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Cooperativismo encerra COP30 como força do agro de baixo carbono

Painéis na Green e Agri Zone mostram como unir segurança alimentar e proteção ambiental 

A última programação do cooperativismo na COP30 aconteceu tanto na Green quanto na Agri Zone. O painel Cooperativismo, inovação e baixo carbono – caminhos para a segurança alimentar global evidenciou, com dados, ciência e experiências de campo, que o cooperativismo agropecuário brasileiro está preparado para liderar soluçõesCooperativismo encerra COP30 como força do agro de baixo carbono climáticas e ampliar a segurança alimentar mundial. A mensagem central foi direta: agricultura sustentável, baseada em conhecimento científico e em redes cooperativas, é parte essencial da resposta global à crise climática. 

Na Green Zone, Bazílio Wesz Carloto, presidente da Coopernorte, ilustrou de maneira viva a transformação possível quando produtores se unem e a ciência guia o caminho. Ele relatou a trajetória de Paragominas após o fim do ciclo madeireiro, há quase 30 anos, quando o município enfrentava a estagnação econômica e extensas áreas de pastagens degradadas. “A Coopernorte nasceu em um cenário em que o ciclo da madeira tinha se encerrado, as serrarias estavam fechando e o que se via eram pastos degradados e juquira. Desmatar nunca foi opção. A agricultura só conseguiu se consolidar recuperando esses pastos. O solo a gente constrói com pesquisa, tecnologia e persistência”, afirmou.  

A cooperativa começou com apenas 33 produtores e sem infraestrutura, mas deu um passo decisivo ao chamar a Embrapa para a estrutura, com a doação de área para pesquisa e a criação do Centro de Inovação e Agricultura da Coopernorte (Cica). “Nós precisávamos ser produtivos, rentáveis e sustentáveis. Não adiantava fazer só uma coisa; tudo tinha que andar junto”, contou Bazílio, ao destacar os resultados do Programa CooperMais, que estimula inovação por meio da competição saudável entre produtores e levou a produtividades muito acima da média nacional em áreas antes degradadas. 

 

Inclusão produtiva e desenvolvimento territorial 

Na Agri Zone, experiências da Cocamar e da Coplana, além de depoimentos de representantes da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e Embrapa reforçaram que o modelo cooperativista, ao integrar produtores em redes organizadas e orientadas por governança coletiva, tem uma característica única: ele já nasce voltado à inclusão produtiva, ao desenvolvimento territorial e ao uso responsável dos recursos naturais. “O cooperativismo é um aliado natural da transição Cooperativismo encerra COP30 como força do agro de baixo carbonojusta, porque é construído para promover inclusão social, desenvolvimento local e práticas sustentáveis”, disse o moderador do painel, Daniel Vargas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

A experiência da Cocamar, apresentada pelo presidente do Conselho de Administração, Luiz Lourenço, contou que a cooperativa nasceu na cafeicultura em Maringá (PR) e precisou se reinventar quando o café entrou em crise. “A Cocamar teve origem na cafeicultura, mas quando a atividade entrou em dificuldade, migramos fortemente para a produção de grãos, em um estado que hoje é um dos maiores produtores do país”, explicou. A partir daí, a cooperativa se consolidou como referência em grãos, gás e integração de sistemas produtivos, em um território com altíssimo potencial de intensificação. 

Lourenço também detalhou o papel do plantio direto e da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) na estratégia da cooperativa. “A ILPF é uma intensificação sustentável da terra. Ela recupera pastagens degradadas, melhora a fertilidade do solo, aumenta o bem-estar animal e reduz a pressão pela abertura de novas áreas. É possível aplicar em propriedades pequenas e grandes”, ressaltou.  

Além das práticas de manejo, ele citou ainda políticas e iniciativas estruturantes da sustentabilidade no agro, como o programa de logística reversa de embalagens de defensivos, do qual a Cocamar participou desde o início. Ele lembrou que a recuperação de embalagens, que antes eram descartadas de forma inadequada, se tornou um sistema organizado que recolhe e recicla centenas de milhares de toneladas, dando origem a novos produtos plásticos e evitando emissões adicionais. 

