Sistema OCB promove workshop sobre créditos de carbono para coops
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Evento virtual capacita cooperativas para atuarem no mercado de carbono
Com foco em oportunidades reais para o cooperativismo no mercado de carbono, o Sistema OCB realizou, nesta quarta (18), a capacitação virtual Créditos de Carbono no Coop: da originação à comercialização. O evento reuniu técnicos e especialistas em meio ambiente e ESG das Organizações Estaduais (OCEs) e cooperativas, além de representantes das 18 cooperativas que participam da Solução Neutralidade de Carbono. O objetivo foi aprofundar os principais conceitos ligados à pauta da descarbonização e discutir como transformar o conhecimento técnico em estratégias aplicáveis à realidade do setor.
Na abertura do workshop, a Gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, Débora Ingrisano, destacou o momento estratégico vivido pelo movimento cooperativista, em especial com a proximidade da COP30, que será realizada no Brasil. “Quando falamos de sustentabilidade, estamos falando de ESG — que envolve método, comprovação e indicadores. Neste ano, com a COP no Brasil, o foco maior é o ambiental, e é ótimo ver o interesse de vocês nesse tema”, ressaltou.
Débora também chamou atenção para a importância de levar o conhecimento técnico para os dirigentes. “Nosso papel é dar suporte para que o cooperativismo siga forte e sustentável. Há cooperativas que já avançaram muito em relatórios e práticas ESG, mas nosso desafio é fazer com que essa pauta seja de todos. A urgência é hoje: cuidar do planeta, das pessoas e garantir cooperativas vivas, sustentáveis e inovadoras.”
O evento contou com a participação da Líder Global de Soluções de Carbono da Ambipar, Soraya Pires, que apresentou uma visão do mercado de carbono e os desafios para integrar essa agenda ao agro. “Embora o carbono não seja visível como a produção, ele tem um enorme potencial de agregar valor. O Brasil tem tudo para ser referência: tecnologia, território e capacidade. O desafio está em entender toda a cadeia, desde a coleta de dados até o cálculo das emissões e possíveis compensações.”
Para Soraya, a agenda construída de forma conjunta entre cooperativas, entidades de apoio e parceiros técnicos é essencial para gerar resultados concretos. “Essa agenda que construímos juntos agrega valor financeiro, reputação, qualidade e performance. A COP é um ponto de partida importante, mas essa agenda precisa continuar e crescer.”
A visão prática foi reforçada por cooperativas que já estão participando do projeto. Celso Brasil, representante da Copacol, comentou sobre os aprendizados e avanços obtidos com o inventário de emissões. “O apoio das lideranças foi fundamental para engajar todo mundo e facilitar a coleta dos dados, mesmo que muitas informações ainda não estejam organizadas nos sistemas. Agora, nosso foco é identificar oportunidades para reduzir emissões e melhorar nossos processos, sempre alinhados à estratégia da cooperativa”, relatou.
Já Maysse Oliveira, gerente de comunicação e qualidade da Unicred União, descreveu a experiência de implementação do inventário em uma cooperativa de crédito. “Esse tema é muito novo para a gente e, no começo, parecia distante da nossa realidade. Com apoio do Sistema OCB, da Ambipar e da equipe técnica, absorvemos conhecimento e enfrentamos o trabalho intenso que é coletar e organizar os dados. Hoje, nossa meta é reduzir o impacto de carbono e avançar na neutralização”, afirmou.
Maysse ainda destacou o protagonismo da Unicred na pauta ambiental. “Somos a primeira cooperativa singular com selo ouro no registro público, o que fortalece nossa posição e demonstra nosso compromisso com a sustentabilidade. Estamos abertos a trocar experiências com outras cooperativas para acelerar esse movimento”, acrescentou.
Para o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex Macedo, o trabalho iniciado com a Solução Neutralidade de Carbono está ganhando escala e se consolidando como referência no setor. “Começamos esse trabalho em 2022, com um projeto-piloto envolvendo três cooperativas. Realizamos formações técnicas, visitas de campo e apoiamos a elaboração dos inventários tanto das cooperativas quanto dos produtores rurais. Esse processo nos mostrou que é viável e necessário estruturar uma solução coletiva para o cooperativismo”, explicou.
Hoje, a iniciativa reúne 18 cooperativas de oito estados, com faturamento somado superior a R$ 53 bilhões. “Estamos entregando resultados: teremos um relatório consolidado dos inventários dessas cooperativas, um guia metodológico aberto a todo o setor e uma trilha de cursos na CapacitaCoop voltada à descarbonização. Isso demonstra como o cooperativismo está se preparando para liderar esse processo, inclusive com foco na COP30”, destacou Alex.
Ele reforçou ainda que a estratégia vai além do evento global. “A COP é um marco, mas o mais importante é fazer com que a agenda ambiental chegue de fato à ponta, nas cooperativas. Queremos que todas tenham acesso às ferramentas e ao conhecimento necessários para avançar. Nosso papel é justamente esse: apoiar, orientar e criar caminhos para que nenhuma cooperativa fique de fora dessa transformação.”