Infraestrutura
Em seus mais de 80 anos de existência no Brasil, o setor presta serviços de geração e distribuição de energia elétrica, saneamento básico, telecomunicação, construção civil, irrigação e habitação. Inseridas em todos esses segmentos econômicos, as cooperativas de infraestrutura são atores representativos para seus associados e para o meio social em que estão inseridos, contribuindo para o desenvolvimento e a geração de impactos positivos em todas as regiões do país.
Em 2024, o progresso é visto em muitas áreas:
Panorama do Cooperativismo
de Infraestrutura no Brasil
Estado
Região
-
Cooperativas
-
Cooperados
-
Empregados
-
Ingressos
-
Ativos
-
Sobras
Dados
Segmentação do Ramo Infraestrutura
Pluralidade é palavra de ordem quando se fala em cooperativismo de infraestrutura. Atualmente, o ramo é composto por quatro segmentos consolidados: energia, irrigação, água e saneamento, e construção civil (habitacional e comercial). Em breve, telecomunicações será oficialmente incorporado como um novo segmento, à medida que for regulamentada a atuação das cooperativas nesse setor, o que representa um avanço importante para a conectividade em áreas rurais e isoladas do país.
Distribuição das cooperativas nos segmentos
Segmento Energia
Dentro do segmento de energia, existem três tipos de cooperativas, com funções e modelos de atuação distintos
Cooperativas de Distribuição de Energia Elétrica
Responsáveis pela entrega da energia elétrica diretamente aos consumidores em áreas onde, muitas vezes, outros agentes não atuam. Essas cooperativas detêm os ativos de distribuição, ou seja, são proprietárias das instalações elétricas necessárias para levar a energia até os consumidores finais, como redes, transformadores e postes. Atualmente, operam em regimes diferentes de prestação do serviço, conforme a autorização do poder público:
- Concessionárias: atuam com base em contrato de concessão;
- Permissionárias: operam por meio de contrato de permissão;
- Autorizadas: funcionam com base em autorização específica da ANEEL e são classificadas como grandes consumidoras de energia elétrica, adotando um modelo diferenciado para atender os seus cooperados, especialmente em áreas rurais.
Cooperativas de Geração de Energia Elétrica para Venda
Constroem e operam suas próprias usinas de geração, com foco na comercialização da energia produzida no mercado livre de energia.
Cooperativas de Geração Distribuída (GD)
Também conhecidas como cooperativas de geração para consumo, atuam principalmente no modelo de geração compartilhada, voltado ao atendimento do consumo próprio dos cooperados no mercado cativo. Nesses casos, as cooperativas possuem ou alugam usinas de geração, geralmente com fontes renováveis, e compartilham os créditos de energia gerados entre seus cooperados por meio do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE).
Segmento Água e saneamento
No segmento de água e saneamento, a atuação das cooperativas ainda é bastante pontual, com experiências localizadas em algumas regiões do país. Essas cooperativas atuam, de forma restrita, na gestão de sistemas simplificados de abastecimento de água e esgotamento sanitário, principalmente em comunidades rurais
Segmento Habitacional
As cooperativas habitacionais, por sua vez, atuam de forma coletiva na organização de seus cooperados para viabilizar o acesso à moradia digna, com custos mais acessíveis e maior controle sobre o processo construtivo. Além das residências, também podem desenvolver projetos voltados a espaços comerciais e comunitários, contribuindo para a estruturação urbana e a melhoria da qualidade de vida das comunidades. Dessa forma, essas cooperativas desempenham um papel estratégico na redução do déficit habitacional e no fortalecimento do tecido social das regiões onde estão presentes
Indicadores Financeiros
Quando nem o poder público nem outras organizações se interessavam em levar luz ao interior do país, foram as cooperativas de infraestrutura que permitiram a troca de lampiões e lamparinas pela eletricidade. De grande impacto social e econômico, essas cooperativas são responsáveis por distribuir e gerar energia elétrica, além de fornecer telecomunicação a mais de 800 municípios, geralmente no interior do país, em pequenas comunidades rurais. Prestando diferentes serviços aos seus cooperados, o Ramo Infraestrutura é fundamental para garantir o desenvolvimento de diversas regiões do Brasil.
Em 2023, os indicadores financeiros do cooperativismo de infraestrutura são mais uma prova da relevância do Ramo para o país:
Indicadores financeiros do cooperativismo Infraestrutura
Em 2023, os resultados alcançados pelas cooperativas de infraestrutura também voltam para a sociedade na forma de mais desenvolvimento e qualidade de vida.
R$ 346,39 milhões
investidos em salários e
benefícios aos seus funcionários
Intercooperação
é Negócio
Intercooperar não é só um princípio do cooperativismo, é também uma forma inteligente e eficiente de fazer negócios com foco em mais cooperação e menos competição. Essa estratégia de mercado ocorre por meio de parcerias e negociações entre duas ou mais cooperativas, do mesmo ramo ou de ramos diferentes, que firmam acordos comerciais, de prestação de serviços, de cooperação técnica ou financeira. Assim essas ações conjuntas de cooperação e intercooperação podem ser o ponto de virada para gerar prosperidade, principalmente em momentos de adversidade e recuperação da sociedade frente aos efeitos da crise sanitária mundial que permeou a vida das pessoas nos últimos anos.
