cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor
NOTÍCIAS EVENTOS

Green Zone: cooperativas mostram força na transição energética justa

Painel na Green Zone mostra como biogás, energia solar e crédito verde reduzem emissões 

O protagonismo do cooperativismo brasileiro na transição energética foi o foco do painel Cooperativas e descarbonização: protagonismo na transição energética justa promovido no Pavilhão do Coop, na Green Zone da COP30 neste sábado (15). O encontro reuniu cooperativas de diferentes regiões do país que apresentaram soluções concretas em energia renovável,Green Zone: cooperativas mostram força na transição energética justa gestão de resíduos, finanças sustentáveis e inovação tecnológica. As falas evidenciaram como o modelo cooperativista já está na linha de frente da agenda climática. 

Mediado por Otávio Balzani, pesquisador da Embrapa, o debate reuniu Alex Macedo, coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB; João Alderi do Prado, presidente da Creral; Milton José Dalmolin, diretor vice-presidente da Coopernova; Volmir Kennedy, diretor da Coopenad e conselheiro do Sicoob São Miguel; e Alexandre Englert Barbosa, diretor executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi. “É muito simbólico ver ciência, tecnologia, cooperativismo e sustentabilidade caminhando juntos, com experiências que saem do piloto e ganham escala, geram renda, qualidade de vida e justiça climática nos territórios”, destacou Balzani. 

Energia própria 

Alex Macedo exibiu um panorama da presença das cooperativas na transição energética. Segundo ele, mais de 20% delas já geram parte da sua própria energia, por meio de empreendimentos de infraestrutura ou a partir do reaproveitamento de resíduos. “Estamos falando de cerca de 906 cooperativas, com 550 MW de potência instalada, o que seria suficiente para atender, em consumo médio, aproximadamente 402 mil pessoas”, explicou.  

Ele lembrou que essa atuação se distribui principalmente entre cooperativas de infraestrutura, mas também em cooperativas de crédito e do agro. O coordenador também abordou soluções estruturadas pelo Sistema OCB, como a Energia Cooperativa, que oferece formação, consultoria in loco e diagnóstico energético para reduzir consumo, custos e emissões, e o Programa Neutralidade de Carbono, que apoia cooperativas na elaboração de inventários de gases de efeito estufa, publicação em registro público, planos de descarbonização e geração de créditos de carbono. “O cooperativismo já é parte Green Zone: cooperativas mostram força na transição energética justada solução e quer ampliar sua contribuição”, declarou. 

Casca de arroz 

João Alderi do Prado detalhou a experiência da Creral, que atua com hidrelétricas, usinas solares e uma termelétrica a casca de arroz no Rio Grande do Sul. A cooperativa já produziu mais de 1,3 milhão de MWh em suas usinas, com destaque para a planta de São Sepé, que utiliza a casca de arroz – antes um resíduo problemático – como fonte energética. A partir da cinza gerada, a Creral desenvolveu uma inovação que permite micronizar casca e cinza para produzir polímeros que substituem plásticos derivados de petróleo e para uso em concreto, em substituição à cinza de carvão mineral.  

“Transformamos um passivo ambiental em energia limpa, produto de alto valor agregado e novas receitas, com potencial de replicação em qualquer região produtora de arroz”, explicou . A experiência rendeu prêmios internacionais de energia limpa e deu origem a parcerias comerciais, inclusive na venda de créditos de carbono e no fornecimento de energia para outras cooperativas de crédito e agropecuárias. 

Usinas fotovoltaicas 

Da Amazônia Legal, Milton José Dalmolin mostrou como a Coopernova, no norte do Mato Grosso, tem usado a energia solar para reduzir custos, apoiar a pecuária leiteira e fortalecer o vínculo com os associados. A cooperativa já instalou cinco usinas fotovoltaicas em diferentes fases, para atender lojas, unidades industriais, estruturas administrativas e, sobretudo, produtores organizados em tanques comunitários de resfriamento de leite. Entre 2022 e 2025, as usinas geraram mais de 1,4 milhão de kWh, com economia superior a R$ 1,6 milhão frente ao valor de mercado, em um investimento de R$ 2,75 milhões e payback médio de cerca de dois anos.  

Dalmolin exemplificou o resultado na ponta: “Um produtor que entrega 15 mil litros de leite por mês viu o custo de energia cair de 10–12 centavos para cerca de 2 centavos por litro. Isso representa mais de R$ 14 mil de economia no ano, dinheiroGreen Zone: cooperativas mostram força na transição energética justa que fica na propriedade e volta para a cooperativa”. Ele ressaltou que a Coopernova financia e instala as usinas, sem exigir investimento direto do cooperado. “Nós trazemos economia, fidelização e tiramos geradores a diesel das propriedades. Quem entra no programa passa a produzir com menos emissão, mais competitividade e mais perspectiva de permanecer no campo”, completou.  

Gestão de resíduos 

O tema da gestão de resíduos e do biogás foi o foco da apresentação de Volmir Kennedy, da Coopenad, cooperativa criada em Salgado Filho (PR) para enfrentar um problema comum às pequenas propriedades com alta concentração de suínos e aves: o destino dos dejetos. A partir da organização de 44 produtores, a cooperativa estruturou uma usina de biogás e uma fábrica de fertilizantes orgânicos e organominerais, capaz de tratar 4,5 milhões de litros de dejetos suínos por mês e cerca de 600 toneladas mensais de cama de aviário. “Tratamos 97% dos dejetos do município e evitamos a emissão de cerca de 7.500 m³ de metano por dia na atmosfera, um gás muito mais agressivo que o CO₂”, destacou.  

Segundo Kennedy, além de resolver problemas de contaminação de solo e água e de odor nas comunidades, o projeto viabilizou a ampliação de novas granjas, reduziu custos com adubação e logística e melhorou a qualidade de vida e as condições para a sucessão familiar. “Individualmente ninguém teria condições de fazer um investimento desse porte, mas juntos os produtores transformaram um problema sério em oportunidade de renda, inovação e desenvolvimento local”. 

Café carbono neutro 

Para encerrar o painel, Alexandre Barbosa detalhou a estratégia de finanças sustentáveis do Sicredi, que combina capilaridade, inovação e acesso a crédito verde para pequenas propriedades e micro e pequenas empresas. Com cerca de 440 bilhões de reais em ativos, 270 bilhões em carteira de crédito, mais de 3 mil pontos de atendimento e 9,7 milhões de associados, o sistema estruturou um framework de finanças sustentáveis que orienta aplicações em agricultura de baixo carbono, energia renovável, produção rural familiar, mulheres empreendedoras e outros segmentos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).  

Barbosa apresentou ainda o caso do Café Carbono Neutro, projeto piloto desenvolvido em Minas Gerais com uma cooperativa de produção e 10 produtores, em uma área de 215 hectares e produção de 6,8 mil sacas de café. A iniciativa combinou financiamento, assistência técnica e certificação de carbono neutro por entidade independente, com práticas como controle biológico de pragas, uso de plantas de cobertura, preservação de mata nativa e energia solar, resultando na redução de 935 toneladas de CO₂ equivalente.  

“Quando conectamos produtor, cooperativa, conhecimento técnico, financiamento e um mercado disposto a pagar por produtos sustentáveis, mostramos que é possível gerar renda e, ao mesmo tempo, reduzir emissões. É assim que o cooperativismo ajuda a transformar a transição energética justa em realidade concreta nos territórios”, concluiu. 

 

Saiba Mais: 

Conteúdos Relacionados

Image
SISTEMA OCB © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.