Soluções reais para resiliência climática são destaque na Green Zone
Painel mostrou como crédito, seguros, pesquisa e manejo sustentável fortalecem comunidades
O painel O papel do cooperativismo na construção da resiliência climática, realizado no Pavilhão do Coop na Green Zone,
durante o segundo dia da COP30, contou com a presença de diferentes cooperativas, instituições financeiras e representantes do setor de seguros, que apresentaram iniciativas concretas que já estão ajudando comunidades rurais e urbanas a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. A conversa reuniu a Vinícola Aurora, Sicoob Credip, CCPR, Sicredi e Confederação Nacional das seguradoras (CNseg) que apresentaram experiências complementares e ancoradas na mesma lógica: colaboração, inovação e acesso ao conhecimento como base da adaptação.
O encontro foi mediado pelo coordenador de Meio Ambiente, Alex Macedo, que reforçou a importância da articulação entre os setores para que soluções se tornem replicáveis e acessíveis. “Resiliência climática não nasce de ações isoladas. Ela é construída coletivamente, com informação, planejamento e capacidade de mobilizar as comunidades. As cooperativas já trabalham assim há décadas. Isso nos coloca em posição privilegiada para antecipar riscos e proteger quem está na ponta”, afirmou.
Impactos no território
A Vinícola Aurora destacou como o monitoramento climático, a adoção de variedades mais resistentes, o manejo adequado do solo e a disseminação de conhecimento por meio das UDCs vêm ajudando mais de 1.100 famílias a se adaptar aos novos padrões climáticos da Serra Gaúcha. Em 2025, a cooperativa lançou seu primeiro relatório ESG com dupla materialidade, referência no setor vitivinícola.
A CCPR apresentou os resultados das Práticas Nota 10, um programa de certificação de fazendas que organiza processos, reduz impacto ambiental e melhora a eficiência da produção. Cerca de 70% do leite coletado pela cooperativa já vem de fazendas certificadas. No campo, isso se traduz em mais produtividade, menos emissões e leite de melhor qualidade.
A CNseg, representando o setor de seguros, por sua vez, chamou atenção para a lacuna de proteção no país. Mais de 90% das perdas relacionadas a eventos climáticos extremos não são seguradas, onerando famílias e governos. A entidade
defendeu a criação de um Seguro Social de Catástrofe, que permitiria acionamento automático em desastres e pagamento rápido, garantindo retomada mais ágil das comunidades atingidas. Também apresentou seu Hub de Inteligência Climática, focado em análises de risco, impactos socioeconômicos e desenvolvimento de soluções de proteção.
A Sicredi, por sua vez, mostrou como a quantificação de riscos climáticos tem guiado decisões estratégicas. Com uma metodologia implementada em 2024, a instituição consegue avaliar ameaças por cultura, por território e por atividade econômica, permitindo ajustar crédito, ampliar seguros agrícolas, diversificar o portfólio e orientar práticas de adaptação. Segundo a instituição, mais de 16 milhões de ativos de associados já são monitorados pela ferramenta.
Durante o painel também foi apresentado o CarbCafé, iniciativa construída a partir da atuação conjunta de produtores, cooperativas e pesquisa científica, com os resultados mais recentes do trabalho conduzido pela Embrapa em parceria com o Sistema OCB, Sicoob Credip e a Caferon. O relatório mostrou como a cafeicultura das Matas de Rondônia conseguiu aumentar produtividade e gerar saldo ambiental positivo mesmo com forte redução da área cultivada ao longo dos anos.
O estudo revela que o modelo adotado sequestra 6.874 kg de carbono por hectare e emite 2.991 kg, garantindo saldo positivo de 3.883 kg de carbono, e ainda integra 150 famílias de sete etnias, com protagonismo indígena e práticas sustentáveis que preservam a floresta.
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