Em 2023, os indicadores financeiros do cooperativismo de infraestrutura são mais uma prova da relevância do Ramo para o país:
54%
das Cooperativas de Infraestrutura fizeram negócios com
Cooperativas de Crédito
4%
das Cooperativas de Infraestrutura adquiriram produtos de
Cooperativas de Trabalho
3%
das Cooperativas de Infraestrutura fizeram negócios com Cooperativas Agropecuárias
29%
das Cooperativas de Infraestrutura utilizaram planos de saúde de
Cooperativas de Saúde
Dados
complementares
Em 2024, as cooperativas de distribuição de energia mantiveram seu compromisso com a oferta de energia elétrica de qualidade e com tarifas justas:
800 mil estabelecimentos rurais
8 estados brasileiros
800 Municípios
3,5 milhões de brasileiros atendidos
Essas cooperativas operam uma infraestrutura robusta garantindo o fornecimento de energia mesmo em regiões de baixa densidade populacional.
Classificação das Cooperativas:
- Autorizadas - 14
- Permissionárias - 52
- Concessionárias - 1
Em 2024, 47 cooperativas de distribuição realizaram a compra de energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL), totalizando um volume contratado de aproximadamente 5 bilhões de kWh (Energia suficiente para atender 1,7 milhão de residências). Essa contratação permitiu uma economia média de 20% nas tarifas pagas pelos cooperados, contribuindo para a previsibilidade de custos e maior competitividade no atendimento.
A atuação do cooperativismo no setor elétrico também tem se expandido para a geração de energia com foco na comercialização no mercado livre. As cooperativas de geração para a venda são responsáveis por empreendimentos de pequeno e médio porte, voltados à produção de energia elétrica para negociação no Ambiente de Contratação Livre (ACL), seja por meio de comercializadoras próprias ou por meio de contratos bilaterais com consumidores e empresas.
Atualmente, são 73 usinas em operação sob responsabilidade de cooperativas, somando mais de 385 MW de potência instalada, provenientes de fontes renováveis e sustentáveis, como hidráulica, solar fotovoltaica e biomassa. A distribuição por tipo de usina é:
22 CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas)
34 PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas)
16 UFVs (Usinas Fotovoltaicas)
1 UTE (Usina Termelétrica a biomassa)
Muitas dessas usinas são fruto de iniciativas de intercooperação, em que cooperativas se unem para viabilizar empreendimentos conjuntos, compartilhando investimentos, riscos e resultados — fortalecendo a atuação coletiva no setor elétrico.
Essas usinas geraram, ao longo de 2024, aproximadamente 1,67 bilhão kWh de energia elétrica, quantidade suficiente para atender cerca de 560.000 unidades consumidoras.
Do total de 72 usinas atualmente em operação, 6 entraram em operação ao longo de 2024, demonstrando o dinamismo do cooperativismo e a expansão da atuação das cooperativas no mercado livre. O crescimento reflete a estratégia contínua de investimento em novos empreendimentos de geração, reforçando o compromisso das cooperativas com a transição energética, a diversificação da matriz e o fortalecimento de modelos sustentáveis e coletivos no setor elétrico.
Essas novas unidades acrescentaram cerca de 10% à potência instalada em comparação a 2023, totalizando 385 MW. Para 2025, estima-se a entrada em operação de 5 novas usinas, com expectativa de ampliar ainda mais a capacidade instalada e consolidar a presença das cooperativas no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
O conjunto dessas usinas representa um investimento total de aproximadamente R$ 2 bilhões, com destaque para o protagonismo dos cooperados na estruturação dos empreendimentos e a utilização de mecanismos de financiamento coletivo e parcerias institucionais.
A operação com fontes renováveis também gera impactos ambientais positivos e mensuráveis. Em 2024, a energia gerada pelas cooperativas evitou a emissão de aproximadamente um milhão de toneladas de CO₂, contribuindo diretamente para a descarbonização da matriz elétrica nacional. Esse volume de emissões evitadas equivale, por exemplo, à compensação anual de carbono de uma área florestal preservada de aproximadamente 150 mil hectares (Representa quase 0,5% da Floresta Amazônia).
Além disso, as cooperativas geradoras investem em programas socioambientais associados aos seus empreendimentos, com destaque para ações como a proteção de aproximadamente 123 nascentes, a recomposição de 18 hectares de áreas de preservação permanente com o plantio de mais de 35 mil mudas nativas, e a realização de mais de 370 atividades de educação ambiental, que impactaram cerca de 18 mil pessoas ao longo de 2024.
Somadas as usinas próprias das cooperativas existem outras 13 Usinas Hidrelétricas construídas em consorcio entre as cooperativas, com potência total instalada de 100MW.
