Economista e especialistas destacam força do cooperativismo no Brasil
Palestra e painel reforçam importância do modelo de negócios na economia brasileira
O cooperativismo é uma das principais forças capazes de impulsionar o crescimento do Brasil. Essa foi a mensagem central da palestra magna apresentada por José Roberto Mendonça de Barros, economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, durante o evento SomosCoop + B3 – Uma Celebração do Ano Internacional das Cooperativas.
Com ampla experiência em políticas públicas e no mercado financeiro, Mendonça de Barros traçou um panorama econômico realista e, ao mesmo tempo, otimista, reforçando que o modelo cooperativista reúne os elementos mais importantes para o avanço sustentável da economia brasileira.
“O caminho de liderança do cooperativismo é o que o Brasil precisa para crescer. Ele viabiliza produção, inovação, acesso ao crédito e inclusão produtiva. É essa combinação que pode puxar a economia do país para um novo patamar”, afirmou o economista.
Ele comentou o que chamou de “arraso do PIB” neste ano, citando os impactos de uma safra mais fraca e de um cenário global desafiador. Ainda assim, a MB Associados, consultoria da qual é fundador, projeta um crescimento de 2,2% para o PIB brasileiro em 2025, impulsionado principalmente pelo agronegócio.
Segundo Mendonça de Barros, o setor agropecuário segue como principal motor da atividade econômica — e as cooperativas são protagonistas nesse processo. “O cooperativismo agropecuário lidera esse avanço. São as cooperativas que expandem a produção com escala, tecnologia e eficiência, e que levam crédito onde os grandes bancos não chegam.”
O economista destacou também que o Brasil é o país com as melhores condições para seguir aumentando sua produção de alimentos, com vantagens como clima, solo, tecnologia e uma juventude engajada no campo.
Transformações no agro lideradas pelo coop
“O agro brasileiro vai continuar sendo protagonista, mas é o cooperativismo que garante que esse protagonismo seja inclusivo, moderno e sustentável”, afirmou Mendonça de Barros, ao apontar alguns avanços em curso no setor agropecuário, tais como: expansão da agricultura de precisão e digitalização; avanço na utilização de big data para gestão de riscos e finanças; melhorias nos sistemas integrados de produção (lavoura, pecuária, pastagem); intensificação no uso de bioprodutos e defensivos naturais; e crescimento da agricultura regenerativa, com foco em sustentabilidade.
Mesa-redonda reforça papel das coops no mercado financeiro
Logo após a palestra, o evento seguiu com a mesa-redonda Oportunidades e Desafios para o Modelo de Negócios Cooperativista, que reuniu representantes do cooperativismo, da Comissão de Valores Mobiliados (CVM), da B3 e da Anbima para debater o fortalecimento das cooperativas no mercado de capitais e no financiamento do agro.
Representando o movimento cooperativista, Vladimir Duarte, atual coordenador do GT Executivo do CECO e CEO da Unicred, foi direto ao ponto: “O PIB do Brasil tem sido um sucesso com ajuda direta do cooperativismo. Hoje, cerca de 7% da população brasileira já participa de uma cooperativa de crédito. Somos muito mais do que uma alternativa — somos reguladores do mercado, com práticas sólidas, presença capilar e foco em resultados sustentáveis”.
Fabio Hull, diretor de relacionamento da B3, trouxe dados que comprovam o avanço das cooperativas no mercado financeiro. “A colaboração das cooperativas com a B3 tem sido essencial para consolidar um ambiente de negócios mais transparente e eficiente. Temos mais de R$ 500 milhões em RBDs de cooperativas registradas e mais de R$ 50 bilhões em empréstimos via CPR. São números que refletem uma parceria sólida, construída com proximidade, empenho e confiança mútua.”
Superintendente de Reprsentação da Ambima, Tatiana Matie Itikawa, ressaltou que as cooperativas são um exemplo de como é possível aliar governança, inclusão e resultado financeiro. “O papel do cooperativismo no mercado é fundamental para ampliar o acesso a investimentos com responsabilidade e propósito”, declarou.
Já Bruno de Freitas Gomes, superintendente de agro da CVM, fechou o painel destacando o papel das cooperativas como elo essencial para o financiamento agrícola. “Pelo agro, temos observado com clareza como as cooperativas são fundamentais para fazer o capital chegar na ponta. Elas representam um canal confiável, transparente e em expansão. O avanço regulatório deve acompanhar essa evolução, apoiando um modelo que entrega desenvolvimento local com estrutura e responsabilidade.”
A mesa-redonda reafirmou que o cooperativismo, especialmente nas áreas de crédito e agro, está preparado para integrar-se com força e consistência ao mercado financeiro — sem abrir mão de sua essência baseada na confiança, inclusão e sustentabilidade.