurso, mas uma prática concreta”, ressaltou Tania.
Segundo ela, a meta institucional do Sistema OCB é avançar para um equilíbrio de 60/40 na representatividade de gênero nas lideranças cooperativistas. “Esse objetivo é ambicioso, mas plenamente possível. Cada comitê estadual criado, cada mulher que assume um cargo de liderança e cada espaço de voz conquistado nos aproxima dessa meta. O Elas pelo Coop é uma semente que já está germinando e que, com certeza, dará frutos cada vez mais consistentes”, acrescentou.
Atualmente, o cooperativismo brasileiro está presente em 64% do território nacional, reúne 25,8 milhões de cooperados e gera 578 mil empregos diretos, além de movimentar R$ 757,9 bilhões em ingressos. Dentro desse universo, a crescente participação feminina mostra que a inclusão e a diversidade são estratégias de fortalecimento do setor.
“O futuro do cooperativismo é diverso, inovador e inclusivo. E as mulheres têm papel central nessa construção. Seguiremos firmes nesse compromisso, porque acreditamos que o cooperativismo só é verdadeiramente cooperativo quando todas e todos têm espaço para crescer”, concluiu Tania.