COP30: lideranças globais destacam força climática do cooperativismo
Painel debateu impactos e soluções práticas adotadas pelo movimento para a sustentabilidade
O painel Cooperativas constroem um mundo melhor: soluções climáticas centradas nas pessoas, realizado nesta sexta-feira (14), no Pavilhão do Coop na Green Zone, reuniu lideranças globais do movimento cooperativista para debater
caminhos concretos para enfrentar a crise climática a partir do território, da inclusão e da democracia econômica. O encontro reuniu representantes de diferentes regiões do mundo e reforçou o cooperativismo como um modelo produtivo que alia eficiência econômica, responsabilidade ambiental e justiça social.
O presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Ariel Guarco, afirmou que a essência do cooperativismo sempre esteve ligada ao uso responsável dos recursos e à vida em comunidade. “Nosso compromisso com a sustentabilidade não começou há 30 anos, como a COP, nem há 25 anos, como a Agenda 2030. É desde sempre. Desde o momento em que decidimos que nossas empresas cooperativas precisavam produzir e consumir de outra maneira, cuidando da saúde do planeta”, resumiu.
O dirigente apresentou a iniciativa Pacto Global para uma Nova Economia, que estabelece a meta de que, até 2035, todas as cooperativas incorporem sustentabilidade ambiental em seus programas e avancem rumo à neutralidade de carbono.
“Quando pensamos coletivamente e focamos no impacto para as próximas gerações, construímos um mundo melhor”,
concluiu.
O presidente da ACI Américas, José Alves de Souza Neto, falou sobre o contexto da Amazônia, território compartilhado por nove países e marcado por potência socioambiental e vulnerabilidades intensificadas pela crise climática. “Não há lugar mais simbólico que Belém, no coração da Amazônia, para falar sobre o papel das cooperativas. Aqui, biodiversidade, cultura e ciência convivem com desafios profundos, e o cooperativismo mostra sua força quando está verdadeiramente enraizado na vida das pessoas”, afirmou.
Para ele, em todo o continente, as cooperativas atuam desde muito antes das exigências regulatórias em práticas de mitigação e adaptação: agricultura regenerativa, manejo sustentável, bioinsumos, geração distribuída renovável, crédito climático, economia circular e gestão de resíduos, entre outras. “A diferença do cooperativismo é clara: não operamos sobre os territórios, operamos a partir deles”.
José Alves também detalhou como cooperativas ajudam a responder às diferentes expressões da crise climática no continente — secas severas, furacões, desertificação, eventos extremos, perda de solos férteis — funcionando como infraestrutura social permanente e resiliente.
Representando os Estados Unidos, Douglas O’Brien, presidente da National Cooperative Business Association (NCBA CLUSA), reforçou com dados e exemplos que as cooperativas são estratégias estruturais para mudanças reais. “Se governos, empresas ou qualquer ator quiser promover mudanças climáticas em grande escala, as cooperativas são a melhor solução”. Ainda de acordo com ele, um terço da população americana é associada a alguma cooperativa e 92% dos condados mais pobres do país são atendidos por cooperativas, locais onde empresas tradicionais não chegam.
Por fim, o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol, reafirmou que as cooperativas da região já implementam práticas de reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, agrofloresta e energia limpa muito antes de esses temas ganharem centralidade nas discussões internacionais. “A COP veio dizer ao mundo algo que já sabemos há muito tempo: o cooperativismo da Amazônia saiu na frente. Temos SAFs consolidados, energia limpa, manejo sustentável e cooperativas que transformam o território com responsabilidade ambiental e dignidade econômica.”