O Sistema OCB realiza o mapeamento das cooperativas que atuam com Geração Distribuída (GD) no país. A partir do cruzamento de dados internos com informações disponibilizadas pela ANEEL, foi possível identificar, em 2024, um total de 89 cooperativas de GD responsáveis por 2.891 empreendimentos. Em relação a 2023, isso representa um aumento de 10 cooperativas e de 1.064 empreendimentos, resultando em um crescimento de 67,74% na potência instalada, que alcançou 37,2 MW ao longo do ano.
Indicadores de qualidade
Anualmente a Agência Nacional de Energia Elétrica, faz pesquisa sobre a qualidade e a satisfação dos consumidores, sobre a energia elétrica distribuída pelas empresas (concessionárias e cooperativas) e distingui o Prêmio IASC que é o Índice Aneel de Satisfação dos Consumidores.
Desde o ano 2014, quando a ANEEL inclui as cooperativas nesta pesquisa (IASC), das 103 empresas de distribuição de energia elétrica brasileiras, sendo 52 cooperativas, as cooperativas sempre estiveram entre as 20 melhores empresas do Brasil.
No ano de 2024 o índice médio de satisfação dos consumidores das cooperativas permissionárias foi de 66,67%, enquanto o índice médio nas concessionárias foi de 59,69. Sendo que o índice máximo das cooperativas atingiu 82,34%.
Desafios e
Oportunidades
Com foco em soluções sustentáveis e coletivas, o cooperativismo tem ampliado sua atuação em áreas fundamentais da infraestrutura nacional, com destaque para os segmentos de energia e, mais recentemente, telecomunicações. Este último, embora ainda não esteja formalmente constituído como um ramo reconhecido no sistema cooperativista, já se apresenta como uma promissora oportunidade de atuação.
No setor de telecomunicações, existem iniciativas dentro do ramo infraestrutura, especialmente no Rio Grande do Sul, onde três cooperativas operam empresas limitadas prestadoras de serviços de telecomunicações, atendendo juntas mais de 74 mil usuários. Esse modelo, ainda em construção, tem como principal característica a priorização do atendimento em áreas rurais, garantindo acesso à conectividade em localidades remotas e contribuindo para a inclusão digital, o desenvolvimento local, a produtividade no campo e a qualidade de vida das comunidades atendidas.
Nesse cenário, a formalização do cooperativismo de telecom configura-se como uma oportunidade. No entanto, o principal desafio para sua consolidação está na aprovação do Projeto de Lei nº 1.303/2022, que reconhece as cooperativas como prestadoras legítimas de serviços de telecomunicações. O Sistema OCB tem atuado de forma ativa no Congresso Nacional para garantir o avanço da proposta e destravar esse novo espaço de atuação para o setor.
No setor de energia, o ponto central da transformação no ambiente regulatório é a abertura total do mercado livre de energia a partir de dezembro de 2027. Essa mudança representa desafios e oportunidades relevantes para as cooperativas de infraestrutura, especialmente para as distribuidoras de energia. Por um lado, haverá maior concorrência, exigindo eficiência, fidelização e capacidade de oferecer valor agregado aos cooperados. Por outro, a nova configuração de mercado abre espaço para que essas cooperativas diversifiquem seus serviços, atuem como representantes de seus cooperados no Ambiente de Contratação Livre (ACL) e explorem novos modelos de negócios.
As cooperativas já estão atentas a esse novo cenário. Algumas vêm se antecipando ao processo: atualmente, três cooperativas do ramo infraestrutura e duas do ramo agropecuário já possuem suas próprias comercializadoras de energia, atuando diretamente no mercado livre. Além disso, a INFRACOOP está conduzindo um estudo, com apoio do Convênio Sescoop Nacional, em parceria com quatro cooperativas permissionárias de distribuição de energia, para entender o comportamento dos cooperados diante da abertura do mercado livre para consumidores de baixa tensão. A iniciativa busca subsidiar estratégias futuras de atuação e fidelização das cooperativas nesse novo ambiente competitivo.
No segmento da geração de energia para comercialização, a abertura do mercado livre amplia significativamente o leque de consumidores passíveis de migração, criando um ambiente mais favorável para que cooperativas expandam sua atuação como fornecedoras de energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Por fim, as cooperativas de geração distribuída também enfrentam um novo contexto. A abertura do mercado pode representar o risco de perda de consumidores, que migrarão para o ACL em busca de condições mais vantajosas. Contudo, esse movimento também pode ser visto como uma oportunidade para essas cooperativas se reposicionarem: oferecendo novos serviços, suporte técnico e soluções personalizadas, além de fortalecerem suas estratégias de fidelização, relacionamento com o cooperado e diferenciação no atendimento.
Além de também enfrentarem esses desafios, as cooperativas autorizadas de distribuição lidam com entraves regulatórios, resultado da ausência de atualizações normativas compatíveis com a evolução do modelo cooperativista no setor elétrico — tema que vem sendo permanentemente pautado pelo Sistema OCB junto aos órgãos competentes.
Diante desses cenários, fica evidente que o cooperativismo de infraestrutura está em um momento de mudanças. Cabe ao movimento cooperativista manter-se ativo, inovador e estrategicamente posicionado para transformar desafios regulatórios e de mercado em oportunidades de crescimento, fortalecimento institucional e geração de valor para os cooperados e para a sociedade.