Eficiência ambiental guia expansão da produção de aves e suínos
Em painel na Agri Zone, C.Vale mostra como tecnologia reduz emissões e fortalece mercados globais
O último dia de atividades do cooperativismo na COP30 teve como um de seus focos a sustentabilidade na produção de aves e suínos. O painel A sustentabilidade da produção de aves e suínos no Brasil: respeito ao meio ambiente e o compromisso em atender às demandas globais por alimentos seguros, saudáveis e sustentáveis, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nesta quinta (20), na Agri Zone, contou com a participação da C.Vale, representada por Fernando Varollo, coordenador de produção da cooperativa.
Fernando apresentou dados, cases e práticas que mostram como as cooperativas vêm contribuindo de forma estruturada para uma produção mais eficiente e responsável. Segundo ele, metade da produção de suínos do Paraná, e mais da metade do volume de aves, estão nas mãos de cooperativas. “Isso revela a relevância do movimento no Brasil, que cresce ano após ano e ainda tem enorme potencial de expansão”, afirmou.
Entre os exemplos apresentados, o coordenador destacou a implantação de uma estação de tratamento de água para reuso, que permite à C.Vale reaproveitar cerca de 60 milhões de litros por mês em atividades operacionais. O processo reduz a captação de novas fontes e garante retorno de água tratada ao meio ambiente em padrões de alta qualidade. “Inserir sustentabilidade na tomada de decisão deixou de ser opcional. A gente percebe o impacto direto disso no território, na operação e na eficiência”, acrescentou.
Fernando também apresentou resultados de projetos de geração de energia a partir do biogás das granjas, iniciativa que permite injetar eletricidade na rede em horários estratégicos, reduz emissões e custos operacionais. Outro ponto mencionado foi o aproveitamento integral dos dejetos da produção: mais de 97% do material é destinado à adubação de áreas
agrícolas, o que contribui para fechar ciclos produtivos e fortalecer a economia circular. “Para muitos produtores, o adubo gerado vale mais aplicado na lavoura do que vendido”, explicou.
O nível de integração das etapas produtivas da C.Vale também chamou atenção. Desde a semente que origina a soja, passando pela armazenagem, esmagamento, fabricação de ração, matrizeiros, terminação e abate, até chegar à logística e ao varejo, todas as etapas são controladas pela cooperativa. O resultado é um dos sistemas de rastreabilidade mais completos do país, garantindo segurança alimentar e acesso a mercados exigentes no mundo todo. “Quando a gente fala de rastreabilidade é saber exatamente onde, como e por quem cada lote foi produzido”, completou.
O painel também contou com a participação de Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reforçou o papel do Brasil como potência produtiva sem pressão ambiental. Para ele, o país reúne tecnologia, eficiência e capacidade para ampliar a oferta de alimentos no mundo. “Temos condições de produzir com sustentabilidade e atender uma demanda global crescente, ao mesmo tempo em que enfrentamos o desafio da fome”, argumentou.
Sálvio Silvia, secretário municipal de Produção e Agronegócio de Santa Izabel do Pará, lembrou que a realidade produtiva da região amazônica impõe desafios únicos, sobretudo pela alta proporção de áreas preservadas nas propriedades rurais, muitas delas com mais de 70% de reserva legal. Segundo ele, essa configuração exige que qualquer nova estrutura produtiva respeite rigorosamente a legislação ambiental, já que muitos empreendimentos ficam próximos a cursos d’água que alimentam o rio Guamá.