Coop mostra caminhos para adaptação climática na agricultura tropical
Painel na Green Zone destacou práticas sustentáveis, inovação e inclusão produtiva no campo
O painel Transição Climática na Agricultura, promovido pelo Sebrae na Green Zone, deu início às atividades do cooperativismo na COP30 nesta terça-feira (18). O encontro reuniu representantes de instituições do agro para discutir adaptação climática, sustentabilidade e o papel do cooperativismo na agricultura tropical. Tania Zanella, superintendente do
Sistema OCB e presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), foi a medidora. Em sua fala de abertura, ela lembrou que os efeitos do clima já fazem parte da rotina produtiva e que o Brasil tem experiências sólidas para compartilhar. “Não posso deixar de ressaltar o que as cooperativas fazem nesse tema. É uma agricultura que produz, preserva e se adapta”, afirmou.
Agricultura tropical e soluções brasileiras
O painel contou com a participação de Romélia Moreira de Souza, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA); Antônio Carlos de Souza Lima Neto, superintendente do Sebrae Goiás; Daniel Trento do Nascimento, chefe da assessoria da Presidência da Embrapa; e Nelson Ananias Filho, coordenador de Sustentabilidade da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Romélia apresentou o papel histórico do IICA no fortalecimento das agendas agrícolas das Américas e o respeito internacional pelo modelo brasileiro de produção. Segundo ela, há crescente interesse externo em entender como o país alia competitividade, diversidade produtiva e práticas de conservação. “Quando viajamos, vemos que o olhar para o Brasil é de respeito e curiosidade. O mundo quer aprender com a agricultura tropical”, afirmou.
Antônio Carlos reforçou a importância da integração entre instituições para levar inovação ao campo, especialmente aos pequenos negócios. Ele apresentou iniciativas do Polo Sebrae Agro, que organiza soluções, capacitações e curadorias
tecnológicas para produtores de todo o país. “Se hoje o Brasil é reconhecido pela sua agropecuária, isso se deve à ciência, à tecnologia e ao esforço conjunto de entidades como Embrapa, CNA, cooperativas e tantos outros parceiros”, disse.
Na mesma linha, Daniel Trento mostrou como a trajetória da agricultura tropical brasileira é marcada pela adaptação, conceito central para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Ele destacou a presença inédita da Agri Zone, vitrine tecnológica criada pela Embrapa, cooperativas e demais entidades, a menos de dois quilômetros da Green Zone. “Ali, sistemas de plantio direto, ILPF, manejo de pastagens e cultivos de baixo carbono são apresentados de forma prática aos visitantes. Com ela, depois de 30 COPs, finalmente conseguimos mostrar presencialmente o que é agricultura tropical. É tecnologia em uso, não apenas discurso”, afirmou.
Sustentabilidade como prática cotidiana
Nelson Ananias reforçou que mais de 90% das propriedades rurais brasileiras são de pequenos e médios produtores e que muitos deles já adotam práticas sustentáveis sem sequer nomeá-las assim. Ele lembrou que o cumprimento do Código Florestal e a adoção de sistemas de baixo carbono fazem parte da rotina produtiva. “O produtor rural protege rios, preserva vegetação e produz alimento. Muitas dessas ações precisam ser reconhecidas e valorizadas”, declarou.
Ao encerrar o painel, Tania chamou atenção para a necessidade de superar a falsa divisão entre pequenos, médios e grandes produtores. “Nossa agricultura é uma só. Todos estão incluídos no propósito de produzir aliado ao de preservar”, afirmou. Segundo ela, o cooperativismo é fundamental para a produção agrícola porque gera escala, renda e acesso a mercados. “Por trás das grandes marcas cooperativas estão pequenos produtores que, sozinhos, jamais chegariam às gôndolas ou ao mercado internacional. A cooperativa transforma essa realidade”
Para a superintendente, a agenda de adaptação precisa avançar com instrumentos de financiamento, políticas públicas, governança e ações que cheguem ao pequeno produtor. “Se queremos escala, precisamos apoiar quem está na ponta. O
cooperativismo tem mostrado que esse caminho é possível, sustentável e inclusivo”, concluiu.
Roberto Rodrigues é homenageado por cooperação Brasil–Japão
A superintendente Tania Zanella também participou da homenagem prestada ao ex-ministro da Agricultura, ex-presidente do Sistema OCB e enviado especial da COP30 para a Agricultura, Roberto Rodrigues, pela Associação de Universidades Amazônicas (Unamaz).
O reconhecimento celebrou sua longa trajetória em defesa do cooperativismo e sua contribuição decisiva para o estreitamento das relações Brasil–Japão, especialmente no desenvolvimento de sistemas agroflorestais sustentáveis. “É uma justa homenagem a quem tanto contribuiu e continua contribuindo para o fortalecimento da nossa agricultura”, afirmou Tania.
Durante a cerimônia, pesquisadores, representantes da comunidade nipo-brasileira e dirigentes da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta) lembraram a influência direta de Rodrigues na consolidação do modelo agroflorestal de Tomé-Açu, referência nacional e internacional em bioeconomia.
Ao receber a homenagem, o ex-ministro agradeceu emocionado, reforçou sua admiração pelo povo japonês e afirmou que seguirá comprometido com o fortalecimento das parcerias que impulsionam o desenvolvimento sustentável da Amazônia.