Sistema OCB discute inclusão no transporte rodoviário de cargas
- Artigo Secundário 3
Divani Ferreira representou o cooperativismo em workshop internacional na UnB
O Sistema OCB participou ativamente do I Workshop Internacional de Inovação e Empreendedorismo Social no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), realizado de 16 a 18 de junho no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB). O evento reuniu representantes do setor produtivo, academia, poder público e motoristas para debater soluções à escassez global de caminhoneiros, com foco em inovação, segurança no trânsito e inclusão social.
Representando o Sistema OCB, a analista da Gerência de Desenvolvimento de Cooperativas, Divani Ferreira de Souza Matos, foi painelista no debate: Fomentando o Empreendedorismo Feminino no TRC. Em sua fala, destacou o papel transformador do cooperativismo na promoção da equidade de gênero e do protagonismo feminino no setor. “As mulheres enfrentam barreiras históricas nesse setor, mas também têm mostrado uma enorme capacidade de empreender e inovar. O cooperativismo oferece um ambiente inclusivo e colaborativo, ideal para promover essa transformação. Nosso papel é ampliar essas oportunidades com políticas afirmativas, qualificação e visibilidade”, afirmou.
Durante a apresentação, Divani compartilhou as principais ações do Sistema OCB voltadas à inclusão e à equidade, com destaque para o Comitê Nacional de Mulheres do Cooperativismo, o Elas pelo Coop, criado para ampliar a participação de mulheres nas cooperativas, especialmente em cargos de liderança. Ela também apresentou o Geração C, comitê que fomenta a formação de lideranças jovens, promovendo diversidade e sucessão dentro do movimento cooperativista.
Outro ponto abordado foi a conexão entre os temas do workshop e as diretrizes do 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), que priorizam o fortalecimento de comitês de mulheres, ações de prevenção ao assédio, capacitação de lideranças e incentivo à participação feminina em processos de governança. “Temos desafios concretos, como a superação de preconceitos, a sobrecarga de trabalho e o acesso limitado à formação. Precisamos enfrentá-los com iniciativas estruturadas, mentoria e redes de apoio entre as mulheres cooperativistas”, pontuou Divani.
Divani apresentou dados do Anuário Brasileiro do Cooperativismo com um recorte de gênero voltado ao ramo transporte, destacando o papel estratégico dos comitês Elas pelo Coop na promoção da equidade no setor. Durante sua fala, ela citou exemplos inspiradores de duas cooperativas que já implementam comitês locais voltados para o fortalecimento da presença feminina no transporte cooperativista: a CoopGNP (Grupo Novo Paraná) de Luís Eduardo Magalhães (BA), e a Coopmetro (Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de Carga e Passageiros) com atuação em 15 estados brasileiros.
Gláucia Scapini, coordenadora do Comitê Elas pelo Coop da CoopGNP, que faz parte do comite estadual de mulheres da OCEB, destacou que a atuação feminina na cooperativa vem se ampliando de forma consistente, ultrapassando a tradicional presença no setor administrativo. “Desde o início, estamos inseridas no negócio, mas agora passamos a atuar com mais liderança. O comitê tem sido essencial nesse processo de amadurecimento”, ressaltou. Ela também explicou que, para capacitação, o grupo tem recorrido à Plataforma CapacitaCoop. Hoje, 30% do quadro funcional da cooperativa é composto por mulheres, incluindo cargos de confiança, com garantia de equidade salarial. Esse comprometimento com a inclusão rendeu à CoopGNP a conquista do Selo Lilás, concedido pelo governo da Bahia a instituições com boas práticas de promoção da igualdade de gênero.
Já Tionília Cristina, coordenadora do Comitê de Mulheres da Coopmetro, da CNTCOOP e integrante do Comitê Estadual de mulheres da Ocemg, pontuou que, embora a presença feminina no ramo transporte ainda seja tímida nos cargos de liderança, há avanços notáveis, especialmente em nichos como o comércio eletrônico, que tem aberto portas para motoristas mulheres. “Temos, sim, mulheres conduzindo veículos de carga maiores. Mas o ponto central é que os comitês se tornaram ferramentas estratégicas para organização, formação e representatividade feminina dentro das cooperativas”, afirmou.
Segundo Tionília, os comitês deixam de ser apenas espaços de acolhimento e se tornam verdadeiros centros de capacitação e protagonismo. “Eles nos dão voz e ampliam nossas oportunidades, seja como cooperadas, motoristas, donas do próprio negócio ou líderes. O Elas pelo Coop é, para nós, um verdadeiro presente. É um veículo – usando a linguagem do transporte – que nos leva mais longe.”
O evento também fez referência ao movimento Maio Amarelo no TRC, voltado à segurança viária e à valorização da vida dos profissionais da estrada. Os painéis trataram de soluções tecnológicas, empreendedorismo social e estratégias para tornar o setor mais atrativo a jovens e mulheres.