Cooperativismo celebra reconhecimento da ONU em evento na COP30
Cerimônia reuniu lideranças globais para marcar o Ano Internacional das Cooperativas
O Pavilhão do Coop, na Green Zone da COP30, iniciou essa sexta (14/11) com uma das celebrações mais simbólicas da
agenda internacional do movimento: o encerramento do Ano Internacional das Cooperativas. A cerimônia contou com a participação do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas; do presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Ariel Guarco; do presidente da ACI Américas, José Alves de Souza Neto; do presidente da Frencoop, deputado Arnaldo Jardim; e do enviado especial para Agricultura na COP30, ex-presidente da ACI e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
O presidente Márcio destacou que o reconhecimento da ONU sintetiza décadas de construção coletiva do movimento. “Quando a ONU declara o Ano Internacional das Cooperativas, ela dá visibilidade a algo que nós vivemos todos os dias no território: cooperativa é desenvolvimento local, é oportunidade, é gente prosperando junto. Esse é um modelo que entrega resultados para o país e para o mundo, com responsabilidade ambiental e compromisso social”.
Na sequência, Ariel Guarco, reforçou que o Ano Internacional coloca os olhos do mundo sobre a contribuição concreta das cooperativas para superar desafios globais urgentes. “O cooperativismo já é parte da solução para a transição ecológica, para a redução das desigualdades, para a geração de trabalho digno. Este ano simbólico representa uma oportunidade histórica para afirmar que o movimento está preparado para liderar mudanças estruturais. Somos um modelo que funciona na prática”, declarou.
Representando o continente americado, José Alves ressaltou que as experiências bem-sucedidas da região têm servido de referência internacional. “As Américas demonstram a vitalidade do modelo cooperativo em diferentes setores: da agricultura ao crédito, da saúde à energia. Em muitos territórios, a cooperativa é a principal, e às vezes única, estrutura capaz de gerar renda, organizar a produção e oferecer serviços essenciais à população. Isso mostra o quanto somos estratégicos para o
desenvolvimento sustentável e inclusivo”, afirmou. Ele lembrou ainda que o continente tem um histórico relevante de inovação, governança e participação comunitária.
O deputado Arnaldo Jardim, por sua vez, reforçou o alinhamento crescente entre o movimento cooperativista e a agenda legislativa no Brasil. “O reconhecimento da ONU chega num momento em que avançamos na construção de marcos regulatórios que fortalecem o ambiente de negócios das cooperativas. É um círculo virtuoso: quanto mais o cooperativismo entrega resultados sociais e ambientais, mais o Parlamento reconhece sua importância, criando as condições para ampliar seu impacto”.
Já Roberto Rodrigues reafirmou sua visão histórica sobre o cooperativismo como modelo de sociedade. “Hoje celebramos muito mais do que uma data simbólica. Celebramos um princípio
civilizatório. Se quisermos um mundo mais justo, mais equilibrado e mais sustentável, o caminho passa pela cooperação. O cooperativismo não é apenas uma forma de organizar a economia — é um conjunto de valores que responde às maiores demandas da humanidade”.
Acordos de Cooperação Técnica
O evento também marcou um avanço decisivo na articulação de políticas públicas voltadas ao cooperativismo brasileiro. Quatro Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) foram assinados para fortalecer frentes de atuação em agricultura familiar, bioeconomia, empreendedorismo, inovação e desenvolvimento sustentável. As parcerias incluem ações com a Natura e os ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Memp) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Encerramento
Andrew Allimadi, representante da ONU para o cooperativismo, e Sheeren Zorba, secretária-executiva do Fórum ONU Ciência-Política-Empresas para o Meio Ambiente (UN-SPBF) e chefe da interface entre Ciência, Política e Negócios no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), encerram a cerimônia com mensagens gravadas em vídeo para todos os presentes. Sheeren salientou o papel estrutural das cooperativas na garantia da segurança alimentar e na transição para sistemas alimentares sustentáveis.
Segundo ela, o movimento gera inúmeras contribuições para o desenvolvimento social e econômico. “O cooperativismo organiza agricultores, melhora o acesso a mercados, promove práticas mais sustentáveis e fortalece a economia local. Em muitos países, são as cooperativas que permitem que pequenos produtores permaneçam no campo com dignidade e competitividade”, disse. Para ela, o fortalecimento das organizações coletivas será determinante para enfrentar os impactos das mudanças climáticas sobre a produção de alimentos.
Andrew lembrou que o Ano Internacional das Cooperativas dialoga diretamente com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), além de evidenciar que o modelo cooperativo tem capacidade comprovada de gerar estabilidade econômica, democratizar o acesso a oportunidades e fortalecer a resiliência das comunidades. “As cooperativas demonstram que é possível crescer sem deixar ninguém para trás”, afirmou. O representante concluiu sua fala anunciando que as Nações Unidas anunciaram a intenção de celebrar o Ano Internacional das Cooperativas a cada 10 anos.