 

Exemplos concretos 

José Antonio Rossato Junior, representante da Coplana, apresentou exemplos concretos do que a cooperativa tem feito para integrar produção de alimento, energia e sustentabilidade. “O mundo quer alimento e quer transição energética. O cooperativismo tem sido protagonista nesta agenda”, afirmou. O modelo que integra cana-de-açúcar, grãos e bioenergia foi um deles. Ele explicou que a região, antes baseada em queima de cana para facilitar o corte manual, migrou para a colheita mecanizada sem fogo, mantendo a palha no solo. “Ao deixar a palha, deixamos de jogar toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera e ainda fixamos carbono no solo”, detalhou.  

A logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas, uma agenda que começou dentro da Coplana e inspirou políticas nacionais foi outro exemplo apresentado por Rossato. “Em 1994, nossa cooperativa participou da criação da primeira central de recebimento de embalagens do Brasil, em uma parceria público-privada que mudou a forma de lidar com esse resíduo no campo”, disse.  

Ele destacou o salto obtido com o Sistema Campo Limpo, que hoje recolhe toneladas de embalagens e já evitou cerca de 1 milhão de toneladas de CO₂ equivalente com a reciclagem e a reutilização de materiais. “Algo que começou como uma solução para um problema local virou referência para a lei de logística reversa e para a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, ressaltou. 

 

Acesso à tecnologia e assistência técnica 

O coordenador de Inteligência Comercial da CNA, Felipe Ody Spaniol, reforçou a importância de democratizar o acesso à tecnologia e à assistência técnica para que a transição de baixo carbono alcance pequenos e médios produtores. “O Senar já levou assistência técnica gratuita a cerca de 500 mil produtores em todo o país, mas precisamos fazer muito mais — e o cooperativismo é decisivo para transformar técnica em solução prática no dia a dia”, destacou.  

Ele lembrou pesquisa da Cecafé que mostra como a cooperação viabiliza a presença de pequenos produtores em mercados exigentes: “Em média, cada contêiner de café exportado para a União Europeia reúne a produção de 140 agricultores, e há casos como o da Cooxupé, com milhares de cooperados participando com pequenas quantidades. Só é possível chegar nesse volume e nessa qualidade porque se trabalha de forma cooperada”.  

Para Spaniol, o modelo cooperativista brasileiro também é exemplo para outros países, sobretudo para a inclusão de milhões de pequenos produtores rurais no mercado internacional e na agenda sustentável. “Não podemos deixar esse debate trancado dentro dos nossos estandes. Precisamos levar essas histórias para os fóruns internacionais, mostrar que o cooperativismo é pilar do sucesso do agro brasileiro e da transição climática”, completou. 

 

Divisor de águas 

Encerrando o painel, Daniel Trento, chefe da Assessoria da Presidência da Embrapa, avaliou que a COP30 marcou um divisor de águas na forma como o agro brasileiro – especialmente o organizado em cooperativas - é percebido nos debates climáticos. Segundo ele, a ciência tropical desenvolvida pela Embrapa e difundida em parceria com o cooperativismo já mostrou capacidade de revolucionar a produção em clima tropical e agora precisa ganhar escala em adaptação climática. “A tecnologia está pronta. O desafio é criar condições para que chegue ao produtor. Ninguém faz essa revolução sozinho: precisamos da integração entre pesquisa, cooperativas, governo e mercado”, afirmou.  

Trento lembrou que a própria criação da Embrapa foi baseada na ideia de adaptação — levar cultivos de clima temperado para o clima tropical. “Se conseguimos adaptar no passado, podemos adaptar agora às mudanças climáticas”, disse, ressaltando que o setor agropecuário é, ao mesmo tempo, um dos mais cobrados e o primeiro a sentir os impactos da crise climática, o que torna ainda mais estratégica a atuação conjunta com o cooperativismo. 

 

 

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